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O que o fim dos “pedacinhos” significa para o Nubank (NUBR33)

Na prática, o ticker NUBR33 continuará negociado na B3, mas com uma categoria diferente

Foto: Nubank/Reprodução do blog

Há cerca de um mês, o Nubank (NUBR33) anunciou que sairá do Brasil. Não do ponto de vista operacional, já que o banco segue com iniciativas de crescimento, mas de seus papéis listados na B3.

Antes de completar um ano como empresa listada na Bolsa brasileira, a fintech resolveu encerrar a negociação de seus BDRs (Brazilian Depositary Receipts) em nível III. O Nubank continuará negociado, mas com o nível I.

O nível III é destinado às companhias que efetivamente são listadas no Brasil, ao passo que o nível I é voltado para empresas estrangeiras que não precisam ter listagem no país onde são negociados. 

Nesse caso, a emissão dos BDRs fica a cargo de uma instituição depositária, que também é responsável por manter os papéis lastreados nos valores mobiliários emitidos no exterior de tal companhia. 

Na prática, o código NUBR33 continuará na B3. As diferenças são sutis, mas é important entender que o Nubank deixará de ser uma empresa listada na Bolsa do Brasil. 

A decisão foi justificada pela fintech como uma maximização da eficiência e minimização de “redundâncias consequentes” da listagem em mais de um país. Em dezembro de 2021, o Nubank decidiu fazer uma dupla listagem, e a saída do Brasil não altera em nada sua negociação nos Estados Unidos. 

Entretanto, a escolha demonstra as mudanças de rumo da companhia e um momento mais difícil do mercado de capitais para as empresas de sua categoria. 

O que vai acontecer com os pedacinhos

De forma oficial em seu blog, o Nubank nomeou essa mudança nos chamados pedacinhos de “transição”.

Vale lembrar que, no fim do ano passado, a companhia distribuiu gratuitamente “pedacinhos”, em uma iniciativa de promoção do IPO.

O programa foi chamado de NuSócios, e cada um desses pedacinhos representava um sexto (ou 16,66%) da ação americana da companhia. Cada detentor poderia vender seu pedaço apenas 12 meses após a realização do IPO, ou seja, em dezembro deste ano, em um processo chamado de lock-up.

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E esse período de restrição, inclusive, vai continuar até dezembro, como já era previsto. Após a oferta completar um ano, investidores terão duas escolhas simples: vender os BDRs ou mantê-los, mas no nível I. A opção aparecerá no app.  

Quem tem BDRs suficientes para convertê-los em stocks da empresa, negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), também poderá realizar essa opção. 

O programa de distribuição de BDRs do Nubank levou 7,5 milhões de pessoas físicas à Bolsa – à época, mais do que o dobro de CPFs existentes na Bolsa, embora não tenha sido informado quantos já eram investidores antes. 

Ao todo, os detentores dos pedacinhos ficaram com 0,44% da oferta pública global. A ação de marketing custou R$ 64,2 milhões à fintech. Nos nove meses encerrados em setembro de 2021, de acordo com dados apresentados no prospecto da oferta, o resultado antes dos tributos sobre o lucro foi negativo em R$ 435,6 milhões.

Ao todo, 815 mil pessoas investiram no IPO do Nubank aqui no Brasil, sendo a maior abertura de capital da história no varejo do mercado de capitais brasileiro. 

O Nubank vai sair do Brasil?

Como a própria fintech já explicou, o Nubank não sairá do país, assim como seus BDRs não vão deixar de ser negociados. A definição, contudo, mostra um pouco do viés da companhia para os mercados brasileiro e global para as empresas da categoria. 

A escolha foi justificada pelo Nubank com a maximização da eficiência de sua operação. Mesmo após ter estudado os custos e a exigência de realizar uma dupla listagem na época do IPO, a companhia seguiu em frente com a ideia do NuSócios. 

E as demandas estruturais para listagem nos dois países já eram de conhecimento da companhia em dezembro do ano passado, quando captou US$ 2,6 bilhões com a abertura de capital. A dinâmica do mercado mudou e a empresa pode ter visto os custos não valerem a pena, mas o motivo não é muito convincente. 

A XP Inc., ao abrir capital na Nasdaq no fim de 2019, escolheu listar seus BDRs no Brasil, posteriormente, apenas com o nível I, com menores exigências do que o nível III.

Diferentemente da fintech fundada por Guilherme Benchimol, o Nubank teve de voltar atrás em função das condições macroeconômicas e monetárias para as empresas de crescimento em geral.

Até o fechamento da última terça-feira (11), os BDRs do Nubank haviam perdido 69% de seu valor desde que começaram a ser negociados na B3. 

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