Dados do Banco Central divulgados nesta quinta-feira (15) mostram que o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC) avançou em julho mais do que o dobro do projetado por analistas de mercado, reforçando o momento forte para serviços e indicando também um bom desempenho da agropecuária e do setor externo (trocas de bens e serviços do Brasil com outros países).
Para economistas, os números refletem o fato de que os serviços continuam a mostrar uma forte recuperação do tombo sofrido durante a pandemia de coronavírus – dados do IBGE divulgados nesta semana apontaram uma alta de 1,1% do setor em julho, com destaque para segmentos como informação e transportes.
“Foram as primeiras férias de julho normalizadas”, lembra o economista Lucas Maynard, do Santander, que espera alta de 2,6% do PIB mas avalia revisar a projeção para cima. “E os serviços respondem pela maior parte do PIB. Eu colocaria esse IBC-Br bem acima do esperado na conta de serviços.”
Ele aponta ainda que o índice de atividade do BC também leva em conta o desempenho da agropecuária, de serviços que não são captados pela pesquisa mensal do IBGE e dados do setor externo. “Acredito que a produção de culturas que sofreram bastante com quebra de safra por questões climáticas vem sendo normalizada”, diz. “O PIB agro deve ter um rebote, o que também ajuda a puxar a atividade.”
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É a mesma avaliação do economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, que atribuiu o bom resultado a serviços mas lembrou que a produção agrícola e os bons resultados do setor externo podem ter contribuído.
“Em relação à significativa surpresa altista com o IBC-Br de julho, acreditamos que (não é uma convicção) a melhoria acentuada na produção agrícola mensalizada e fortes resultados líquidos do setor externo podem ter exercido contribuição relevante.” A projeção da XP para o PIB de 2022 é de um crescimento de 2,8%.
IBC-Br nos próximos meses
A avaliação dos economistas é que, nos próximos meses, a atividade deve começar a desacelerar, em um contexto em que o efeito positivo da reabertura no pós-pandemia começa a se reduzir e do impacto das taxas de juros na ponta, em especial no quarto trimestre.
Além disso, a perspectiva é de perda de fôlego da economia mundial e impactos das eleições, o que deve ter efeito negativo sobre a atividade nos próximos meses.
“O cenário mostra que o Brasil se mantém resiliente, apesar de uma gama de fatores domésticos e internacionais contrários”, apontou a consultoria Pantheon Macro em relatório. “Mas o crescimento deve diminuir sequencialmente, em um cenário de aumento dos juros e incerteza política.”