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Mercado passa a apostar em ciclo de alta de juros menor após PIB e aprovação da PEC dos Precatórios

Taxas de juros recuam no mercado local após dado fraco do PIB e redução da incerteza com a aprovação da PEC dos Precatórios

O resultado fraco do PIB e a aprovação da PEC dos Precatórios levaram o mercado a apostar em um ciclo de alta de juros menor por parte do Banco Central. As taxas de juros acentuaram a queda no mercado local após  a proposta ser aprovada no Senado.  A PEC segue para Câmara, onde tem que ser aprovada em dois turnos.

A leitura do mercado é que, embora implique uma piora da âncora fiscal, a aprovação da proposta deve reduzir as incertezas sobre o Orçamento de 2022, abrindo espaço para uma queda dos prêmios de riscos refletidos nos ativos brasileiros. “O mercado já espera a aprovação e já sabia que haveria o estouro do teto de gastos, mas existe sempre a chance de dar errado e de o governo ir para um caminho pior”, afirma o sócio-diretor da Quantitas, Rogério Braga, responsável pela gestão dos fundos multimercados e de renda fixa.

Segundo ele, com o surgimento da nova variante do coronavírus ômicron, a preocupação do mercado era que o governo pudesse reeditar o estado de calamidade pública, que poderia implicar um gasto fiscal maior. “Acho que a aprovação na Câmara já está acordada, a aprovação da PEC encerra essa pauta”, diz.

A PEC deve trazer uma folga fiscal para o governo de R$ 106,1 bilhões, viabilizando o aumento do pagamento do Auxílio Brasil para R$ 400. Para conseguir apoio para a aprovação da proposta, foram feitas algumas mudanças no texto como a retirada do pagamento de precatórios – que são dívidas da União reconhecidas em decisões judiciais e para as quais não cabem mais recursos – relativas ao Fundef (antigo fundo da educação básica) do teto de gastos. O teto de gastos estabelece que o aumento das despesas do governo não pode ser superior à variação da inflação.

Além disso,  foi estabelecido um limite para o pagamento dos precatórios em 2022 , com prioridade para dívidas de  menor valor, e parcelamento do restante. O pagamento das dívidas judicias previstas para o ano que vem devem ser quitadas até 2026.

No mercados de juros, as taxas, que já estavam em queda por conta do resultado fraco do PIB, recuaram ainda mais após a aprovação da PEC no Senado.

No mercado de juros futuros, as taxas fecharam em baixa. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 caiu de 11,84%, no ajuste anterior, para 11,575%; a do DI para janeiro de 2024 passou de 11,64%, no ajuste anterior, para 11,39%; a do DI para janeiro de 2025 diminuiu de 11,49% para 11,27%; e a do DI para janeiro de 2027 recuou de 11,42% para 11,24%

No Tesouro Direto, a queda foi maior nos papéis prefixados , que embutiam um prêmio de risco maior. A taxa do papel prefixado para 2024 recuava, às 15h21, de 11,62% para 11,42% , enquanto a taxa do título para 2026 caía de 11,48% para 11,32%.

Já os títulos atrelados à inflação Tesouro IPCA+ operavam em alta. A taxa do papel com vencimento em 2030 subia de 5,10% para 5,13%, enquanto a taxa do título para 2055 avançava de 5,27% para 5,29%. De acordo com Braga, da Quantitas, a perspectiva de uma inflação menor com a atividade mais fraca limitou a queda da taxa de juros nesses papéis, cujo retorno é composto por uma taxa prefixada mais a variação da inflação.

Quando as taxas caem, os papéis emitidos com taxas de juros mais altas se valorizam. Assim quem tem os papéis prefixados nas carteiras teve um ganho hoje.

PIB reforça aposta em um ciclo menor de alta de juros

O resultado fraco do PIB, com retração de 0,1% no terceiro trimestre, que colocou o país em recessão técnica, fez os investidores apostarem em um ciclo de alta de juros menor a ser realizado pelo Banco Central. Hoje a curva de juros reflete uma alta da Selic para 12,5% no fim do ciclo, segundo Braga. Em novembro, esse patamar de elevação chegou a 14%.

“Com o resultado fraco do PIB o mercado passou a discutir se o BC vai sinalizar mais uma alta de 1,5 ponto percentual na próxima reunião ou vai deixar isso em aberto”, diz. A Quantitas projetava mais duas altas da Selic de 1,5 ponto, e uma de 1 ponto, terminando em 11,75% no fim do ciclo de aperto monetário. “Mas a probabilidade do BC desacelerar e fazer uma alta menor aumentou.”

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na semana que vem para definir o novo patamar da taxa Selic, atualmente em 7,75%. No mercado, é majoritária a aposta de que o BC vai manter ritmo de alta e subir a Selic em 1,5 ponto percentual.

Renda fixa continua sendo uma boa opção?

A queda das taxas prefixadas com prazos mais curtos e a visão dos investidores de um ciclo menor de alta de juros deixam o prêmio nesses ativos já não mais tão interessante, segundo a Quantitas, que reduziu essas posições.

Passada a discussão fiscal com a PEC, o mercado deve passar a olhar para o cenário eleitoral em 2022 e para a perspectiva de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, afirma Braga. “Já vemos taxas de juros com prazos mais longos abaixo de 11% e acho que diante desse cenário há risco de elas subirem.”

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