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IPCA: inflação acelera para 1,01% em fevereiro, maior para o mês desde 2015

Aumento veio acima do esperado pelo mercado; educação e alimentos representaram 57% da alta

Foto: Shutterstock

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação, subiu 1,01% em fevereiro, a maior alta para o mês desde 2015, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta (10).

A alta representa uma aceleração em relação a janeiro, quando o avanço havia sido de 0,54%, e veio acima do esperado por analistas de mercado –a expectativa de especialistas consultados pela Reuters era de um aumento de 0,96%. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 10,54%.

O principal impacto no índice veio de educação (alta de 5,61%) e alimentos e bebidas (+1,28%).

“Em fevereiro, são incorporados no IPCA os reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. Portanto esse foi o item que teve o maior impacto no mês, com peso de 0,31 ponto percentual”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, em material de divulgação do levantamento. “O outro grupo que pesou bastante no mês foi o de alimentação e bebidas, que acelerou para 1,28% e contribuiu com 0,27 ponto percentual. Juntos, os dois grupos representaram cerca de 57% do IPCA de fevereiro”, completou.

De acordo com ele, os alimentos sofreram com problemas climáticos, de estiagens a excesso de chuva, em diferentes regiões do país. “Destacam-se, em particular, os aumentos nos preços da batata-inglesa [+23,49%] e da cenoura [+55,41%]. No caso da cenoura, as variações foram desde 39,26% em São Paulo até 88,15% em Vitória. Além disso, as frutas subiram 3,55%”, disse.

Para Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, medidas para conter a alta de combustíveis em tramitação no Congresso podem pressionar o cenário fiscal.

“O aumento no preço dos combustíveis anunciado ontem pela Petrobras deve ser parcialmente compensado por subsídios e mudanças nas regras de impostos do setor”, apontou. “Mesmo que essas medidas mitiguem o impacto do reajuste dos combustíveis na inflação deste ano, elas não são isentas de custo e podem pressionar as contas públicas”.

Alta deve se intensificar entre março e abril

O aumento de preços deve se intensificar entre março e abril, já que nesta quinta (10) a Petrobras reajustou a gasolina em 18,8% e o diesel em 24,9%.

A invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções econômicas do Ocidente, com forte impacto sobre as cotações das commodities e sobre a inflação global, vêm levando a uma bateria de revisões para cima nas projeções para o IPCA e para os juros básicos.

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A disparada de matérias primas essenciais como petróleo, trigo e aço faz com que algumas instituições financeiras já esperem um cenário que era pouco provável antes do agravamento do conflito, projetando alta de preços de 7% e uma taxa Selic de mais de 13% no final de 2022.

Por que esse dado é importante?

Indicações de uma inflação maior ou menor afetam os juros futuros, e o IPCA é o indicador oficial acompanhado pelo Banco Central para as decisões de política monetária. Uma variação de preços mais expressiva do que o esperado pesa a favor de altas mais fortes na taxa básica de juro, a Selic, e vice-versa. Quando há uma inflação menor, a tendência é que seja desnecessária uma alta de juros maior à frente.

Os juros futuros, por sua vez, afetam diretamente a Bolsa, já que o cálculo do valor atual de uma empresa é feito também com base no quanto ela gerará de valor lá na frente. Essa estimativa é trazida a valor presente através de uma taxa de desconto, que em geral corresponde aos juros de longo prazo.

Além disso, uma inflação elevada como a que temos hoje tende a corroer o poder de compra da população, o que é uma má notícia em especial para empresas ligadas a consumo.

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