A reabertura econômica, consequência do avanço da vacinação, e os estímulos dados pelo governo à atividade econômica se refletiram em um bom desempenho do mercado de trabalho em maio. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta terça-feira (28) mostram que foram criadas 277 mil vagas formais no mês passado.
Para economistas, o resultado de maio veio bem acima do esperado pelo mercado e indica uma atividade forte no segundo trimestre do ano, a despeito da inflação e do aumento na taxa básica de juros, a Selic. Por outro lado, o salário médio de admissão continuou em queda em relação ao mesmo mês de 2021, quando se observa valores reais (ou seja, descontada a alta de preços do período).
“A reabertura econômica e o desempenho sólido da atividade doméstica – esperamos crescimento robusto do PIB [Produto Interno Bruto] no segundo trimestre – continuam a impulsionar o emprego formal”, apontou Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, em relatório.
A corretora elevou a projeção para a criação de empregos formais no ano de 1,3 milhão para 1,6 milhão. “As atividades de serviços continuaram em rota de forte expansão. O setor registrou a criação líquida de 140 mil vagas em maio ante 95 mil em abril, com ajuste sazonal”, disse o especialista.
Para a XP, o mercado de trabalho seguirá crescendo ao longo do segundo semestre, mas aos poucos haverá uma desaceleração gradual da criação de vagas.
É a mesma avaliação do economista João Savignon, da Kínitro Capital. “Na nossa visão, o emprego formal deve continuar crescendo nos próximos meses, em linha com as nossas perspectivas para o PIB, mas mostrando alguma moderação na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre.”
A gestora de recursos projeta a criação de 1,5 milhão de postos de trabalho com carteira assinada em 2023. “O dado segue refletindo um melhor desempenho da atividade econômica no curto prazo, assim como as medidas de estímulo adotadas. Destaque para as atividades de serviços, que seguem impulsionando o emprego formal”, avaliou Savignon.
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Entre os estímulos dados pelo governo neste primeiro semestre, estão a liberação de saque de até R$ 1 mil do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS.
Salário de admissão está em queda
A despeito do aumento de vagas com carteira assinada, o salário médio de admissão voltou a cair. Em maio, o valor foi de R$ 1.898,02, queda de 0,94% em comparação ao mês anterior (R$ 1.916,07).
Em um ano, a queda é ainda mais acentuada. Em maio do ano passado, o salário médio de admissão era de R$ 2.010,68, diferença de 5,5% em comparação ao mesmo mês de 2022.
“O único ponto negativo fica por conta dos rendimentos ainda pressionados, refletindo a queda do salário médio real da admissão, que passou de R$ 1.916,07 para R$ 1.898,02”, apontou o banco Original em relatório.
“A partir do segundo semestre, entendemos que o mercado de trabalho deva desacelerar, sentindo maiores efeitos dos juros mais altos sobre crédito e investimentos.”
Os números de maio representam alta de 40% em comparação a abril, quando a economia brasileira criou 197,4 mil postos de trabalho.
Até agora, no acumulado do ano, o Brasil criou 1,051 milhão de empregos formais, menos que os 1,161 milhão de empregos registrados de janeiro a maio do ano passado.