Governo reduz estimativa de inflação em 2022, mas mantém a previsão de alta do PIB

IPCA deve fechar o ano em 5,85%, permanecendo acima da meta, que é de 3,5%

Foto: Shutterstock/non c

O Ministério da Economia manteve a projeção para o crescimento da economia este ano, mas reduziu a estimativa oficial para a inflação, segundo consta no Boletim Macrofiscal, divulgado nesta quinta-feira (17).

Para a inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 6,3% para 5,85%, permanecendo acima da meta para o ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 p.p (ponto percentual) para cima ou para baixo.

No ano, o IPCA acumula alta de 4,7% e, em 12 meses, o índice está em 6,47%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para estabelecer o valor do salário mínimo, por exemplo, deverá encerrar o ano com variação de 6%, de acordo com a previsão do governo, queda de 0,54 p.p em relação ao boletim anterior. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que inclui, além do consumidor final, o setor atacadista e o custo da construção civil, é de 6,11%, abaixo da estimativa anterior de 9,44% e inferior à taxa registrada em 2021, de 17,74%.

PIB

No caso PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa para o ano continua em 2,7%, mesmo número visto no boletim anterior. Segundo o ministério, o desempenho do emprego, do setor de serviços e da taxa de investimento justificaram a manutenção.

“Conforme salientado nos boletins anteriores, já era esperada desaceleração da atividade econômica no segundo semestre deste ano, resultado dos efeitos defasados do ciclo de ajuste da política monetária [aumento de juros pelo Banco Central]. No entanto, projeta-se que os impactos advindos da elevação da taxa de juros se reduzam ao longo do próximo ano”, diz o comunicado.

No ano passado, o PIB do Brasil cresceu 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões. Apesar de manter a estimativa para 2022, o governo reduziu a previsão de crescimento em 2023 de 2,5% para 2,1%. Para o órgão, o cenário externo mais adverso, com a alta dos juros da economia norte-americana e a guerra na Ucrânia, afeta a expansão econômica no resto do mundo. A projeção para 2024 foi mantida em 2,5%.

O boletim do Ministério da Economia mostra ainda que houve expansão no mercado de trabalho, com a taxa de desocupação caindo para 8,7% no terceiro trimestre, conforme a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE, os indicadores do setor de serviços tiveram expansão anualizada de 3,2% de julho a setembro.

Perspectivas

Apesar de reconhecer a desaceleração da economia no terceiro trimestre, o ministério espera que a recuperação econômica se mantenha no quarto trimestre, puxada por serviços e estabilidade na agropecuária. Os efeitos do aumento da taxa Selic (juros básicos da economia) pelo Banco Central são os principais responsáveis pela queda no ritmo de crescimento, de acordo com o órgão.

“Após a forte recuperação até o segundo trimestre, a atividade econômica desacelerou ao longo do terceiro trimestre de 2022, decorrente sobretudo do desempenho da indústria e do comércio”, destaca o boletim.

Para o quarto trimestre, a expectativa é que os dados mensais dos indicadores antecedentes e coincidentes sinalizam a continuidade da recuperação da economia, embora em ritmo menos intenso, devido, em grande medida, aos efeitos defasados da política monetária.

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