Ibovespa tem queda generalizada com rumores sobre Petrobras (PETR4) e queda em preço de commodities

O Ibovespa derrete mais de 3% no primeiro pregão da semana, enquanto vê praticamente todas suas ações recuarem. Pesa sobre o índice uma baixa no preço do minério de ferro, que pressiona ações ligadas à commodity.

Além disso, o mercado está de olho em possíveis nomeações para o novo governo Lula e aguarda a reunião do Federal Reserve, o banco central americano, na quarta. O principal índice da B3 recuava 3,17% às 13h, operando aos 104.120 pontos.

Na ponta negativa, a ação da BRF (BRFS3) tinha uma baixa de 6,65%, estendendo as perdas dos últimos pregões.  

No final da última semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) intensificou as medidas de prevenção à gripe aviária no país, após outras regiões da América Latina registrarem casos da doença.  

No início do mês, após o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) afirmar que um surto de gripe aviária resultou na morte de mais de 50,5 milhões de aves no país, o governo do Equador declarou emergência de saúde animal, devido ao mesmo surto. 

A nova onda de gripe aviária é considerada pelos americanos como a mais grave para esta doença na história, batendo o recorde das mortes da crise de 2015. 

Dentre as ações ligadas a commodities metálicas, a Vale (VALE3) caía 3,10% e CSN Mineração (CMIN3) perdia 6,39%. No caso das siderúrgicas, CSN (CSNA3) tinha queda de 5,47%, Usiminas (USIM5) recuava 5,12% e Gerdau (GGBR4) se desvalorizava 2,22%.

Esses papéis recuam com intensidade repercutindo incertezas relacionadas à China. Isso porque o aumento no volume de casos da Covid-19 nos últimos dias coloca em risco o processo de reabertura econômica do gigante asiático.

E essa dúvida bate diretamente na cotação da commodity. Na bolsa de Dalian, o preço do minério de ferro caiu 0,80%, a US$ 115,10 por tonelada.

Ainda dentre as principais baixas, a Petrobras (PETR4) recuava 5,79%, repercutindo rumores de que o novo presidente da empresa pode ser o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), a partir do ano que vem.

De acordo com Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, Mercadante “é um nome muito forte para ocupar a presidência da empresa” e foi peça importante na campanha eleitoral do PT, que consagrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como próximo presidente do país.

Na visão do Bradesco BBI, a indicação de Mercadante romperia com critérios previstos na Lei das Estatais, “dado o envolvimento direto do político na campanha de Lula”. A Lei das Estatais veda a indicação de pessoas que nos últimos 36 meses tenham exercido trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral.

A sinalização é considerada negativa para a governança da empresa, na avaliação do Bradesco BBI.

Já informações da Bloomberg sugerem que Mercadante pode comandar o BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social) no ano que vem. A incerteza contribui para a performance negativa do Ibovespa nesta segunda.

Cielo lidera altas do Ibovespa

A ação da Cielo (CIEL3) tinha alta de 2,76% nesta tarde. Mais cedo, o UBS BB elevou a recomendação do papel para compra, com um preço-alvo de R$ 7. O novo patamar de preço representaria uma valorização de 60,92% em relação ao último fechamento da ação.

Segundo o banco, a recente queda de 30% nos papéis combinada com boas perspectivas de crescimento, “fornece um ponto de entrada atraente para a ação”.

O UBS BB não foi o primeiro banco a apostar no papel após as quedas verificadas desde outubro. Na sexta, analistas do BTG divulgaram um relatório no qual afirmam que a baixa de 30% no preço da ação desde outubro é “infundada”. Para o banco, o papel voltou a ficar barato e é hora de comprar.

“Indo direto ao ponto, não vemos nenhuma razão fundamental para a forte correção além da deterioração do mercado em geral”, disseram os analistas do BTG Pactual, em relatório.

Bolsas internacionais

Os mercados globais operam em direções mistas nesta segunda, enquanto os investidores monitoram mais dados de inflação pelo mundo e aguardam a definição da nova taxa de juros americana, que será decidida na quarta-feira (14), pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

A expectativa é que o Fed aumente em 0,5 ponto percentual a taxa básica do país, desacelerando o ritmo de altas e atingindo uma faixa de 4,25% e 4,50% ao ano.

Ainda nos EUA, o mercado acompanhará a divulgação dos dados da inflação ao consumidor na terça (13), que deverão influenciar o rumo da taxa de juros do país. 

Na quinta, é a vez do BoE (Banco da Inglaterra) e do BCE (Banco Central Europeu) divulgarem as novas taxas do Reino Unido e da zona do euro.