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Calote das pessoas físicas chega ao maior nível desde maio de 2017, aponta BC

Taxa de inadimplência chega a 5,9% em outubro, alta anual de 1,7 ponto percentual

Foto: Shutterstock/Mehaniq

A inadimplência sobe aos poucos e o consumidor já enfrenta o maior índice de atrasos desde maio de 2017, tendo como base as operações feitas com recursos livres. Segundo o Banco Central, o calote chegou a 5,9% em outubro. A autarquia também revelou que o consignado do Auxílio Brasil elevou as concessões da modalidade no mês passado, mas também a taxa de juros.

Essa inadimplência (atrasos acima de 90 dias) considera as operações feitas com recursos livres, que são aqueles em que os juros são livremente estipulados pelas instituições financeiras.

A taxa de 5,9% representa um leve crescimento de 0,1 ponto percentual na comparação com o mês anterior e de 1,7 ponto em relação a outubro de 2021. É também a mais alta desde os 5,93% de maio de 2017.

Olhando as operações totais das pessoas físicas, o que inclui o crédito direcionado, também há um aumento da taxa de inadimplência de 0,1 ponto percentual no mês, para 3,90%, a maior desde maio de 2020.

Cartão de crédito e cheque especial com efeito “bola de neve”

Os dados do BC mostram ainda que as concessões que mais avançam entre as pessoas físicas são justamente aquelas em que os juros são mais elevados, como cheque especial e cartão de crédito.

O problema nesse tipo de crédito é o efeito “bola de neve”, dado o juro elevado dessas operações.

A taxa média do cheque especial em outubro era de 132,5% ao ano, o equivalente a 7,3% ao mês. No caso do rotativo, o juro era ainda maior, de 399,5% (14,3% ao mês). Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 13,75% ao ano.

O efeito desses juros, ao longo dos meses, piora as condições de pagamento das famílias. Isso já aparece nos dados do BC.

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O nível de endividamento das famílias chegou a 49,9% em setembro, alta de 2,3 pontos percentuais em 12 meses e mais próximo ao recorde da série, de 51,1%, registrado em julho.

Esse indicador significa que, da renda bruta de 12 meses das famílias, uma fatia de 49,9% foi destinada ao pagamento de dívidas, o que é recorde dentro dessa nova metodologia.

No entanto, a série foi revisada na divulgação desta segunda-feira. Segundo o BC, isso foi necessário devido à atualização dos dados de renda feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Antes da revisão, o endividamento de julho estava em 53,1%.

O dado do BC leva em conta o conceito de Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF), que considera a renda extra recebida pelos consumidores, como o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em 2019, e auxílios.

Consignado do Auxílio Brasil

A liberação do consignado para beneficiários do Auxílio Brasil fez com que essa modalidade de crédito desse um salto em outubro, mês em que teve início a concessão desse crédito.

Essas operações estão registradas com o consignado do setor privado. As concessões dessa modalidade passaram de R$ 1,57 bilhão, em setembro, para R$ 6,74 bilhões em outubro, um avanço de 328,6% em apenas um mês.

O saldo dessas operações chegou a R$ 34,3 bilhões, alta de 4,6% em um mês.

Essas operações, no entanto, também serviram para aumentar a taxa de juro médio da modalidade, que passou de 37,5% ao ano, em setembro, para 45,6%, em outubro, o que equivale a uma taxa mensal de, respectivamente, 2,7% e 3,2%.

Em 12 meses, isso significa um aumento de 13,2 pontos percentuais.

Pelas regras estabelecidas pelo governo federal, a taxa máxima do consignado do Auxílio Brasil é de 3,5% ao mês.

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