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A taxa Selic subiu novamente: confira 5 pontos para ficar de olho com os juros mais altos

Taxa básica mais elevada tem efeito indireto em toda a economia

Aperto monetário deve durar até o início de 2022

A Selic, taxa de juros referência da economia brasileira, está em movimento de alta e o aperto monetário deve durar ao menos até o começo de 2022. O juro básico da economia brasileira saiu de 2% ao ano em março e foi elevado nesta quarta-feira para 7,75% ao ano. Os efeitos dessa majoração são muitos e não se limitam ao mundo dos investimentos.

Juros mais elevados também afetam o custo dos empréstimos, o apetite das empresas por investimentos e podem ter efeito danoso na vida dos endividados.

“Precisamos levar em consideração que a alta dos juros é para combater a inflação, que atinge a maior parte da população. Os salários não são indexados e isso gera uma redução no poder de compra das pessoas, um arrocho salarial”, diz William Carnevalle, coordenador de riscos da gestora de recursos Ouro Preto Investimentos. 

De olho nos efeitos de juros mais altos no dia a dia, confira a seguir cinco pontos para ficar de olho que podem afetar sua vida, mesmo que de forma indireta.

 

Renda fixa 

O efeito mais direto, e comentado, da alta da Selic ocorre nos investimentos. Taxas de juros mais elevadas beneficiam as aplicações pós-fixadas, ou seja, aquelas que acompanham a Selic. Como exemplo, temos o Tesouro Selic, do Tesouro Direto. A situação é menos favorável para quem possui aplicações prefixadas, ou seja, que vão oferecer o mesmo retorno até o vencimento.

“A perda nas aplicações prefixadas é inversamente proporcional ao aumento da Selic”, disse Leticia Camargo, planejadora financeira com certificação CFP. 

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Renda fixa, aqui me tens de regresso: o que saber para fazer bons investimentos com a maior alta da Selic

A planejadora cita que, em 8 de fevereiro de 2021, um título prefixado do Tesouro Direto com vencimento em janeiro de 2024 custava R$ 810,88, remunerado a um juro de 6,42% ao ano. No dia 26 de outubro, esse mesmo título era negociado a R$ 741,60, a 11,90% ao ano.

Quem comprou o título lá em fevereiro vai continuar recebendo o juro contratado até o vencimento, mas se precisar vender antes dessa data há o risco de perder dinheiro. Isso ocorre porque existe a “marcação a mercado”. Na prática, toda vez que as taxas de juros sobem, o preço do título cai. Nesse caso, o papel que foi comprado a R$ 810,88 em fevereiro estava sendo vendido na última terça-feira a R$ 741,60. 

Fuga da Bolsa 

A Bolsa perde atratividade em momentos de juros em elevação. Isso porque as empresas irão gastar mais para investir e crescer, o que prejudica as perspectivas de lucro, afetando de forma negativa o preço das ações negociadas. Há ainda uma menor demanda por esses ativos, já que correr o risco da renda variável fica menos interessante para os investidores.

“O fluxo de saída das pessoas da renda variável para a renda fixa acontece porque, além da rentabilidade, elas olham o risco. A renda fixa está aumentando o retorno e oferece um risco menor, completa Camargo.

Empréstimos

Quando a Selic sobe, ou quando há perspectiva de alta da taxa, ocorre um efeito em cascata no custo do dinheiro, tornando empréstimos e financiamentos mais caros. Essas elevações resultam em parcelas mais elevadas ou contrato de financiamento por um prazo maior.

Isso já pode ser visto nos dados de crédito do Banco Central. A taxa média de juros do consignado, aquele com desconto da parcela em folha de pagamento, estava em 19% ao ano (o equivalente a 1,46% ao mês) em setembro, 0,5 ponto percentual acima do registrado 12 meses antes. Já no financiamento de veículos a alta foi de 5,3 pontos percentuais, para 23,9% ao ano (1,80% ao mês). No financiamento imobiliário, a taxa ficou estável em 7,2% ao ano (0,58% ao mês) em igual comparativo.

Endividamento 

O aumento da Selic tem efeito em cascata sobre outras taxas de juros, o que pode piorar a situação dos consumidores muito endividados. O risco é maior para quem usa cheque especial ou não paga a fatura integral do cartão de crédito, entrando no rotativo. Essas são as duas modalidades com juros mais elevados do mercado.

No cheque especial, a taxa de juros média é de 128,6% ao ano (equivalente a 7,13% ao mês) e, no rotativo do cartão de crédito, de 339,5% ao ano (13,13% ao mês). Essa taxa média subiu nos últimos 12 meses 14,6 e 30,1 pontos percentuais, respectivamente.

“Essa rolagem vai ficando com um custo ainda mais caro e difícil de pagar, vira uma bola de neve. O ideal é procurar uma opção mais barata, como o consignado”, disse Karina Garbes, economista do aplicativo Renda Fixa.

Leia também: Sinal de alerta: Brasileiros estão mais endividados e pagando juros mais altos

Mercado de trabalho 

A alta dos juros inibe os investimentos por parte das empresas. Além do custo maior, elas terão menor demanda pelos seus produtos e, por isso, têm menos motivos para contratar e ampliar produção. O resultado é de efeito negativo no mercado de trabalho, que registra uma taxa de desemprego de 13,2%.

“A Selic alta eleva o custo de investimento, que faz com que as empresas contratem menos, isso pode aumentar o desemprego”, diz Carnevalle, da Ouro Preto Investimentos.

 

 

 

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