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CVC (CVCB3): viagem rumo à retomada não tem volta, mas escalas estão no roteiro; entenda o balanço do 3º trimestre

Embora o resultado tenha agradado a maior parte do mercado, as ações da CVC ainda sofrem com o cenário mais difícil nas últimas semanas

Foto: Divulgação

A pandemia não acabou. Embora os números do combate ao coronavírus tenham melhorado nas últimas semanas, ainda há protocolos a serem seguidos. A mesma situação é observada na CVC (CVCB3), a maior operadora de turismo do Brasil.

No terceiro trimestre deste ano, conforme o balanço divulgado na última sexta-feira (12), a CVC teve prejuízo líquido ajustado de R$ 81,9 milhões, uma forte retração frente à perda de R$ 201,9 milhões, um ano antes. O resultado operacional ainda é negativo, mas sinais de melhora são claros.

A principal base comparativa da companhia remete a 2019, quando a pandemia ainda não havia paralisado o planeta inteiro. Em setembro, as reservas confirmadas já eram o equivalente a 72% do mesmo mês daquele ano. 

É bom que se diga que, à época, a CVC já passava por uma “tempestade perfeita”, com a quebra da Avianca e o óleo nas praias do Nordeste, os quais prejudicaram o resultado daquele período. 

Hoje, o Brasil já possui uma taxa populacional totalmente vacinada contra a Covid-19 maior que os Estados Unidos, segundo a plataforma Our World in Data, e caminha para a reabertura econômica total — como já aconteceu com as fronteiras. 

Passado o pior momento de uma das maiores crises sanitárias da história, o mercado espera que o segmento turístico volte a crescer a taxas acima do Produto Interno Bruto (PIB), como historicamente foi observado. Líder de mercado, a CVC aquece os motores para seguir viagem. 

Ações da CVC desde a chegada da pandemia no Brasil

Foto: TradeMap
Fonte: TradeMap

Foto do trimestre

Conforme a própria administração comentou nas páginas de sua divulgação trimestral, a comparação com o terceiro trimestre de 2020 pode não auxiliar na análise do desempenho da empresa no período, pois o aspecto pandêmico não é recorrente. 

Portanto, uma foto do terceiro trimestre em relação ao trimestre imediatamente anterior, ou então ao mesmo período de 2019, podem dar uma amplitude melhor da performance operacional da CVC. 

(EM MILHÕES) 3T21 2T21 VARIAÇÃO
RESERVAS CONFIRMADAS R$ 2.918 R$ 1.671 +74,06%
RECEITA LÍQUIDA R$ 230,4 R$ 115,5 +99,4%
EBITDA AJUSTADO -R$ 33,3 -R$ 130,8 +74,6%
PREJUÍZO AJUSTADO R$ 81,9 R$ 176,2 -53,5%

Vale a pena investir nas ações da CVC?

Embora o resultado tenha agradado a maior parte do mercado, as ações da CVC ainda sofrem com o cenário mais difícil nas últimas semanas. 

Por volta das 16h45 desta terça-feira, os papéis ordinários da CVC recuavam 4,82%, para R$ 15,79, perfazendo uma queda de 44% desde a máxima do ano, atingida em junho, a R$ 28,65. 

Em razão de suas particularidades, as ações da CVC naturalmente são mais voláteis do que a média do mercado. Enquanto a volatilidade do Ibovespa nos últimos 12 meses é de 20,5%, os papéis da agência de turismo apresentam uma intensidade de variação das cotações da ordem de 57%. 

Esse fato, somado ao endividamento da companhia em meio ao ciclo de alta da taxa de juros, deixam os especialistas ressabiados. 

Dos seis analistas que acompanham a empresa, em dados compilados pelo Refinitiv, disponíveis na plataforma do TradeMap, dois recomendam compra, três indicam manutenção da posição acionária e um sugere venda.

Esse último, inclusive, enxerga que há espaço para um downside de quase 50%, com as ações valendo R$ 8. No outro extremo, o analista mais otimista acredita que as ações da companhia podem subir 116%, para R$ 34,50. 

Foto: TradeMap
Fonte: TradeMap

Turismo brasileiro impulsiona CVC

O resultado da CVC no terceiro trimestre teve destaque na operação brasileira. Em setembro, a companhia registrou 92% do número de reservas confirmadas do mesmo mês de 2019. Um sinal de forte retomada do setor.

Segundo um levantamento da Kayak, site que compara preços e facilita a reserva de passagens, o preço dos tíquetes aéreos chegou a subir até 91% entre junho e outubro deste ano.

É verdade, porém, que o aumento dos preços tem relação com o maior custo com combustível das aeronaves, mas também mostra que a demanda voltou com força.

A receita líquida da operação brasileira somou R$ 168 milhões, um avanço de 133,3% frente ao reportado no trimestre imediatamente anterior. 

O tíquete médio, após ficar estável por três trimestres seguidos, subiu quase 15% na comparação trimestral, para R$ 912, beneficiando as margens da companhia. 

Perfil da dívida melhora, mas ainda reserva emoções

Em outubro do ano passado, a KPMG, uma das principais consultorias de contabilidade do mundo, assustou o mercado ao dizer que enxergava “incerteza relevante” para a continuidade operacional da CVC. Em três pregões subsequentes, as ações da empresa caíram 10%.

Hoje, a situação está menos conturbada. A KPMG retirou a avaliação de risco de continuidade da empresa em março deste ano, após a companhia empregar esforços na renegociação de dívidas e captação de recursos. 

Em agosto, a CVC levantou R$ 202,3 milhões no mercado, para pagar parte de suas dívidas. Entre elas, a terceira e a quinta emissão de debêntures, de forma integral, e 10% da primeira e da segunda séries da quarta emissão de debêntures. Esses papéis eram os que mais incomodavam, pois venciam no curto prazo.

Com isso, entre o quarto trimestre do ano passado e o terceiro trimestre de 2021, a dívida líquida foi reduzida em 35,45%, para R$ 446 milhões.

Queda da dívida líquida da CVC

Foto: TradeMap
Fonte: TradeMap

Uma das “escalas” na viagem da companhia ainda é equalizar esse endividamento. Com base nos últimos 12 meses, a alavancagem financeira, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda, está em 3,44 vezes, patamar elevado.

O último trimestre deste ano será importante para a companhia, quando tentará respirar ainda mais aliviada ao atender uma demanda reprimida por turismo e aproveitar a alta temporada. Caso contrário, a CVC terá de cancelar suas passagens rumo ao lucro. 

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