O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de setembro registrou queda de 0,29%, na terceira deflação consecutiva, movimento que não acontecia desde o período entre julho e setembro de 1998, quando o país enfrentava uma recessão.
O recuo do indicador veio menor do que o esperado pelo mercado – analistas ouvidos pela Broadcast acreditavam em uma queda de 0,32% – e mostra perda de ritmo do processo de deflação. Em julho, a queda foi de 0,68%, e em agosto, de 0,36%.
A inflação acumulada no ano ficou em 4,09%; nos últimos 12 meses, a alta de preços é de 7,17%.
O maior impacto sobre o índice geral, segundo o IBGE, foi o grupo transportes, que recuou 1,98%, pela terceira vez consecutiva.
“Os combustíveis e, principalmente, a gasolina têm um peso muito grande dentro do IPCA. Em julho, o efeito foi maior por conta da fixação da alíquota máxima de ICMS, mas, além disso, temos observado reduções no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras, o que tem contribuído para a continuidade da queda dos preços”, afirmou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, em material de divulgação do levantamento.
Outro impacto forte sobre a inflação foi do grupo alimentação e bebidas, que passou de alta de 0,24% em agosto para uma queda de 0,51% em setembro. O destaque no grupo foi alimentação no domicílio, com queda de 0,86%.
“Os alimentos vinham apresentando crescimento desde o começo do ano, inclusive altas fortes em março (2,42%) e abril (2,06%). Essa queda de setembro é a primeira desde novembro de 2021 (-0,04%)”, afirmou Kislanov.
De acordo com o IBGE, os produtos que mais impactaram a queda nos preços dos alimentos foram o leite longa vida (-13,71%) e o óleo de soja (-6,27%).
A prévia do indicador, o IPCA-15, já havia mostrado uma deflação de 0,37%, mostrando que, além de combustíveis, a redução nos preços chegou também a alimentos e alguns serviços, como telecomunicações.
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