Após semanas de volatilidade, o mercado iniciou esta quarta apreensivo com o que poderia acontecer com os sinais dados pelas políticas monetárias do Brasil e dos Estados Unidos: pela manhã, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) e, durante a tarde, reunião do Fed (Federal Reserve, que é o BC americano).
No fim do dia, a avaliação dos investidores é que as divulgações acalmaram os ânimos, pressionando para baixo o dólar comercial, que fechou em queda de 1,42%, a R$ 5,59, e os juros futuros – o contrato DI com vencimento em janeiro de 2025, por exemplo, operava em queda de 59 pontos base, a 11,99%.
O principal motivo de alívio partiu do Fed. O presidente da instituição, Jerome Powell, sustentou que a retirada total dos estímulos à economia não está relacionada à alta dos juros americanos. O fim do tapering (como é chamada a redução gradual de compras de títulos) em meados de 2022 vem sendo vinculado por analistas ao momento em que a autoridade monetária começaria a subir a taxa básica, hoje entre zero e 0,25% ao ano.
Em seu discurso pós-reunião, além de reafirmar que os dois processos não estão vinculados, Powell disse que os representantes regionais do Fed não detectaram “aumentos preocupantes” nos salários dos trabalhadores que possam aumentar o risco de uma espiral inflacionária. Ou seja, ainda não há um horizonte certo para a elevação dos juros americanos, o que pode ser considerada uma boa notícia para ativos de países emergentes como o Brasil, que são prejudicados por taxas mais atraentes na maior economia do mundo.
“O mercado melhorou como reação ao Fed, que deixou claro que o horizonte para a alta de juros nos Estados Unidos ainda está longe”, afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
No comunicado, a autoridade moentária informou que passará a comprar US$ 15 bilhões a menos por mês em títulos da dívida e títulos hipotecários – o ritmo atual corresponde a um total de US$ 120 bilhões por mês. O programa atual de compras foi desenhado logo após o início da pandemia de coronavírus, no primeiro semestre do ano passado, como forma de garantir a liquidez dos mercados.
Ata do Copom indicou juros mais elevados no fim do ciclo
Por aqui, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) indicou que a Selic, a taxa de juros básica da economia, terminará o atual ciclo de aperto monetário mais elevada do que o esperado há um mês, como consequência da mudança no cenário fiscal. No fim de outubro, o governo anunciou alteração no teto de gastos para acomodar mais despesas em 2022.
O documento indicou que a atual situação fiscal implica uma elevação “significativamente mais contracionista” do que o esperado a princípio, e foi bem recebido porque mostrou que o BC ainda está disposto a tentar ancorar as expectativas para a inflação do ano que vem.