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Apesar de queda em setembro, IGP-M acumula alta de 25% em 12 meses: que ações podem oferecer proteção para sua carteira?

Foto: Unsplash

A elevação da inflação vem ganhando cada vez mais atenção dentro das preocupações de investidores e não dá sinais de arrefecimento no médio prazo, ainda que possa arrefecer em alguns períodos. 

Apesar da deflação de 0,64% registrada em setembro, o IGP-M, índice mais focado em preços no atacado, já disparou 24,86% nos últimos 12 meses, enquanto o IPCA, índice oficial da inflação brasileira, acumulava alta de 9,68% em um ano, até agosto.  

Neste contexto, o Banco Central decidiu antecipar um movimento de alta de juros em março, levando a Selic a sair de 2% ao ano para 6,25% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com sinalizações claras de novos aumentos pela frente. 

Uma inflação sob pressão pode ter impacto sobre os custos de empresas dos mais diferentes setores da economia, com eventuais reflexos sobre o desempenho de suas ações. 

Há, contudo, papéis que podem se beneficiar do aumento de preços, diante da possibilidade de repasse aos serviços e produtos ofertados, com reflexo sobre seus resultados financeiros. 

Neste contexto, o destaque recai sobre empresas cujos serviços e produtos são considerados essenciais e de setores regulados, como de energia, saneamento e varejo de alimentos.  

Dois grupos de ações se destacam.  

1º: Empresas com contratos indexados à inflação; 

2º: Empresas ligadas a exportação. 

Do primeiro grupo, fazem parte empresas de saneamento (Sabesp, Copasa e Sanepar), de energia elétrica (Taesa, ISA CTEEP e AES Brasil) e concessionárias de rodovias (CCR e Ecorrodovias), além de companhias donas de shopping centers, que têm seus aluguéis indexados à inflação. 

Destacamos a empresa de energia Taesa, que protege o investidor em períodos de inflação alta prolongada, já que seus contratos são reajustados pelo IGP-M e ou IPCA.  

No segundo trimestre de 2021, a companhia estabeleceu as Receitas Anuais Permitidas (RAP) das concessões de transmissão para o ciclo 2021-2022, passando a valer a partir de julho de 2021 até 30 de junho de 2022, com reflexos positivos apenas sobre os resultados do terceiro trimestre. As concessões atreladas ao IGP-M sofreram um reajuste de 37,04% e as concessões ajustadas pelo IPCA, de 8,06%.  

Elevações nos índices de inflação foi o principal fator a ter influenciado o crescimento de 50,3% do lucro líquido IFRS do segundo trimestre deste ano, que totalizou R$ 697,9 milhões. No primeiro semestre, a Taesa apresentou lucro líquido de R$ 1,254 bilhão, um aumento anual 46,6%, se comparado ao primeiro semestre de 2020. 

A companhia também se destaca por ter uma receita recorrente, que não está ligada à demanda, ou seja, que independe da quantidade de energia transmitida. As margens da empresa são bem altas e constantes, como podemos verificar nos números dos últimos 12 meses. 

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Além disso, como a companhia tem receita recorrente e não necessita de grandes investimentos, é considerada uma boa pagadora de dividendos. Nos últimos 12 meses o retorno via proventos ficou acima do IPCA.  

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No ano, os papéis da Taesa (TAEE11) sobem cerca de 48%. 

Exportadoras 

No segundo grupo de empresas que oferecem proteção com a inflação pressionada, as exportadoras se destacam por terem suas receitas – ou parte delas – em dólar, o que acaba protegendo o investidor do aumento dos preços dos produtos no Brasil. Na Bolsa, alguns destaques são representados por Suzano, Embraer, Vale e JBS.  

Empresas exportadoras estão menos expostas à inflação do real, historicamente mais alta do que a da moeda americana. Portanto, investir em empresas exportadoras é relevante para elevar a diversificação da carteira, priorizando companhias com operações lá fora, menos sujeitas aos efeitos de um juro brasileiro mais alto, como é o caso da Vale e da JBS.  

As empresas mais prejudicadas 

Na direção oposta, as empresas mais prejudicadas pela alta da inflação são aquelas que oferecem bens e serviços não essenciais, bastante dependentes da renda do consumidor. Neste contexto, companhias de varejo de vestuários, bens duráveis e de turismo são pressionadas. 
 
Diante disso, destacamos os números da Via (VIIA3) para ilustrar o reflexo penoso do aumento da inflação sobre os números da empresa de varejo. No segundo trimestre de 2021, a Via reportou queda em seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), indicador que demonstra o potencial real de geração de caixa de uma companhia. 

Do primeiro para o segundo trimestre, o Ebitda da Via caiu 32%, para R$ 378 milhões. Na comparação anual, a baixa foi de 27,30%. A margem Ebitda, que caracteriza a capacidade operacional de caixa das empresas, também registrou queda. Ao fim de junho, o indicador estava em 4,80%, contra 7,42% no primeiro trimestre e 9,85%, no segundo trimestre de 2020, refletindo repasses de preços menores para priorizar o crescimento de mercado.  

Na Bolsa, a pressão da inflação, em um contexto de economia em crise por conta da pandemia, se reflete na queda praticamente generalizada dos papéis em um período de 12 meses até 28 de setembro, como é possível observar no gráfico a seguir. 

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Fonte: TradeMap (preço final da cotação em 28/09/21) 

*Sandra Peres é analista CNPI

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