Depois de oscilar entre o positivo e o negativo ao longo do pregão, o Ibovespa encerrou o dia praticamente estável, em leve alta de 0,02%, dividido entre a queda das ações ligadas a commodities e a alta das ligadas à economia doméstica. Apesar da desaceleração de hoje, o índice terminou a semana com avanço de 2,52%.
O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (25) aos 119.081 pontos, com R$ 23,75 bilhões em volume negociado. Desde o início de março, o Ibovespa acumula valorização de 5,25%, enquanto o saldo de 2022 é de alta de 13,6%.
Os mercados estrangeiros também tiveram um dia misto. Em Nova York, o Nasdaq caiu 0,76%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones subiram 0,51% e 0,44%, respectivamente. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,11%.
Guerra na Ucrânia mexe com o petróleo
Em relação à guerra na Ucrânia, o mercado segue repercutindo as declarações de lideranças mundiais após uma série de reuniões na quinta-feira (25), quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se comprometeu a enviar mais frotas para o seu flanco leste e o Reino Unido e os Estados Unidos aplicaram mais sanções à Rússia.
A novidade do dia, porém, é que os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram um acordo para aumentar a oferta de gás natural para a Europa em pelo menos 15 milhões m³ até o final de 2022. Essa oferta deve vir de parceiros da região, com o objetivo de diminuir a dependência do continente do gás russo.
No entanto, prevalece a percepção de que a União Europeia deverá continuar importando a commodity da Rússia em vez de aplicar um embargo ao país para puni-lo pela invasão da Ucrânia. Hoje, o ministro de economia da Alemanha, Robert Habeck, disse que há planos para começar a reduzir as importações de petróleo da Rússia a partir de junho, mas que no caso do gás natural só será possível abdicar do produto russo em 2024.
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Depois de passar boa parte do dia em queda, o petróleo virou para o campo positivo com notícias sobre um incêndio em uma unidade de armazenamento da Saudi Aramco. O Brent fechou em alta de 1,8%, a US$ 117,37, ajudando a suavizar a queda da Petrobras (PETR4), que teve baixa de 0,37%.
Juros ajuda algumas, dólar derruba outras
No front econômico, uma série de declarações de membros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) alimenta temores de que o órgão irá adotar uma política monetária mais agressiva para combater a inflação. Por aqui, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o banco acredita que será necessária apenas mais uma alta na taxa Selic.
A principal divulgação econômica do dia, porém, foi o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), a prévia da inflação oficial, que avançou 0,95% em março. A variação é a maior para um mês de março desde 2015 e ficou acima das projeções do mercado, mas aponta desaceleração na comparação com fevereiro, quando o indicador subiu 0,99%.
A maior responsável pela aceleração da inflação foi a gasolina, que vem subindo de preço diante da alta do petróleo. Nesse contexto, os estados definiram a alíquota do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel e prorrogaram por 90 dias o congelamento do ICMS sobre a gasolina, o etanol e o gás de cozinha.
Em resposta, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante discurso em cerimônia no Palácio do Planalto, que a medida seria um “esculacho”, e disse que o governo federal está disposto a negociar o assunto com os governadores, segundo informações da agência de notícias Reuters.
Apesar da inflação ainda alta, os juros futuros se apegaram à desaceleração mensal e às declarações de Campos Neto e fecharam em queda, favorecendo ações de empresas ligadas à economia doméstica, como companhias aéreas, construtoras e companhias do setor de educação.
No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3) e Azul (AZUL4), com ganhos de 19,48%, 9,05% e 6,82%, respectivamente.
A disparada da Cogna também foi ajudada pela divulgação de prejuízo ajustado de R$ 74,94 milhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 87,3% em relação a igual trimestre do ano anterior, quando havia anotado R$ 589 milhões em perdas. Para a Cogna, a redução do prejuízo se deve a melhores resultados operacionais.
Além de Azul, Gol (GOLL4) teve alta de 4% e CVC (CVCB3), de 3,37%, ajudadas também pela queda do dólar, que terminou o pregão em baixa de 1,75%, cotado a R$ 4,7473.
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Apesar da alta de 3,9% nos preços do minério de ferro em meio a temores de escassez devido a interrupções ligadas a lockdowns de combate à Covid-19, as ações de mineradoras e siderúrgicas brasileiras caíram em bloco, com destaque para Usiminas (USIM5), que caiu 3,13%, Bradespar (BRAP4), em baixa de 2,69%, e Braskem (BRKM5), com perdas de 2,32%.
As empresas exportadoras, que têm parte de suas receitas em dólar, foram penalizadas pela queda da moeda americana.
Outros setores, como papel e celulose e frigoríficos, também foram impactados pela baixa do dólar. No fechamento, as maiores quedas do Ibovespa eram de Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3) e Marfrig (MRFG3), com recuos de 6,13%, 6% e 3,75%, nesta ordem.