Bitcoin supera US$ 21 mil e sobe cinco vezes mais que Wall Street em 2023; agora vai?

Fluxo positivo é impulsionado por arrefecimento do temor de crise mundial com expectativa de alívio nos juros americanos

Foto: Shutterstock/Julia Tsokur

O Bitcoin (BTC) completou o ciclo de recuperação após o colapso da FTX, no início de novembro, e voltou a se firmar acima do patamar de US$ 21 mil.

Desde o começo do ano até este início desta semana, a maior cripto em valorização do mercado soma alta superior a 27%, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. No mesmo período, o Ibovespa registra queda de 0,48%.

A valorização do Bitcoin é mais que cinco vezes maior do que o índice da Nasdaq, a Bolsa de Wall Street que concentra as empresas de tecnologia, que até a sexta-feira (13), acumulava valorização de 5,85%, enquanto o S&P 500 tinha elevação de 4,16%. Vale lembrar que as Bolsas americanas estiveram fechadas nesta segunda (16).

O fluxo positivo reflete o arrefecimento do temor de recessão global com a expectativa de que os juros americanos não vão subir além do previsto, conforme dados da inflação divulgados na semana passada.

A inflação ao consumidor dos Estados Unidos recuou 0,1% em dezembro, em um cenário um pouco melhor do que a estabilidade esperada pelo mercado, dando sinais de que a maior economia do mundo começa a esfriar.

O resultado reforça a tese mais otimista de que o Fed, o banco central americano, não vá precisar subir os juros para além do esperado, pouco acima de 5% até o fim deste ano.

Juros menores diminuem a rentabilidade da renda fixa, e leva os investidores a buscarem opções mais arriscadas para aportar o dinheiro, como as criptomoedas.

A alta tem fundamento?

Diante deste novo rali, já é possível afirmar que o inverno cripto – período marcado pela forte desvalorização do mercado – já passou? Analistas dividem opinião a respeito, principalmente em relação ao fôlego que o momento atual tem para seguir adiante.

Para José Artur Ribeiro, CEO da corretora Coinext, os sinais apontam para um caminho menos tortuoso, apesar de ainda trazer resquícios da volatilidade observada ao longo de todo o ano passado.

Olhando mais à frente, ele destaca o movimento de antecipação do halving do Bitcoin, previsto para 2024, o fenômeno que ocorre a cada quatro anos e marca a queda pela metade das recompensas aos mineradores.

Tradicionalmente, sempre que o movimento é concluído, a moeda passa por uma forte valorização, como observada entre 2020 e 2021, quando o BTC atingiu a cotação máxima próxima de US$ 70 mil.

“Baseado no histórico, o mercado começa a precificá-lo antes. Considerado isso, a expectativa é que este ano tenhamos subidas mais consistentes, ainda que com certa volatilidade”, diz.

Com uma visão menos otimista, Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, afirma que a recente alta do Bitcoin é resultado de um short squeeze, forçado pelo encerramento de posições vendidas, ou seja, de investidores que estavam apostando na queda da cripto.

Esse cenário fica mais claro pela subida isolada do BTC, enquanto as Bolsas americanas, sobretudo a Nasdaq, apresentaram uma valorização muito aquém dos criptoativos.

“Não dá para falar que o inverno cripto está chegando ao fim, mas agora temos uma perspectiva de um 2023 melhor do que o ano passado, já que o pior cenário para a inflação americana passou”, avalia.

Carl Erlam, analista sênior de mercado da Oanda, casa de análise baseada no Reino Unido, destaca que os investidores precisarão de sinais mais sólidos de recuperação antes de se deixar levar pelo momento de otimismo.

Em nota, o especialista ressaltou que o mercado pode estar passando por um momento de correção de preços após os fortes descontos vistos ao longo de 2022, ano que o BTC registrou a queda de 63%.

Para ele, os investidores devem esperar por indicadores mais sólidos antes de voltar a apostar na concretização do fluxo positivo.

“Será preciso muito mais do que [um cenário favorável a] uma retomada do risco para trazer os traders de volta a bordo”.

O que esperar para as próximas semanas?

Olhando para as próximas semanas, os analistas esperam pela estabilização da moeda no atual patamar. A próxima reunião do Fed para definir o passo seguinte em relação aos juros, agendada para o início de fevereiro, é apontada como o principal teste para medir a força da recente valorização do Bitcoin.

Atualmente, os juros americanos estão na banda de 4,25% a 4,50% ao ano. Pesquisa do Grupo CME aponta que o mercado aposta em nova alta de 0,25 ponto percentual, metade do aplicado no último encontro de 2022.

Além dos fatores macroeconômicos, Medeiros destaca que o otimismo também depende da falta de notícias negativas envolvendo empresas do setor de criptoativos, como o bloqueio do acesso dos investidores ou outros entraves que levem a novas desconfianças.

“Subir [a cotação] de onde estamos é um movimento mais difícil, já que vai precisar de notícias positivas [para isso], não só macro, mas do próprio universo cripto”, destaca.

Na mesma linha, Ribeiro. da Coinext, ressalta que os investidores devem ficar atentos a novos desdobramentos da crise gerada pela FTX e de indicadores econômicos.

A companhia entrou com pedido de recuperação no início de novembro do ano passado, dias após ter bloqueado o acesso dos investidores aos ativos. O movimento desencadeou uma crise de desconfiança entre outras empresas e deu forças para uma das maiores quedas do mercado em 2022.

“Há sempre risco de novas quedas ainda decorrente do efeito dominó da FTX. Ou ainda notícias pessimistas do cenário macroeconômico, principalmente, da economia americana”, afirma.

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