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Ritmo de alta de 1,5 ponto nos juros será suficiente para controlar a inflação?

Para alguns analistas, BC tomou decisão acertada ao elevar taxa para 7,75%; outros acreditam que Copom poderia ir além

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) entregou nesta quarta-feira, dia 27, o que uma parte relevante do mercado esperava: uma alta de 1,5 ponto na taxa básica, a Selic, e a sinalização de aumento igual na próxima reunião. Dessa forma, tudo indica que os juros terminarão 2022 em 9,25% ao ano.

A pergunta que fica é: esse ritmo será suficiente para controlar as expectativas de inflação e a curva de juros, pressionadas pela deterioração do cenário fiscal?

Da mesma forma que as apostas para alta da taxa nesta reunião mostraram uma abrangência raras vezes vista – variando de aperto de um a três pontos percentuais –, as opiniões sobre a eficiência da decisão do colegiado também são distintas.

Muitos analistas acreditam que o BC poderia ter sido mais ousado no aumento para ficar à frente da curva de juros – ou seja, dar uma espécie de “susto” no mercado, elevando a Selic mais que o esperado para controlar as expectativas.

“O Copom entregou o que o mercado estava precificando. Não sei ser vai ser suficiente, acho que teria sido importante ter tentado ficar à frente da curva de juros, mas não foi o que aconteceu”, apontou Gustavo Ribeiro, economista-chefe da Asa Investments.

Na avaliação dele, o mercado fica agora de olho nos desdobramentos da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios, que altera o teto e prorroga o pagamento dessas dívidas para permitir a elevação de despesas no ano que vem.

“Agora estamos dependentes da PEC, com o mercado em um nível de tensão ainda elevado”, disse. “Ao não se colocar à frente da curva, temos um risco relevante de uma nova aceleração no ritmo de alta da Selic.”

Meta impossível

Para o economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, uma taxa Selic de um dígito não consegue controlar a variação de preços nem em 2023 (ou seja, no longo prazo) – para ele, cumprir a meta de 2022 já está fora de questão.

“Dados os recentes riscos fiscais, acreditamos que a taxa Selic alcançar 9,75% por ano, como mostram as previsões de mercado, provavelmente não será suficiente para entregar a inflação no alvo em 2023 (2022 parece fora de alcance neste momento)”, afirmou, em relatório. “Nós esperamos agora que a taxa atinja acima de 10% no final do ciclo.”

Decisão acertada

Para o economista-chefe da Órama, Alexandre Espírito Santo, a decisão foi acertada.

“A despeito da responsabilidade fiscal ser fundamental para a ancoragem das expectativas, parte da inflação atual está sendo impulsionada por choques de oferta”, lembrou, em relatório. “Sendo assim, pode ser prematura a visão de uma relação mecânica, automática e imediata dos atuais ruídos políticos sobre a demanda, que exijam um choque de juros desproporcional para contê-la.”

Em outras palavras, a avaliação é que pode ser exagerada a percepção de que o anúncio do governo de que vai mudar o teto de gastos para permitir mais despesas em 2022 terá um impacto rápido e automático sobre a variação de preços. A inflação, pondera o economista, está relacionada principalmente a problemas de oferta.

É uma percepção parecida com a do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.  “Avaliamos, bem como o comunicado pela autoridade, que o ritmo é suficiente para promover a convergência da inflação para meta no horizonte relevante para política monetária”, observou, em relatório, avaliando que a taxa básica será elevada em mais três pontos pelo BC ao longo dos próximos meses, até atingir 12% em meados do ano que vem.

 

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