Ibovespa bate 159 mil pontos em meio à corrida por dividendos e força de blue chips

Fonte: Shutterstock/FeLopes

O Ibovespa encerrou a sexta-feira (28) em alta de 0,45%, aos 159.072 pontos, fechando novembro como o melhor mês de 2025 e alcançando um novo recorde histórico, ao superar pela primeira vez a marca dos 159 mil pontos. O movimento foi sustentado pelo desempenho positivo de grandes pesos do índice, como Vale e Itaú, que avançaram após divulgarem pacotes bilionários de proventos em um momento em que diversas companhias correm para antecipar o pagamento de dividendos antes da entrada em vigor da nova tributação prevista para 2026.

A mudança nas regras do Imposto de Renda, que voltará a tributar lucros e dividendos a partir de janeiro com alíquota de 10% para valores anuais acima de R$ 50 mil, desencadeou uma onda de anúncios de distribuição ainda dentro de 2025. Itaú, Vale e Axia Energia lideraram esse movimento, garantindo o benefício fiscal aos acionistas e reforçando a atratividade de curto prazo de seus papéis. O Itaú (ITUB4) aprovou um total de R$ 23,4 bilhões e subiu 2,28% no dia, enquanto a Vale (VALE3) confirmou R$ 15,3 bilhões em proventos, além de um pacote extraordinário que eleva o total distribuído no ano para R$ 7,62 por ação, e avançou 1,61% no pregão.

Se por um lado essas empresas ajudaram a impulsionar o índice, por outro o desempenho da Petrobras (PETR4) caminhou na direção oposta. As ações da estatal recuaram 1,88%, limitando o avanço do Ibovespa, após a divulgação do Plano de Negócios 2026–2030, que trouxe frustrações ao mercado. O documento prevê investimentos totais de US$ 109 bilhões, ligeiramente abaixo do plano anterior, e projeta premissas macroeconômicas consideradas agressivas por analistas, como petróleo Brent a US$ 70 e câmbio a R$ 5,80 nos próximos anos. Além disso, o plano não menciona dividendos extraordinários e indica maior seletividade na aprovação de projetos, refletindo o momento de queda do barril e a necessidade de disciplina financeira. Essas sinalizações reduziram o apetite dos investidores.

No ambiente macroeconômico, o destaque foi a taxa de desemprego, que recuou para 5,4% no trimestre encerrado em outubro, o menor nível desde o início da série histórica do IBGE em 2012. O dado reforça a resiliência do mercado de trabalho brasileiro, mas também acende alerta ao Banco Central, já que a força do emprego pode manter pressões inflacionárias em um cenário de Selic no maior patamar em quase duas décadas. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, voltou a afirmar que o desaquecimento da economia tem sido “lento e gradual”, deixando em aberto o início do ciclo de cortes de juros , possivelmente entre janeiro e março de 2026.

No noticiário corporativo, a Fleury (FLRY3) anunciou R$ 490 milhões em proventos distribuídos entre JCP e dividendos, com pagamentos programados até 2027. A notícia impulsionou a ação, que subiu 2,62%. A MRV (MRVE3) também teve um pregão positivo, avançando 3,33%, beneficiada pela expectativa de juros mais baixos em 2026 e pela melhora operacional recente, especialmente com a retomada da Resia nos EUA.

Já o Assaí (ASAI3) voltou a registrar forte volatilidade após a revelação de que os irmãos Muffato adquiriram 10,3% da companhia. Mesmo com a indicação de que o investimento é de caráter financeiro e sem intenção de assumir controle, o mercado reagiu com cautela. As ações caíram 6,06%, movimento intensificado pelo rebaixamento de recomendação do Citi.

Outras companhias enfrentaram um cenário adverso, como a Hapvida (HAPV3), que segue pressionada pelos resultados fracos do terceiro trimestre e pela piora de indicadores operacionais. A ação recuou 6,00% no dia. Por fim, a Engie Brasil (EGIE3) anunciou o início da operação de um trecho relevante do Sistema Asa Branca, reforçando sua estratégia de expansão em transmissão. Ainda assim, o papel caiu 3,40%, refletindo projeções mais negativas para o setor de energia renovável, especialmente diante da expectativa de aumento do curtailment nos próximos anos.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Natura (NATU3): +4,54%

• MRV (MRVE3): +3,33%

• Yduqs (YDUQ3): +2,79%

• Cyrela (CYRE3): +2,76%

• Fleury (FLRY3): +2,62%


Baixas

• Assaí (ASAI3): -6,06%

• Hapvida (HAPV3): -6,00%

• C&A Modas (CEAB3): -5,03%

• Engie (EGIE3): -3,40%

• Petrobras (PETR3): -2,46%


Confira a evolução do IBOV no fechamento de hoje (28/11):

• Segunda-Feira (24): +0,33%

• Terça-Feira (25): +0,41%

• Quarta-Feira (26): +1,70%

• Quinta-Feira (27): -0,12%

• Sexta-Feira (28): +0,33%

• Na semana: +2,78%

• Em novembro: +6,37%

• No 4°tri./25: +8,78%

• Em 12 meses: +27,65%

• Em 2025: +32,25%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em alta:

• Dow Jones: +0,61%

• Nasdaq: +0,65%

• S&P 500: +0,54%


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