A balança comercial do Brasil continuará positiva em 2022, mas a sobra será menor do que se previa anteriormente, dado que os preços de alguns produtos relevantes da pauta de importações – como combustíveis e fertilizantes – continuam elevados.
Segundo o Ministério da Economia, a balança comercial brasileira deve terminar este ano com um superávit de US$ 81,5 bilhões. Antes, a previsão era de um saldo positivo de US$ 111,6 bilhões.
A previsão para exportações quase não se mexeu – ficou praticamente estável em US$ 349,4 bilhões. O que mudou foi essencialmente a expectativa do governo para o quanto o Brasil deve gastar com importações. Como está mais caro comprar alguns produtos dos quais o Brasil é amplamente dependente, a estimativa saiu de US$ 237,2 bilhões para US$ 268,0 bilhões.
“Os dados do segundo trimestre mostraram preços crescentes”, disse o subsecretário de inteligência e estatísticas de comércio exterior, Erlon Brandão, durante entrevista coletiva.
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Segundo Brandão, embora o Brasil importe uma variedade grande de produtos, alguns deles, como combustíveis e fertilizantes, são mais volumosos e tiveram fortes aumentos de preço, principalmente em função dos desdobramentos da guerra na Ucrânia.
A Rússia é um dos grandes exportadores mundiais dos dois produtos, mas grandes consumidores, como Estados Unidos e Europa, estão evitando comprar do país para tentar forçá-lo a ficar economicamente abalado e, consequentemente, incapaz de levar a guerra adiante.
O problema é que, ao deixarem de comprar da Rússia, americanos e europeus precisam importar os produtos de outros países. Esse aumento localizado na demanda eleva os preços para todos os participantes do mercado.
O preço dos fertilizantes brutos, por exemplo, aumentou 35,8% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado, para US$ 118,80 por tonelada. Os fertilizantes químicos, por sua vez, mais que dobraram de custo, para US$ 733 por tonelada.
Entre os combustíveis, o preço do gás natural também dobrou, para US$ 580 por tonelada, assim como o de óleos combustíveis, para US$ 1.182 por tonelada.