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Deflação de julho beneficiou classe média duas vezes mais que baixíssima renda, diz Ipea

Alta de preços de alimentos amorteceu parte da queda de preços para os mais pobres

Foto: Shutterstock

A deflação registrada em julho, a maior da série histórica desde 1980, beneficiou duas vezes mais as famílias de renda média na comparação com aquelas de alta ou baixíssima renda, segundo levantamento divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nesta sexta-feira (12).

Mensalmente, o instituto publica como cada faixa de renda sente a inflação, já que a cesta de consumo de produtos e serviços tem peso diferente dependendo dos ganhos familiares – alimentação, por exemplo, pesa muito mais para famílias mais pobres, enquanto os serviços têm maior impacto para quem possui salários maiores.

A queda de preços no mês passado é explicada principalmente pela redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis, energia e telecomunicações.

Em julho, a deflação foi sentida principalmente por famílias de renda média (que ganham entre R$ 4.315,04 e R$ 8.630,07) porque é para elas que os gastos com gasolina e etanol pensam mais. Essas famílias sentiram no mês passado uma queda de 0,85% nos preços.

“No caso dos transportes, as quedas de 15,5% da gasolina e de 11,4% do etanol explicam grande parte do recuo da inflação em julho, principalmente para as famílias de renda média, já que o peso desse item na cesta de consumo dessas famílias é maior do que as demais faixas de renda”, explicou a pesquisadora Maria Lameiras, do Ipea, no material de divulgação da pesquisa.

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No caso das famílias de alta renda (com ganhos mensais acima de R$ 17.260,14), que viram os preços caírem 0,42% em julho, o alívio dos combustíveis acabou sendo em parte anulado pelo aumento de 8% das passagens aéreas no mês passado, uma vez que a demanda por viagens acelerou em um momento de arrefecimento da pandemia.

Baixa renda sofre com alta de alimentos

A redução do ICMS pelos Estados, que abarcou itens como energia elétrica e gás de botijão, representou um alívio para as famílias de menor renda. Por outro lado, a disparada de parte dos alimentos acabou amortecendo parte desse efeito positivo.

Dessa forma, a baixíssima renda sentiu menos a queda de preços, registrando uma deflação de 0,34% no mês passado. De qualquer forma, essas famílias foram beneficiadas pela queda no preço da energia elétrica (-5,8%) e do gás de botijão (-0,36%).

“Por outro lado, a alta de preços observadas no grupo de alimentação e bebidas impediu um recuo ainda mais significativo para a inflação dessas famílias”, apontou Lameiras.

De acordo com o estudo, apesar da queda de alimentos importantes, como cereais, tubérculos, hortaliças e carnes, houve reajustes de aves e ovos, farináceos, panificados e sobretudo o leite, o que explica a aceleração da alta de preços de alimentos em domicílio no mês passado.

“Ainda que em menor intensidade, a alta dos preços do grupo despesas pessoais também impactou a inflação em julho principalmente para as faixas de renda mais altas, repercutindo os aumentos do cigarro e serviços de recreação”, afirmou a pesquisadora.

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