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Aceleração de alta de juros pelo Fed pode frear valorização do real frente ao dólar

Ata do Fomc ajudou a reforçar o mau humor nos mercados ao reforçar possibilidade de aceleração da alta de juros nos EUA

A divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) ajudou a reforçar o mau humor nos mercados ao enfatizar a possibilidade de aceleração do ritmo de alta de juros nos Estados Unidos. O impacto nos mercados, contudo, foi limitado uma vez que o tom do documento veio menos “hawkish” (inclinado ao aperto monetário) que os discursos recentes de dirigentes do banco central americano.

O dólar chegou a ampliar a alta de 1,20% frente ao real e fechou cotado a R$ 4,71, enquanto o Ibovespa encerrou em queda de 0,55%, aos 118.227 pontos. Já as taxas dos contratos futuros de juros fecharam em alta acompanhando a elevação das taxas dos títulos do Tesouro americano.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, um aperto maior que o esperado da taxa de juros nos Estados Unidos ou uma redução do balanço de ativos do Fed de forma mais agressiva pode impactar o fluxo de recursos para o Brasil e frear a valorização do real.

O fluxo de recursos para o Brasil tem sustentado a valorização de 18% do real frente ao dólar neste ano. A alta taxa de juros no país, com a Selic a 11,75%, e a valorização do preço das commodities têm ajudado na entrada de capital externo no país.

Além disso, o conflito entre Rússia e Ucrânia tem levado a uma fuga de capitais da China, segundo o Institute of International Finance (IIF), com os investidores preocupados com possível impactos das sanções à Rússia na China, que tem sido um aliado do governo russo, além da possibilidade de a Rússia vender ativos chineses para levantar liquidez.

O Mizuho espera um dólar a R$ 5,20 no fim do ano. “Além da alta de juros nos EUA, devemos ter uma eleição polarizada no Brasil que deve fazer com que o dólar volte para o patamar acima de R$ 5 no segundo semestre”, diz Rotagno.

O documento que trata da última reunião do Fomc, de 16 de março, quando a autoridade monetária americana elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto, para o intervalo entre 0,25% e 0,50%, veio menos duro que os últimos discursos de dirigentes do Federal Reserve, banco central americano, que têm defendido um aperto maior da taxa básica de juros para conter o aumento das pressões inflacionárias. “O tom da ata não veio tão hawkish quanto se temia e os mercados chegaram a piorar, mas depois chegou até a recuperarem um pouco”, diz.

Além disso, muitos dirigentes se mostraram favoráveis para um aumento de 0,50 ponto percentual da taxa dos Fed. Contudo, a maioria no mercado já apostava em uma aceleração da alta da taxa de juros americana para 0,50 ponto na reunião de maio. Os contratos futuros dos Fed Funds – usados pelos investidores para avaliar as apostas em torno da política monetária do Fed – refletem uma probabilidade de 78,3% do Fed elevar a taxa básica em 0,5 ponto na reunião de maio.

A consultoria Capital Economics espera pelo menos três altas de 0,50 ponto percentual pelo Fed nas próximas reuniões, com a taxa básica devendo encerrar 2022 entre 2,50% e 2,75%.

A ata do Fomc ainda trouxe a possibilidade do Fed reduzir o balanço de ativos, que estava em US$ 8,9 trilhões, em US$ 95 bilhões por mês, acima do ritmo de US$ 50 bilhões por mês, adotado na última redução de balanço que ele promoveu entre 2017 e 2019.

“Apesar de nenhuma decisão final ter sido tomada, os membros concordaram em começar a redução do balanço entre os dias 3 e 4 de maio e anunciaram que a inflação e a alta dos preços de energia irão pressionar o mercado por mais alguns meses”, afirma Rob Correa, analista de investimentos CNPI e autor do livro “Guia do Investidor de Sucesso no Longo Prazo”, em nota.

 

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