Após muitas expectativas, o processo de atualização da blockchain Ethereum (ETH) foi concluído com sucesso na madrugada desta quinta-feira (15), pelo horário de Brasília. A partir de agora, a rede passa a ser validada por um sistema muito menos danoso ao meio ambiente e que também contribui para a deflação da cripto.
O ETH chegou a subir 3,5% após o término da transação, mas passou a operar alternando perdas e ganhos. Por volta das 10h, o ETH registrava queda de 0,55%, negociado a US$ 1.600, conforme dados da Binance disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Bitcoin (BTC) também tinha recuo de 0,1%, vendido a US$ 20.266.
Após valorizar cerca de 60% desde o fundo do poço, em junho, a segunda maior cripto do mercado perdeu fôlego, e já na véspera da fusão (the merge, em inglês) estava no campo negativo após a forte antecipação de lucro de parte dos investidores.
O mercado também acompanha as recentes transições bilionárias de Ethereum para carteiras de exchanges. Alex Svanevik, CEO da Nansen, plataforma de análise cripto, publicou mais cedo no Twitter que apenas duas transações depositaram mais de US$ 1,2 bilhão em ETH nesta madrugada.
Huge inflow to exchanges coming from:
1) Nexo: 450,000 ETH to Binance.
2) Multisig owner: 288,442 ETH to Bitfinex.
That’s $1.2B in two transactions 👀 pic.twitter.com/UMOAh0mXmK
— Alex Svanevik 🐧 (@ASvanevik) September 15, 2022
Geralmente, a transferência de ativos para exchanges sinaliza a intenção de venda, o que gera apreensão no mercado por uma possível inundação de tokens, tendendo a levar os preços para baixo.
O otimismo com a fusão também é ofuscado pela onda de mau humor gerada pelo cenário macroeconômico após dados da inflação americana divulgados nesta semana virem acima do esperado pelos analistas.
“O desempenho do mercado cripto deve continuar acompanhando o que está acontecendo nos mercados globais, o que de forma alguma tira a representatividade do evento histórico que aconteceu nesta madrugada na Ethereum”, afirma Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset Management.
Otimismo no médio e longo prazo
Apesar da volatilidade registrada nas primeiras horas pós-atualização, as visões de médio e longo prazo convergem para uma valorização significativa do token com a expectativa de entrada de novos investidores institucionais e o processo de deflação da cripto.
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A atualização da Ethereum muda a forma de validação dos blocos minerados na blockchain. O sistema atual, chamado de prova de trabalho (PoW), será substituído pelo modelo de prova de participação (PoS).
No PoW, novas unidades de Ether (ETH) são validadas na rede por meio do uso massivo de computadores para a realização de contas que garantam que aquele token é real.
Este processo, que é igual ao usado para a mineração do Bitcoin, é cercado de críticas por demandar máquinas potentes e o consumo excessivo de energia elétrica – ou seja, é mais danoso ao meio ambiente.
Já o PoS funciona como uma forma de “caução” dos usuários. O investidor precisa depositar 32 unidades de Ether para fazer parte do processo de validação. O valor é colocado como uma garantia para que o processo seja feito de forma correta, sendo confiscado do usuário caso ele seja flagrado fazendo alguma operação irregular.
Com um novo rótulo de “investimento limpo”, a expectativa é que a moeda digital tenha acesso a fundos de investimentos, bancos e empresas que priorizam os seus aportes em ativos que respeitem a agenda ESG, sigla em inglês para meio ambiente, social e governança.
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Além da questão ambiental, a novo modelo tende a diminuir a inflação de Ethereum no mercado. Como o processo de prova de trabalho é mais caro, cada validador recebe duas unidades do token para cada bloco verificado. No novo modelo, o pagamento cai para próximo de uma fração de 0,2 de ETH.
“O valor do Ether vai ser destravado daqui para frente pela retirada de liquidez e diminuição na emissão. O que a gente espera para hoje é a recuperação para os ativos, mas precisa-se que o mercado macro não responda de maneira negativa e isso deixe o caminho livre para o preço do Ether deslanchar”, diz André Franco, head de research do Mercado Bitcoin.