Os investimentos do Grupo Carrefour Brasil (CRFB3) no BIG foram um dos motivos que fizeram a margem de lucro da empresa encolher no segundo trimestre, assim como o aumento de despesas decorrente da inflação elevada e da expansão de lojas próprias.
Neste segundo trimestre, o Carrefour Brasil começou o processo de conversão de lojas BIG para lojas do Atacadão e Carrefour – cerca de 16 lojas já estão com obras iniciadas.
Além disso, o crescimento de lojas próprias do Carrefour continuou a todo vapor. O grupo abriu seis unidades Cash and Carry – segmento mais conhecido como “atacarejo” – e quatro lojas de lojas de conveniência, chegando a 258 lojas do primeiro tipo e a 146 lojas do segundo.
O Carrefour investiu R$ 658 milhões no segundo trimestre – e quase todo este dinheiro foi direcionado de alguma forma para construção e reforma de lojas. Em termos de custo, o momento foi pouco propício. A inflação dos materiais de construção medida pelo INCC atingiu 11,75% no acumulado de 12 meses até junho.
Deste total, R$ 417 milhões foram para expansões (incluindo conversões de lojas Makro), R$ 133 milhões para reformas (expansão do Atacadão), R$ 23 milhões em reformas de lojas e o restante em tecnologia de informação TI e outros investimentos.
Outro ponto que ajudou a aumentar as despesas da companhia foi o crescimento de 37% no custo de mercadorias vendidas no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2021. O aumento, superior à inflação, foi puxado pelo preço mais alto dos produtos no segmento de varejo, em reação à valorização das commodities.
Estes fatores levaram a margem líquida do Carrefour a 2,5% no segundo trimestre, queda de 0,9 ponto percentual (p.p.) em comparação com mesmo período de 2021. A margem líquida mede quanto da receita da companhia foi convertida em lucro.
O lucro do Carrefour excluindo ganhos ou perdas que não devem se repetir nos próximos trimestres foi de R$ 600 milhões – alta de 1,3% em relação ao segundo trimestre do ano passado. Excluindo o BIG, o resultado teria sido um pouco maior, de R$ 631 milhões.
A margem Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) caiu 0,7 p.p., para 7,1%. Excluindo os resultados do BIG, a margem Ebitda seria de 7,3%.
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Atacadão puxou crescimento do Carrefour
Mesmo com margens menores, o Carrefour aumentou o volume de vendas, carregado principalmente pela divisão de “atacarejo”, com o Atacadão.
A empresa registrou aumento de 35,6% no faturamento no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2021, incluindo as vendas do Grupo BIG. Excluindo o BIG, o avanço é de 25,5%.
O aumento é expressivo tendo em vista o atual cenário macroeconômico de alta inflação e baixo poder de compra do consumidor – condições que favorecem as vendas do segmento de “atacarejo”, cujos produtos têm preços menores.
A importância do “atacarejo” fica mais evidente quando se compara o crescimento na receita desta divisão com a de supermercados. O faturamento do Atacadão cresceu 29,4% no segundo trimestre, quase o dobro da expansão de 15,2% observada no Carrefour. Em ambos os casos, a alta foi puxada pelas vendas de alimentos.
Em meio ao atual cenário macroeconômico os consumidores optam por produtos essenciais no dia a dia e tendem a deixar de lado compras de itens menos essenciais, como eletrodomésticos. Contabilizando apenas as vendas da categoria de alimentos, no varejo Carrefour, o crescimento da receita seria de 18,3%
Expectativa para 2º semestre é de rentabilidade maior
A expectativa de margens de lucro maiores para o Carrefour é grande para o segundo semestre, em parte porque o Auxílio Brasil, benefício distribuído pelo governo federal à população mais pobre, aumentará de R$ 400 para R$ 600 a partir de agosto e deve aquecer novamente as vendas no varejo. Além disso, é ano de Copa do Mundo de futebol, o que faz os consumidores aproveitarem para trocar ou comprar televisores.
Com o aumento esperado na demanda, é possível que haja elevação dos preços, favorecendo melhores rentabilidades.
Já no médio prazo, a expectativa está nos ganhos financeiros que podem vir da transformação das lojas BIG em lojas do Atacadão e Carrefour. Isso deve diluir custos fixos da empresa e aumentar o volume de vendas.
A projeção, segundo o Carrefour, é que o grupo BIG incremente em R$ 2 bilhões o Ebitda da empresa durante três anos após aquisição. A integração total deve ser concluída só daqui um ano e meio, no início de 2024.
Por volta das 11h40, as ações do Carrefour estavam entre as maiores altas da Bolsa no dia, com valorização de 4,95%.