Com alívio na curva de juros, Méliuz (CASH3) e Qualicorp (QUAL3) disparam na Bolsa

Bolsa brasileira recupera parte das perdas da semana com alívio na curva de juros, que impulsiona ativos ligados à economia doméstica

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

Após dois pregões consecutivos de baixa, diante do estresse na curva de juros, a sinalização feita pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que a alta dos juros pode estar se encerrando traz alívio no mercado e, com isso, as ações ligadas à economia doméstica avançam no pregão desta quinta-feira (24), recuperando parte das perdas recentes.

Na ponta positiva, Méliuz (CASH3) subia 8,18%, Qualicorp (QUAL3) ganhava 6,53%, Grupo Soma (SOMA3) avançava 6,54% e Americanas (AMER3) apontava em 6,36% para cima. No mesmo sentido, às 13h15, o Ibovespa tinha alta de 2,54%, aos 111.604 pontos.

Já os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2024 eram negociados com queda de 0,17 (p.p) ponto-percentual, a 14,40%, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2026 caíam 0,25 p.p., a 13,58%, segundo dados da plataforma TradeMap. O dólar comercial, por sua vez, recuava 1,15%, a R$ 5,31.

Na véspera, a ata da última reunião do Fed trouxe que os membros da instituição sinalizaram que irão suavizar a mão no aumento dos juros a partir da próxima reunião. No início deste mês, o Fed elevou o juro em 0,75 ponto percentual, para a faixa entre 3,75% e 4% ao ano, registrando o quarto aumento consecutivo dessa magnitude.

O próximo encontro da autoridade monetária americana ocorre nos dias 13 e 14 de dezembro.

Diante dessa sinalização, bancos e corretoras, como a XP, estão mais confiantes em uma elevação dos juros de 0,5 p.p, valor menor que o visto nas últimas reuniões. O otimismo é reforçado por dados da inflação americana de outubro, com números melhores do que o esperado.

Política no radar

Internamente, somado ao arrefecimento de juros, o analista da INV, João Abdouni, acredita que o mercado passou a ficar mais otimista em relação a uma maior responsabilidade fiscal na PEC da Transição.

“Outro fator que ajuda a alta da Bolsa brasileira é o fechamento dos mercados nos EUA pelo feriado do Dia de Ação de Graças. Precisamos ver se esse movimento forte é validado na sexta-feira (25) pelo capital externo”, acrescenta.

Em relação à PEC, o texto final do projeto seria apresentado nesta quinta, mas o senador Marcelo Castro (MDB), relator do orçamento de 2023, afirmou que não houve consenso com os valores. Diante disso, os investidores acreditam que o Congresso barrará valores que extrapolem o esperado.

Além disso, a indefinição do cenário fiscal levou uma forte alta dos juros futuros na quarta, com o mercado precificando também a contestação das eleições pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Contudo, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, indeferiu o pedido e aplicou multa de R$ 22,9 milhões à legenda por “litigância de má-fé”.

Bancos sobem após IPCA-15

O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,53% em novembro, acelerando em relação à alta de 0,16% no indicador de outubro, segundo dados do IBGE divulgados mais cedo.

Veja também:

IPCA-15 mostra melhoria em serviços, mas perda de ritmo da alta de preços será gradual

Com esse número do IPCA, os bancos avançavam em bloco, com destaque para o Banco Pan (BPAN4), que está entre as principais altas da Bolsa, avançando 8,64%.

Dentre os chamados “bancões”, Itaú (ITUB4) subia 3,31%, Banco do Brasil (BBAS3) avançava 3%, Santander (SANB11) ganhava 2,73% e Bradesco (BBDC4) se valorizava 2,22%.

Nesta tarde, apenas a ação da Klabin (KLBN11) recuava no pregão, com uma baixa de 1%, acompanhando o movimento para baixo do dólar, moeda na qual as receitas da empresa são baseadas.

Feriado fecha mercado nos Estados Unidos

Sem negócios nos Estados Unidos por conta do feriado de Ação de Graça, a atenção dos investidores se volta para os principais mercados europeus, que operam em alta.

Por lá, já perto do horário de fechamento, o Euro Stoxx 50 avançava 0,48%, enquanto o DAX 30, da Alemanha, ganhava 0,76% e o FTSE 100, do Reino Unido, subia 0,09%.

No Velho Continente, o índice de clima empresarial na Alemanha subiu para 86,3 pontos em novembro ante 84,5 em outubro. O aumento é reflexo das expectativas de uma recessão possivelmente menos severa que o antecipado. 

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.