Mercado eleva previsão para juros e reduz a de crescimento em 2022, segundo Focus

As instituições financeiras elevaram a previsão para a taxa de juros e reduziram a de crescimento da economia em 2022. As informações são do Boletim Focus do Banco Central. A revisão decorre de a instituição ter sinalizado na semana passada que sua prioridade é controlar a inflação.

As instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central passaram a prever que a taxa básica de juros, a Selic, terminará o ano que vem em 11,50%. Este nível é 0,25 ponto porcentual (pp) maior que o previsto na semana passada. A previsão para a taxa ao fim de 2023 seguiu em 8,00%.

A mudança é resultado direto do tom mais austero usado no comunicado com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na última quarta-feira, quando o grupo elevou a Selic de 7,75% para 9,25%.

No documento, as autoridades indicaram que a taxa deve subir a 10,75% em fevereiro e que é justificável ela ficar bem acima da inflação por um certo tempo. Além disso, disseram que a Selic ficará elevada até o mercado esperar altas de preço mais alinhadas com aquelas buscadas pela instituição – de 3,50% no ano que vem e de 3,25% em 2023.

No Boletim Focus divulgado hoje, a previsão para a inflação ao fim de 2021 caiu de 10,18% para 10,05% – refletindo principalmente a desaceleração maior que a esperada neste indicador em novembro. Mas também houve redução nas estimativas de inflação futura.

Embora a previsão de inflação em 2022 tenha ficado estável em 5,02%, a projeção para 2023 caiu de 3,50% para 3,46%. Para 2024, o mercado passou a esperar taxa de 3,09%, de 3,10% na semana passada.

Economia sofreu

As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central, no entanto, também fizeram ajustes nas previsões de crescimento da economia. Isso porque, com juros mais altos por mais tempo, a tendência é que haja efeitos negativos sobre o PIB (Produto Interno Bruto).

A estimativa de crescimento da economia neste ano caiu de 4,71% para 4,65%, enquanto para 2022 houve uma redução de 0,01 pp, a 0,50%. A previsão para 2023 diminuiu de 1,95% para 1,90%, e a para 2024 de 2,10% para 2,00%.