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Petrobras (PETR4), Cielo (CIEL3) e GPA (PCAR3) se livram de negócios para superar passado

Petrobras, Cielo, Grupo Pão de Açúcar, IRB e Méliuz são empresas que de desfizeram de alguns ativos em busca de atingir diferentes objetivos.

Foto: Shutterstock/Ground Picture

A vida das empresas é determinada por decisões diárias para atingir seus objetivos e a venda de ativos é uma das opções no vasto portfólio de estratégias.

Algumas companhias optam por se desfazer de ativos em busca de captar recursos para aliviar pressões das dívidas, manter as operações em atividade ou até mesmo para dar um “empurrãozinho” nos negócios.

Empresas como Petrobras (PETR4), Grupo Pão de Açúcar (GPA – PCAR3), Cielo (CIEL3), IRB Brasil (IRBR3), e Méliuz (CASH3) são alguns exemplos de companhias que venderam ativos em busca de atingir diferentes objetivos.

A Petrobras, por exemplo, iniciou o plano de desinvestimento no início de 2015 e chegou a arrecadar R$ 280,4 bilhões até julho de 2022. A estatal vendeu cerca de 67 ativos, sendo que 40% eram do setor de exploração e produção de petróleo (E&P), segundo dados do Privatômetro do Observatório Social do Petróleo (OSP).

Já o GPA separou as operações do Assaí (ASAI3) em busca de destravar valor nas operações, além de vender os hipermercados Extra.

A Cielo optou pela venda da Merchant e-Solutions para focar no core business, que é o mercado de pagamentos eletrônicos.

Para o IRB, não foi uma questão de estratégia, mas sim de sobrevivência. A resseguradora teve que vender os ativos para cumprir exigências regulatórias da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e manter as operações em atividade.

Por fim, a Méliuz fez uma parceria estratégica com o Banco BV no qual estava incluso a venda do controle do Bankly, sua plataforma de serviços financeiros, em busca do tão esperado turnaround.

No entanto, as decisões tomadas têm impacto significativos na estratégia de negócios e nos resultados da companhia no curto e longo prazo e nem sempre são positivos.  

A “nova” Petrobras (PETR4)

A estratégia de desinvestimentos surgiu como uma solução para reduzir o alto patamar de dívidas, além de permitir à estatal focar em operações de maior rentabilidade, como a exploração do pré-sal.

Esta decisão foi decorrente de vários fatores que na época assombravam a companhia, como queda nos preços do petróleo, escândalos de corrupção e investimentos realizados que não geraram os resultados esperados.

Diante disso, a companhia optou por se desfazer de ativos em áreas como distribuição de gás, refino, campos maduros, entre outros.

Desde o início do plano estratégico em 2015 até dezembro de 2022, a companhia tem se tornado mais leve. Os ativos imobilizados chegaram a ser 40,5% menores que os registrados no fechamento do quarto trimestre de 2014.

A venda dos ativos possibilitou a recuperação das margens da companhia, uma vez que as operações se tornaram mais simples e eficientes.

Vale ressaltar que existem outros fatores que influenciaram a melhora operacional da companhia, como a vinculação dos preços de venda com a política de Preços de Paridade de Importação (PPI), por exemplo.

Em consequência, a companhia passou a gerar mais caixa, que, somado às arrecadações das vendas, tornaram o plano de reduzir o endividamento bem sucedido ao apresentar uma queda de 59% na dívida bruta da companhia.

Sobrou até para os acionistas que receberam gordos dividendos em 2022, no montante de US$ 21 bilhões, o suficiente para se tornar a segunda maior pagadora de dividendos do mundo.

Resta saber como ficará essa estratégia com a mudança de gestão a partir da troca de governo.

Grupo Pão de Açúcar (PCAR3)

A tese do GPA era outra ao separar as operações do Assaí: o grupo buscava destravar um valor escondido da sua controlada.

Para isso, o grupo optou por segregar as operações das companhias em 2020 para dar maior visibilidade ao potencial crescimento que o segmento de atacarejo representava.

Não faz muito tempo, em outubro de 2021, o conselho de administração do GPA aprovou a venda de 70 hipermercados Extra Hiper, operados pela companhia, para o Assaí.

O objetivo do GPA nestas transações envolve uma mudança estratégica nas operações. Com a venda dos hipermercados, o grupo acelerou o plano de expansão com foco nas bandeiras premium e de proximidade, além de investir no e-commerce.

No quarto trimestre de 2022 o grupo inaugurou 29 lojas de proximidades, totalizando 135 lojas deste segmento.

Além disso, o GPA focou nas operações de maior rentabilidade que são os segmentos voltado para o público de média e alta renda.

Isto permitiu que a companhia apresentasse a maior margem bruta, de 22,6%, entre os pares do setor em 2022.

Só neste período, de dezembro de 2020 até dezembro de 2022, a perda do valor de imobilizado da companhia foi de 65,6%, para R$ 6,8 bilhões.

Apesar de simplificar as operações, o menor volume de imobilizados resultou em menor produtividade, impactando menores receitas para companhia, além de desvalorizar as ações.

Não bastasse, a companhia tem enfrentado outros problemas como alta inflação e juros, além de despesas extraordinárias que causaram um prejuízo de R$ 1,1 bilhão no último trimestre de 2022.

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Além do Assaí e do Extra, a companhia aprovou, dia 9 de janeiro, a redução do capital a partir da entrega de ações do Éxito, empresa colombiana de supermercados e hipermercados que faz parte do Grupo Pão de Açúcar.

Cielo: foco, força e fé

A Cielo foi a pioneira no mercado de maquininhas de cartão e desfrutava de margens e lucros robustos até que em 2018 a concorrência começou apertar e os resultados foram ladeira abaixo.

Diante da elevada competitividade a empresa optou por um plano de desinvestimento de ativos para focar nos serviços de pagamentos eletrônicos, no qual é líder de mercado.

O plano, que foi iniciado em janeiro de 2021, permitiu à companhia arrecadar cerca de R$ 314 milhões em um ano. Já em 2022, a Cielo optou por dar um passo maior ao vender sua subsidiária Merchant e-Solutions por R$ 1,5 bilhão, uma vez que as operações não estavam gerando o retorno esperado.  

Com a venda, a empresa conseguiu focar no core business e recuperar, em partes, a rentabilidade do negócio. Além disso, a venda permitiu à companhia reduzir sua dívida líquida e fortalecer o caixa.

A partir daí, a companhia elevou a capacidade em honrar com as dívidas, reduzindo o risco de insolvência. Além disso, a maior flexibilidade no caixa permitiu que a companhia investisse em tecnologia e novas soluções para os clientes, o que gerou uma melhora operacional e manteve a companhia na liderança do mercado de maquininhas.

IRB Brasil

A história da IRB é mais dramática, uma vez que a companhia luta há mais de 2 anos para se manter ativa no mercado após boatos de fraudes e má gestão.

No segundo trimestre 2022, a resseguradora teve que desembolsar ainda mais dinheiro para arcar com maiores sinistros ao agronegócio causados pelas secas.

Diante disso, a situação se complicou e a companhia não cumpriu com as obrigações exigidas pela Susep em relação a dois indicadores que garantem a solvência da companhia e a segurança dos segurados.  

Para se encaixar novamente nas normas exigidas, uma das estratégias utilizadas pela companhia foi a venda ativos, que incluiu a comercialização da sede da resseguradora localizada no Rio de Janeiro por R$ 85 milhões.

Em um menos de ano, de dezembro 2021 até setembro de 2022, a companhia havia reduzido a quantidade de imobilizados em 80,7%, o que ajudou a companhia a se enquadrar às exigências. Além disso, a resseguradora contou com a emissão de novas ações concluída em setembro, que levantou R$ 1,2 bilhão em capital.

No entanto, a situação ainda é delicada e os resultados são cada vez mais fracos, o que inspira pessimismo no investidor.

Méliuz

A situação da Méliuz, também não é nada confortável, o que levou a companhia a buscar uma parceria do banco BV para alavancar as operações e reduzir os custos.

Em dezembro de 2022, o BV comprou 3,85% do capital da Méliuz e terá opção de comprar mais 20%, que dariam o controle da operadora de cashback ao banco.

Como parte da “aliança estratégica”, o BV adquiriu 51% do Bankly, sendo que foi assinado um contrato preliminar que permite a compra na totalidade nos próximos 90 dias por um valor de R$ 210 milhões.

Este acordo deve ser benéfico para dar tração ao segmento que vinha rendendo pouco à companhia. A parceria deve acelerar o processo de expansão dos produtos e serviços sem afetar o fluxo de caixa da Méliuz.

Além disso, a companhia vem sofrendo com alta concorrência no segmento de cashback e a redução dos custos pode trazer uma leve melhora nas margens.

Outro ponto é que, com um caixa mais robusto, a companhia tem maior flexibilidade para utilizar os recursos em investimentos mais rentáveis ou em melhorias operacionais, além de focar na sua especialidade que é o cashback, em busca do tão sonhado turnaround.

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