Com apoio de Petrobras (PETR4), Ibovespa sobe 0,17% após ata do Fed; ações defensivas na liderança

Índice equilibrou os pesos de Petrobras, que subiu com o petróleo, e Vale, que caiu com o minério

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

A ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) surtiu pouco efeito no mercado brasileiro. Depois da publicação do documento, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou rondando a estabilidade, posição em que passou a maior parte do pregão.

No fechamento, o Ibovespa apresentava alta de 0,17%, aos 113.707 pontos, com R$ 22,11 bilhões em volume negociado. Desde o início do ano, o índice acumula valorização de 8,48%, enquanto os ganhos anotados em agosto somam 10,22%.

O movimento do Ibovespa contrastou com o exterior, onde as Bolsas tiveram um dia de perdas. Em Nova York, o S&P 500 caiu 0,72%, o Dow Jones recuou 0,5% e o Nasdaq teve baixa de 1,25%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 fechou em queda de 1,29%.

Juros no radar

A ata da última reunião do Fomc, colegiado de política monetária do Fed, reafirmou ao mercado as preocupações do banco central americano com a inflação elevada nos EUA, ao mesmo tempo em que frisou a dificuldade dos membros do comitê em determinar o impacto da alta nos juros, que vem acontecendo desde o início do ano, na ponta.

Os participantes, de acordo com o documento, enfatizaram esse risco, frisando a importância de o comitê adotar uma postura “dependente de dados” para julgar o ritmo e magnitude das próximas altas juros.

Ainda antes da ata do Fed, as Bolsas estrangeiras já recuavam, com preocupações com a trajetória da política monetária americana superando o efeito positivo dos balanços de empresas dos EUA e dos planos de estímulo econômico do governo chinês.

Além disso, os mercados repercutiam os dados de vendas no varejo dos EUA. O desempenho do setor ficou estável em julho na comparação com o mês anterior, de acordo com o Census Bureau. A expectativa dos especialistas, segundo o banco Wells Fargo, era de aumento de 0,2%.

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No Velho Continente, a Eurostat, escritório de estatísticas da União Europeia, divulgou nesta manhã de quarta que o PIB (Produto Interno Bruto) da Zona do Euro cresceu 3,9% no segundo trimestre do ano, em linha com os 4% esperados pelo mercado.

Minério derruba a Vale

O minério de ferro também pareceu ignorar as perspectivas de estímulo na China e fechou em baixa de 4,34% na Bolsa de Dalian, cotado a US$ 100,94 por tonelada.

Assim, a Vale (VALE3) fechou em baixa de 2,46%. Em relatório desta quarta, o Itaú BBA rebaixou a recomendação da ação e cortou seu preço-alvo ao fim do ano, após o preço do minério sofrer um baque nos últimos meses, diante da conjuntura econômica na China, que sofreu com as políticas de zero Covid.

O BBA agora classifica a Vale como marketperform (equivalente à neutro), enquanto o preço-alvo para a ADR passou de US$ 20 para US$ 15, um upside de 10% em relação ao preço de tela. A queda da mineradora pressiona o índice já que o seu papel é o mais negociado na Bolsa, atingindo 15% dos negócios, de acordo com dados da B3.

As ações que mais caíram, porém, foram as de varejistas. Entre as quedas, o primeiro lugar era ocupado por Americanas (AMER3), em baixa de 6,13%, seguida de Via (VIIA3) e Yduqs (YUDQ3), que perderam 6,08% e 5,56%, respectivamente.

As ações das varejistas sofrem com a abertura da curva de juros brasileira, segundo analistas da Ativa Research, em comentários ao mercado.

Petróleo ajuda a Petrobras

Na outra ponta, o petróleo apresentou recuperação, seguindo dados positivos de estoque nos EUA. O Brent teve alta de 1,42%, a US$ 93,65 por barril, levando consigo as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que fecharam em alta de 3,33% e 2,34%, nesta ordem.

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As maiores altas do Ibovespa, contudo, foram de Cemig (CMIG4), Copel (CPLE6) e CSN Mineração (CMIN3), com ganhos de 5,67%, 4,48% e 4,42%, respectivamente.

As ações da Cemig subiram após a companhia divulgar que está confiante sobre novos desinvestimentos no médio prazo, afirmam os analistas da Ativa Research.

Também na ponta positiva, Cielo (CIEL3) ganhou 3,83%. A empresa, vale ressaltar, tem tido um ano positivo e já valorizou mais de 130% em 2022.

No segundo trimestre, a empresa teve lucro líquido recorrente de R$ 383 milhões, alta de 112,5% em relação a igual período do ano passado. Embora o resultado tenha surpreendido o mercado, os fatores que levaram ao crescimento do lucro já eram esperados.

O principal deles é o avanço do negócio de antecipação de recebíveis, um serviço que a Cielo disponibiliza aos estabelecimentos comerciais e que permite que o faturamento de vendas feitas no cartão de crédito seja antecipado.

Criptomoedas

O Bitcoin (BTC) mostra resistência em romper a barreira dos US$ 25 mil e voltou a cair nesta quarta com os investidores analisando os rumos da economia global, após a divulgação da ata do Fed, e de dados frustrantes da China, no início da semana.

Depois de uma forte recuperação no início do segundo semestre, o mercado de criptoativos perdeu fôlego em agosto, aumentando as incertezas no mercado sobre o potencial de reversão do clima negativo que predominou na primeira metade do ano.

Após a alta de 19,2% em julho – o melhor mês desde outubro de 2021, o BTC registra queda de 3,8% na parcial de agosto, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

“Apesar de seu último fechamento mensal ter sido positivo, os touros necessitam confirmar sua intenção em continuar o atual bull market (mercado de alta), que chegou a demonstrar certa dúvida ao seu investidor”, afirmou Guilherme Martins, analista da Titanium Asset Management, em nota.

Por volta das 16h55, o BTC tinha queda de 2,4 %, negociado a US$ 23.388.

O clima negativo se estendeu pelos mercados e nem a recente euforia com a atualização da blockchain da Ethereum (ETH) deu forças para evitar o tombo da moeda. Na mesma hora, a segunda principal cripto registrava recuo de 1,3%, a US$ 1.841.

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