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Nem toda cripto derreteu em 2022: conheça as stablecoins, e veja quais são as mais seguras

Criptoativos centralizaram discussões no mercado após colapso da blockchain da Terra; entender os tipos diminui chance de prejuízos, dizem especialistas

Foto: Shutterstock

As stablecoins foram desenvolvidas como alternativa à alta volatilidade inerente às criptomoedas. Os ativos viraram o foco da atenção do mercado e de autoridades nos últimos meses após os prejuízos bilionários causados pelo colapso da blockchain da Luna Foundation, responsável pela Terra (LUNA) e TerraUSD (UST).

Os investimentos na categoria ganharam atratividade extra com a forte queda do mercado cripto como um todo neste ano. Como os tokens estão atrelados a “moedas reais”, ficaram blindados das fortes perdas geradas pelo cenário global e os riscos de insolvência de grandes empresas do mercado criptografado.

O Bitcoin (BTC) perdeu quase de 60% do seu valor neste ano, saindo da casa de US$ 46,8 mil em janeiro para o atual patamar de US$ 20 mil. Já o Ethereum (ETH), segunda maior cripto em capitalização, desabou quase 70%.

As stablecoins atreladas ao dólar, no entanto, sofreram bem menos. Como precisam manter a paridade com a moeda americana, caíram muito menos. Em comparação ao real, por exemplo, sofreram desvalorização de 3% em 2022.

Como o próprio nome indica, stablecoins têm a premissa de serem moedas estáveis. Os primeiros projetos, e os que se consolidaram entre os mais populares, eram de fato mais estáveis pelo seu lastro em ativos reais, principalmente moedas, como dólar ou euro, e commodities.

Logo surgiram outros protocolos mais inovadores e arriscados que exploravam outros ativos para garantir o peso da moeda digital. Primeiro, vieram as stablecoins lastreadas em criptos mais sólidas, principalmente o Bitcoin e o Ethereum.

A evolução tecnológica levou à criação de novas moedas pareadas em ativos virtuais através de cotações baseadas em algoritmos e contratos inteligentes. Apesar de ainda carregar o título de stablecoin, o sistema é bastante questionado por brechas que podem levar a instabilidades.

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Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, compara o uso das stablecoins a um serviço que ganhou os corações e contas dos brasileiros nos últimos anos: o sistema de pagamentos Pix.

“É algo barato e rápido, mas não é assim no mundo inteiro, e as stablecoins são como o equivalente. Ao invés de movimentar dólar de um lado e para o outro, dá para mandar uma criptomoeda que representa esse dólar”, exemplifica.

Diferentes tipos de stablecoins

As stablecoins lastreadas em moedas emitidas por autoridades monetárias ou commodities são as mais populares e apontadas por analistas como realmente moedas estáveis. De forma simplificada, para cada token digital criado, uma unidade de moeda “de verdade” é depositada em um fundo. No caminho oposto, quando há a venda da stablecoin, a mesma quantia é retirada desta conta.

Nesse quadro, o Tether (USDT) e o USD Coin (USDC) dominam largamente o mercado. Somadas, as duas criptos possuem mais de US$ 121 bilhões em capitalização, ou 79% do montante de US$ 153 bilhões de todo o mercado de stablecoins, conforme a plataforma de dados CoinMarketCap.

Não levou muito tempo para que outras formas de lastro fossem exploradas. Buscando um sistema mais independente, empresas lançaram protocolos com lastros em outras criptomoedas.

Este sistema misto é conhecido como “sobrecolaterização”, por haver um maior aporte do cripto usado como lastro do que de stablecoins disponíveis. É como se para cada unidade da moeda houvesse 1,5 de lastro equivalente. Esse “extra” garante que determinados solavancos na cripto usada como base não irá impactar em cheio o sistema.

A DAI é o principal exemplo deste segmento, apesar de também possuir parte do seu lastro baseado em dólares.

Há ainda um terceiro tipo, as stablecoins algorítmicas. Neste protocolo, a paridade da moeda é garantida através de um sistema de correlação com outra cripto integrante da mesma cadeia de blockchain. Essa mecânica complexa e baseada em contratos inteligentes é o meio sucessível a riscos.

O reflexo que a perda de estabilidade de uma stablecoin pode gerar foi testemunhada pelo mercado nas últimas semanas. O colapso da Luna Foundation, responsável pelo sistema da altcoin Terra e da stablecoin UST foi um alerta importante aos investidores e às instituições que controlam a blockchain sobre os riscos.

Força da queda pegou mercado de surpresa

A derrocada do sistema organizado pela Luna Foundation foi causado por uma brecha em meio ao complexo sistema de correlação. Para chamar a atenção dos investidores, a Anchor Protocol, uma base descentralizada mantida pela organização, oferecia 20% de rentabilidade através do skating – uma forma de renda passiva onde os investidores “emprestam” o valor para a blockchain.

A estratégia deu certo, e a UST e a Terra se tornaram alvo de milhares de investidores e foram alçadas para a parte de cima das moedas mais capitalizadas, até o dia 7 de maio.

Naquele sábado, uma retirada massiva de UST do mercado desestabilizou a cotação, levando a paridade para abaixo de US$ 1 por algumas horas. A percepção de que havia algo de errado levou a uma debandada de investidores, afastando ainda mais a paridade com o dólar.

Conforme os especialistas, as fragilidades do sistema já haviam sido apontadas antes do crash, mas poucos acreditavam na magnitude que as coisas tomariam.

“Se imaginava que poderia perder a paridade, e talvez uma correção de 80% para que depois ela se estabilizasse. Mas não foi o que aconteceu”, afirma Felipe Medeiros, analista e sócio da Quantzed Criptos.

Para Tota, do Mercado Bitcoin, um dos vetores para o tamanho do estrago foi a quantidade de investidores que apostavam na blockchain, apesar de o sistema ainda ser bastante recente.

“É o efeito de um ambiente em construção que cresceu muito rápido. Havia dúvidas, mas pouca gente parou para de fato entender”, diz.

É seguro investir?

O colapso da Terra coincidiu com um momento de forte aversão ao risco nos mercados globais pelo aumento dos juros nos Estados Unidos e a elevação dos níveis de insegurança pela guerra na Europa e a Covid-19 na China.

Para os especialistas, apesar do susto e dos prejuízos bilionários, não há razão para a ampliação da fuga de investidores deste mercado, desde que se busque por opções menos expostas aos riscos.

“Na teoria, as stablecoins de maior escala não oferecem riscos ao mercado”, diz Medeiros chamando a atenção para os momentos de instabilidade enfrentado por outras moedas estáveis após os impactos do crash. “Quando se faz uma análise, se percebe que eram pessoas físicas vendendo pelo medo.”

Para Tota, “não há motivos para pânico”, já que o colapso faz parte do jogo e os riscos são indissociáveis de um ambiente em constante expansão. “O prêmio de risco está onde tem desenvolvimento”, afirma.

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