Os contratos de juros futuros e o dólar abriram em queda pelo segundo dia seguido nesta terça-feira (29), com investidores digerindo a PEC da Transição protocolada na véspera e reagindo à melhora do cenário internacional, com o arrefecimento das tensões na China.
O mercado também repercute a deflação acima do esperado pelo IGP-M (Índice de Preços Geral – Mercado) de novembro. O indicador mostrou queda de 0,56% nos preços, enquanto o mercado apostava em retração de 0,38%.
“O cenário está mais tranquilo, começando pelo IGP-M, que veio até melhor do que era esperado. A expectativa era de uma deflação na casa dos 0,30%, e veio na casa dos 0,50%. Então ainda mostra que a inflação está num ritmo de desaceleração menor, mas está desacelerando”, apontou o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Ainda no cenário interno, o Brasil teve saldo positivo de 159 mil vagas com carteira assinada em outubro, abaixo do esperado pelo mercado, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
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Por volta das 10h10, as taxas dos contratos DI com vencimento em janeiro de 2024 caíam de 14,28% ontem para 14,16% hoje, enquanto as taxas para janeiro de 2026 recuavam de 13,46% para 13,37%, segundo dados da plataforma TradeMap. No mesmo horário, o dólar tinha queda de 0,92%, para R$ 5,31.
China alivia tensão no mercado internacional
Notícias de que a China vai intensificar a vacinação de idosos contra a Covid-19, o que deve permitir a reabertura mais rápida das atividades, animaram o mercado neste início de sessão após a forte pressão negativa da véspera.
O país enfrenta uma série de protestos contra as medidas de isolamento social decorrentes da política de Covid Zero em meio à disparada dos casos da doença.
“Há sinalizações de redução das restrições na China, também com sinalização de estímulos, principalmente ao setor de construção. Isso anima as commodities, que estão em forte alta hoje”, aponta o estrategista do Grupo Laatus.
A expectativa é que, com a imunização em massa, Pequim seja mais flexível em relação às barreiras à circulação de pessoas, impostas de forma mandatória à população.
O movimento dá um novo ânimo para as commodities, que operam em alta nesta terça-feira, dada a perspectiva de que haverá retomada do crescimento econômico da China e na demanda por estes produtos.
PEC da Transição finalmente é protocolada
Após semanas de entraves, o texto que possibilitará ao governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastar mais que o limite previsto em lei foi protocolado no Senado na noite de ontem.
A PEC da Transição exclui despesas com o Auxílio Brasil e com outros itens do limite previsto no teto de gastos por um período de quatro anos. Para 2023, isso significaria um gasto extra-teto de quase R$ 200 bilhões, sendo R$ 175 bilhões para o custeio de programas sociais.
A PEC ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. A expectativa é de que os termos desta licença para gastar sejam endurecidos ao longo deste processo – por exemplo, com a redução de quatro para dois anos na autorização para as despesas acima do teto.
“O mercado percebe que tem uma gordura para queimar, e avalia que provavelmente a PEC vai ficar na casa dos R$ 150 bilhões”, diz Lattus.
O governo precisa de 27 assinaturas para iniciar os trâmites no Senado. Uma vez que a PEC comece a tramitar, será necessário o apoio de três quintos dos senadores e deputados para que ela seja promulgada. A expectativa é que o texto seja aprovado pelo Legislativo até o início da segunda quinzena de dezembro. Após este período, o Congresso costuma entrar em recesso.