Impulsionado pela reabertura da economia com o arrefecimento da pandemia, o setor de serviços continuou mostrando recuperação em junho, ao avançar 0,7%, levemente acima do esperado pelo mercado. Por outro lado, o dado de maio, que havia mostrado uma alta de 0,9%, foi revisado para baixo.
Para analistas, os dados, divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (11), reforçaram a perspectiva de uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) mais forte, em torno de 2%, em 2022. Mesmo assim, as expectativas são de perda de ritmo daqui para frente, com o aumento de juros começando a refrear avanços maiores.
“No geral, o setor continua se recuperando e mostrando uma boa performance”, avalia Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. “O setor é a principal razão das surpresas altistas com a atividade econômica que vimos no primeiro semestre de 2022.”
Na avaliação do especialista, a expectativa é que a recuperação cíclica da pandemia comece a ficar para trás nos próximos meses. “O crescimento de serviços deve diminuir naturalmente ao longo dos próximos trimestres.”
João Savignon, economista da Kínitro Capital, avalia que o aumento da mobilidade com o enfraquecimento da pandemia de coronavírus vem sendo fundamental para o avanço do setor, com destaque para os serviços prestados às famílias e transportes.
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Serviços aceleram e crescem 0,7% em junho, acima do esperado
“Os serviços vieram um pouco acima do esperado, mas os números anteriores foram revisados para baixo, tornando o dado de hoje neutro para o cenário”, ponderou.
O economista Rodolfo Margato, da XP, considera que a abertura dos dados mostra um bom desempenho disseminado no setor. A casa projeta uma alta do PIB deste ano de 2,2%, com viés de alta. “O grupo de serviços prestados às famílias registrou em junho o quarto aumento consecutivo na margem, levando a uma expansão acumulada de 9,3% desde março”, destacou.
Das cinco atividades investigadas pela pesquisa, quatro tiveram crescimento, com destaque para o setor de transportes, que subiu 0,6% e teve o maior peso no resultado.
De acordo com o IBGE, o setor já está 7,5% acima do patamar registrado em fevereiro de 2020, no pré-pandemia. Na comparação com o mesmo mês de 2021, o crescimento foi de 6,3%, e quando se considera o acumulado do primeiro semestre, o avanço foi de 8,8%.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, lembra que o avanço do setor foi generalizado em junho. “O segmento de serviços prestados às famílias registrou alta de 0,6%, mas ainda se encontra 6,1% abaixo do patamar pré-pandemia”, destacou.
Para a especialista, que espera uma alta do PIB de 2% neste ano, a segunda metade do ano deve mostrar desaceleração da atividade. “A desaceleração da economia global, o impacto dos efeitos dos juros elevados e a queda nos preços de commodities são fatores que contribuem para esta perspectiva.”