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Criptomoeda Terra derrete 90% e derruba criptos; Bitcoin ameaça perder suporte de US$ 30 mil

Fuga de investidores aumenta com a perda de confiança de recuperação da altcoin e BTC renova a menor cotação em 2022

Foto: Shutterstock

A fuga de investidores da criptomoeda Terra (LUNA) se intensificou durante a madrugada e derruba o mercado de cripto nesta quarta-feira (11). O movimento faz o Bitcoin (BTC) renovar a mínima do ano e recuar ao menor patamar desde julho do ano passado.

Por volta das 17h55 (de Brasília), o maior ativo digital em capitalização registrava queda de 7,21% em 24 horas, cotado a US$ 30.453, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

Na mínima do dia, o BTC chegou a US$ 30.404. Para analistas, caso o ativo perca a resistência dos US$ 30 mil, a próxima parada será em torno de US$ 28 mil, ou, em um cenário mais pessimista, US$ 20 mil.

A crise nos protocolos da LUNA, desencadeada pela perda de paridade da cripto-irmã TerraUSD (UST), chega ao terceiro dia sem sinal de arrefecimento, a despeito dos esforços dos controladores em injetar recursos no mercado e afirmar que a situação será contornada.

Na mesma hora, a LUNA registrava queda de 95,23%, a US$ 1,15 enquanto a paridade do UST era de US$ 0,68, conforme a CoinMarketCap.

O ativo perdeu 80% de sua capitalização e foi rebaixado para a 41ª posição no ranking de criptos — até semana passada, estava entre as dez principais.

Entenda o colapso da Terra

O colapso da Terra tem origem no complexo sistema de blockchain da Terraform Labs — responsável pelos ativos —, que cria uma correlação inversa de preços entre altcoin Terra e a stablecoin UST.

Stablecoins, ou “moedas estáveis”, são ativos criptografados que buscam lastros em ativos do “mundo real” (moedas, ouro, commodities). Elas tendem a não mostrar tanta volatilidade quanto outras criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum (ETH).

Em alguns dos exemplos mais famosos, o USD Coins (USDC) e o Tether (USDT) usam reservas em dólar para manter a sua paridade em 1:1.

O UST, porém, é baseado em um sistema de algoritmos que busca a sua paridade com a cripto-irmã Terra. Em suma, quando um UST é emitido, a blockchain queima US$ 1 em LUNA. A lógica também vale para o inverso: quando uma unidade de LUNA é cunhada, uma de UST é apagada do sistema.

Seguindo essa lógica, quando a cotação do UST cai para menos de US$ 1, investidores são incentivados a comprar LUNA, já que o movimento tende a diminuir a circulação da stablecoin e a forçar o seu preço para cima.

Este ciclo teoricamente estável foi colocado a teste no último domingo (8), após uma onda de vendas de UST na Anchor Protocol, plataforma de empréstimos para usuários da moeda, e em outras plataformas de negociação. E, para o pânico dos investidores, o ciclo não foi aprovado, isto é, não houve a correlação entre LUNA e UST.

“Em uma situação estável o sistema parecia funcionar, mas diante da queda abrupta no início da semana, o sistema praticamente colapsou”, resume Eduardo Andrade, analista de negócios da MezaPro, canal de negociação de criptoativos do Mercado Bitcoin.

Clima azedo

Para azedar ainda mais o clima, os efeitos da queda histórica transpassaram os círculos do mercado de criptoativos e pautaram a esfera pública.

Dando gás para uma parcela ainda bastante significativa do establishment que enxerga os ativos digitais como algo negativo, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou nesta terça-feira (10), que o caso do UST mostra como as criptomoedas apresentam riscos ao sistema financeiro.

“Acho que isso simplesmente ilustra que este é um produto em rápido crescimento, que há riscos para a estabilidade financeira e que precisamos de uma estrutura apropriada”, disse Yellen, durante um evento do Senado americano.

Segundo escreveu Marcus Sotiriou, analista de mercado da Black Block, em relatório aos investidores, “a resposta das autoridades reguladoras nos próximos meses provavelmente será implacável”.

A paridade do UST bateu US$ 0,29 durante a madrugada e indica o esvaziamento da confiança dos investidores. Para Isac Costa, professor do Ibmec e do Insper e sócio do Warde Advogados, o movimento deve gerar mais ceticismo ao mercado cripto como um todo.

No entanto, ao olhar de uma perspectiva mais afastada do cerne do problema, o especialista afirma que falhas como essa podem aumentar a resiliência dos investidores que confiam no mercado.

“Acredito que momentos assim ainda virão em outros projetos e podem ser interpretados como as ‘dores do parto’ de um novo mercado para os otimistas ou, talvez, ‘gritos de agonia antes de uma morte anunciada’ para os pessimistas”, diz.

‘Vamos sair dessa’, diz fundador

Após ser alvo de críticas por não se manifestar em meio ao derretimento dos ativos, o sul-coreano Do Kwon, fundador da Terraform Labs, foi ao Twitter nesta manhã para apresentar um plano de recuperação e tentar tranquilizar os investidores.

“Entendo que as últimas 72 horas foram extremamente difíceis para todos vocês – saibam que estou decidido a trabalhar com cada um de vocês para enfrentar esta crise, e vamos construir uma saída para isso. Juntos.”

Ao reconhecer que a correlação entre as moedas é o foco da crise, Kwon explicou que é preciso absorver o excesso de UST para que a cotação volte para a paridade. “Não há maneira de contornar isso”, disse.

O responsável pelo sistema propôs o aumento da cunhagem de LUNA para balancear o sistema até que a paridade de 1:1 seja novamente alcançada. Na teoria, quanto mais LUNA comercializada, menos o mercado ficará inundado de UST, o que deve levar a sua valorização.

“Permitir uma queima mais eficiente de UST e cunhagem de LUNA, no curto prazo, pressionará o preço do LUNA, mas será uma maneira eficaz de trazer o UST de volta a paridade, o que acabará por estabilizar o preço do LUNA”, informa a proposta apresentada.

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