Em dia de payroll, Bolsas dos EUA caem e Ibovespa fecha em baixa de 1,01%; Cosan (CSAN3) derrete

Queda desta sexta-feira não apagou ganhos dos últimos dias e o índice encerrou a semana em alta de 5,76%

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock/Phongphan

As Bolsas americanas derreteram nesta sexta-feira (7), refletindo dados de emprego melhores do que o esperado, que alimentam temores de uma alta de juros mais forte no país. Por aqui, o Ibovespa seguiu a toada do exterior e fechou em baixa de 1,01%, aos 116.375 pontos.

Em Nova York, o S&P 500 despencou 2,8%, o Dow Jones caiu 2,11%, e o Nasdaq recuou 3,8%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 somou perdas de 1,69%.

A baixa do Ibovespa nesta sexta, pregão com R$ 26,81 bilhões em volume negociado, não foi capaz de anular os ganhos dos últimos dias, e o índice fechou a semana com valorização de 5,76%. Os ganhos acumulados desde o início do ano agora somam 11,02%.

Payroll afunda mercados

No mês passado, os EUA criaram 263 mil postos de trabalho, dado que veio em linha com o esperado pelo mercado, que projetava entre 250 mil e 275 mil novas vagas. Mas a preocupação ficou por conta da taxa de desemprego, que caiu a 3,5% no mês passado, e o aumento do ganho médio por hora, de 0,3%, a US$ 32,46.

Apesar de essa ser uma notícia a princípio positiva para a maior economia do mundo, é sinal de mais pressões inflacionárias à frente, dificultando o trabalho do Federal Reserve (banco central dos EUA) no combate à alta de preços, a maior das últimas décadas.

O quadro que se desenha é que o Fed será forçado a manter um ritmo agressivo de aumento da taxa americana, elevando os juros em mais 0,75 p.p (ponto porcentual) na próxima reunião, no início de novembro. O mercado já precifica que, no final do ano, os juros do país estarão na faixa entre 4,25% e 4,50%. Esse seria o maior patamar desde 2007.

Varejo e eleição

Por aqui, as vendas no varejo ficaram praticamente estáveis em agosto, com queda de 0,1% na comparação com julho. O resultado deixa as vendas do comércio no menor patamar em 2022, mas 1,1% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os dados vieram levemente acima do esperado pelo mercado. Analistas ouvidos pelo Broadcast Estadão previam queda de 0,3% na passagem do mês.

Em outra frente, os investidores continuam monitorando o cenário eleitoral para o segundo turno e os apoios que vêm sendo anunciados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Ontem, uma nova pesquisa da Genial/Quaest mostrou Lula na liderança das intenções de voto, com 48%, contra 41% de Bolsonaro.

Destaques do pregão

A maior baixa do Ibovespa nesta sexta foi da Cosan (CSAN3), de 8,72%. A companhia informou que adquiriu 4,9% do total de ações ordinárias da Vale (VALE3), por meio de uma combinação de investimentos diretos e operações de derivativos.

Em comunicado, a empresa explicou que esse movimento é “mais um passo na jornada de diversificação de portfólio da companhia, investindo em ativos irreplicáveis nos setores em que o Brasil tem clara vantagem competitiva”.

A Cosan afirmou ainda que pretende aumentar essa fatia no futuro, mas que isso dependerá de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Hoje, às 19h, a Cosan vai realizar uma teleconferência com o mercado para explicar os detalhes em operação.

Outra baixa importante foi de MRV (MRV3), que caiu 5,72% após a empresa informar que desistiu de buscar um parceiro e uma injeção de capital na Resia (ex-AHS), sua subsidiária nos Estados Unidos.

Segundo a construtora, o cenário adverso nos EUA levou a tomar essa decisão e o processo será retomado no futuro. “Com isso, o crescimento da operação americana, neste momento, se dará com a mesma estrutura de capital que a companhia já vem adotando para os empreendimentos”, afirmou a MRV.

Em análise, a Genial Investimentos destacou que a venda de participação na Resia fazia parte da tese de destrave de valor para as ações da MRV, “que já não acontecerá tão cedo”.

Na ponta oposta, a ação que mais se valorizou foi Cielo (CIEL3), com alta de 2,75%. Segundo o Bank of America, que elevou sua recomendação para a ação para compra em relatório desta sexta-feira, os papéis da Cielo, cujos preços mais que dobraram neste ano, podem se valorizar ainda mais depois das alterações na TIC (tarifa de intercâmbio) dos cartões de débito e pré-pagos.

A Americanas (AMER3) também ficou entre as maiores altas do dia, subindo 1,35%. Em comunicado publicado ontem, a Ame, fintech da varejista, recebeu autorização do Banco Central para operar como instituição de pagamento.

“A autorização pelo Bacen é mais um importante marco na rápida trajetória de sucesso da Ame, impulsionando seu plano estratégico de negócios e permitindo a sua participação na agenda de open finance”, disse a Americanas. A varejista apontou também que a nova autorização permite a ampliação de produtos e serviços financeiros cada vez mais aderentes às necessidades de seus clientes.

Criptomoedas

O Bitcoin (BTC) perdeu o patamar de US$ 20 mil contaminado pelo mau humor global após a divulgação de dados do mercado de trabalho americano.

Por volta das 16h50, o BTC tinha queda de 2,7%, negociado a US$ 19.537, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap. O Etherem seguia na mesma linha, com recuo de 2,7%, a US$ 1.331.

Além do cenário macro, o mercado de criptoativos reagiu negativamente à divulgação do roubo de US$ 100 milhões em uma blockchain da Binance, maior exchange do planeta. Dados apontaram que o rombo poderia ser ainda maior, superando US$ 500 milhões.

O CEO da companhia, CZ, foi ao twitter pedir desculpas aos investidores e afirmar que os ativos dos usuários não foram afetados. Mesmo assim, a BNB, o token da Binance, perdia mais de 3%.

Os próximos dias não devem ser de calmaria. Investidores aguardam a divulgação da ata do Fomc, na quarta-feira (12), que deve dar mais detalhes sobre o último aumento de 0,75 p.p nos juros americanos.

Na quinta-feira (13), por sua vez, saem os dados da inflação ao consumidor dos EUA, um importante indicador para antecipar os próximos passos da política monetária da maior economia do mundo.

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