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Agências de rating podem prever um escândalo contábil, como o da Americanas?

Fitch, Moody's e S&P são contratadas por emissores para darem notas de risco de crédito

Foto: Shutterstock/kenary820

Entre os participantes do mercado financeiro, estão as agências de avaliação de risco, também conhecidas como agências de rating, que servem para indicar aos investidores a capacidade de pagamento de uma empresa ou governo, ou seja, se há chance de calote naquela dívida.

As principais dessas agências, que possuem atuação global, são a Fitch, Moody’s e S&P. É a elevação ou rebaixamento de notas dadas por essas empresas que pode causar um grande movimento nos mercados, como foi o caso do rebaixamento do Brasil, quem em 2016 perdeu o grau de investimento – o selo para os melhores pagadores.

E como essas agências atribuem as notas? Elas são contratadas pelos emissores, que são os governos e empresas que vão emitir uma dívida. O que elas recebem pode variar de poucos milhares até alguns milhões, a depender do porte da empresa e do tamanho e complexidade da dívida da companhia ou governo.

Na Moody’s, por exemplo, os valores dos pareceres de classificação de crédito variam entre US$ 1 mil e US$ 2,7 milhões.

O papel da agência é avaliar a vida financeira desse emissor ou de um ativo específico. Geração de caixa, o mercado em que está a empresa, possibilidade de expandir a receita, garantias envolvidas, histórico de pagamento e volume da dívida no curto, médio e longo prazos estão entre os itens avaliados.

Nota rebaixada

Com base nas informações coletadas, será atribuída uma nota (rating) que irá indicar maior ou menor capacidade de pagamento. Nas emissões globais, a melhor nota é a AAA, que seria um risco muito baixo de calote.

E se de um lado as notas indicam para o investidor a maior ou menor chance de calote, para o emissor, significa pagar mais ou menos juros na captação de recursos. Uma empresa com grau de investimento pagará menos do que aquela que está em nível especulativo.

A Americanas (AMER3) foi rebaixada por todas elas, ou seja, teve a nota reduzida, mas apenas após a divulgação das inconsistências contábeis, em 12 de janeiro. Hoje, a varejista se encontra com notas de empresas já em inadimplência ou em recuperação judicial. Antes, tinha nota de crédito considerada elevada, ou seja, de boa pagadora, o que a levou inclusive a ter os papéis aceitos em fundos de baixo risco de crédito. Procuradas, as agências preferiram não se manifestar.

Mas ao fazer a avaliação da capacidade de pagamento, as agências de rating têm capacidade para antever problema nas empresas que acompanham?

Para Rodrigo Simões, especialista em finanças e professor da FAC (Faculdade do Comércio de São Paulo), a mensuração feita pelas agências de classificação de risco deveria no mínimo antecipar problemas futuros de inadimplência.

“Elas precisam mensurar, analisar dados e verificar contratos e, ao mesmo tempo, ver a geração de caixa para saber a capacidade de pagamento”, diz.

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Na avaliação do especialista, o problema se dá com o aumento da complexidade das operações, que muitas vezes facilitam com que as empresas deixem passivos de fora das demonstrações contábeis. Para ele, quanto mais complexa a operação, maior deveria ser a atenção sobre os números que são reportados – e avaliados pelas agências de classificação de risco.

Falta questionamento

Os problemas da Americanas, que se encontra em recuperação judicial, vieram à tona quando foram reveladas falhas na contabilidade na conta chamada de “risco sacado”, em que as operações com os fornecedores não eram contabilizadas como dívida.

Segundo Ricardo Almeida, professor de finanças do Insper, uma das funções da agência de classificação de risco é ver se o dado público apresentado pela empresa está consistente e isso precisa estar claro nos pareceres das notas divulgadas – empresas como CVC e IRB também apresentaram problemas contábeis que não foram apontados com antecedência.

“Informações como a redução do prazo de pagamento a fornecedores poderiam ter sido questionadas, porque ocorreram no momento em que a empresa crescia”, diz.

Em sua avaliação, a empresa agora está em uma situação difícil devido ao processo de recuperação judicial, que levou à suspensão de linhas de crédito e com fornecedores, tornando mais desafiador manter a normalidade da operação da empresa.

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