Após elevar a taxa básica (Selic) em 0,50 ponto percentual na última reunião, a 13,75% ao ano, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) irá avaliar se há necessidade de um novo aumento de juros na próxima reunião, em setembro.
A informação consta da ata da última reunião divulgada nesta terça-feira (9) – o comunicado do encontro, que aconteceu na semana passada, já havia sinalizado essa porta “entreaberta” para uma nova elevação na Selic no mês que vem.
“O Comitê optou por sinalizar que avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na próxima reunião, com o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante”, afirma a ata. “Além disso, dada a persistência dos choques recentes, o Comitê seguirá vigilante e avaliará se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência.”
O comunicado da semana passada foi encarado pelo mercado quase como um encerramento de fato do atual ciclo de aperto monetário, mas muitos economistas acreditam que o BC será forçado a subir a Selic em pelo menos mais 0,25 ponto.
Na ata, o colegiado afirma que o horizonte relevante de política monetária (ou seja, o período que o BC está mirando com a política monetária) passou a olhar também 2024.
“O Comitê optou por dar ênfase à inflação acumulada em doze meses no primeiro trimestre de 2024, que reflete o horizonte relevante, suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora seus impactos secundários sobre as projeções de inflação relevantes para a decisão de política monetária.”
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Efeitos ainda não foram sentidos
No documento, o colegiado ainda frisou que grande parte do atual ciclo de aperto – que começou em março de 2021, com a Selic em 2% ao ano, ainda não teve impacto sobre a inflação ou sobre a atividade.
“Ressaltou-se que o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo e que, devido às defasagens longas e variáveis da política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente.”
Para o colegiado, os efeitos devem ser sentidos nos indicadores de atividade a partir do segundo semestre, mas que será mais difícil identificá-los por causa dos benefícios aprovados pelo Congresso, como ampliação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600.
“O Comitê antecipa que medidas de sustentação da demanda agregada, que serão implementadas no curto prazo, devem dificultar uma avaliação mais precisa sobre o estágio do ciclo econômico e dos impactos da política monetária.”