Pressionada por custos, BRF (BRFS3) adia para 2024 meta de Ebitda de R$ 10 bi

O ano de 2021 foi bastante desafiador para a BRF. Além de enfrentar o aumento de custo dos insumos, como no milho, que subiu mais de 2,4 vezes, e no farelo de soja e nas embalagens, que dobraram de preço, a companhia teve de lidar com os custos da pandemia e toda a alteração do mercado chinês, na suinocultura e no frango.

Como as perspectivas para 2022 também não são animadoras, a BRF preferiu postergar para 2024 a meta de chegar a um Ebitda de R$ 10 bilhões, segundo anúncio feito em evento com investidores. Até então, a expectativa era de atingir esse número em 2023. A decisão se deve menos por uma questão de demanda, uma vez que as previsões para a receita foram mantidas, e mais pela expectativa de novos aumentos de custos, com um ambiente que deve seguir complicado pelo menos até 2023.

Na receita, o objetivo da BRF é chegar a um montante de R$ 65 bilhões em três anos, ante cerca de R$ 50 bilhões este ano. O mercado, espera a empresa, deve ter uma alta de 60% no mesmo período.

Em 2030, a a companhia espera alcançar receita líquida de mais de R$ 100 bilhões e um crescimento do Ebitda de mais de 3,5 vezes em relação aos 12 meses encerrados no dia 30 de setembro de 2020. 

A receita para crescer a margem Ebitda

No terceiro trimestre, a margem Ebitda da BRF caiu de 13,2% para 12,1%. Para subir novamente e atingir 15%, com uma margem líquida de 6%, a BRF afirma que fará uma boa gestão dos custos e despesas e aposta na economia de custos via parcerias com a AES Brasil e a Pontcon, na parte de energia solar, com previsão de reduzir R$ 1,7 bilhão em custos em até 15 anos.

Além disso, a empresa diz que a transformação digital que tem implementado poderá gerar um ganho de R$ 500 milhões até 2023. A BRF acredita também que a melhora de sua margem também virá via aumento do volume vendido e dos preços. O principal objetivo da companhia é impulsionar o percentual de suas vendas em produto de maior valor agregado, como os industrializados, além de aumentar e melhorar o mix de produtos,incluindo o pet food, tanto no mercado local quanto no internacional.

Hoje, como a companhia já superou a alavancagem considerada prudencial, de 3 vezes, atingindo 3,04 vezes no terceiro trimestre, as estimativas foram mantidas para os investimentos de R$ 55 bilhões até 2030, incluindo os desembolsos realizados no ano de 2021. Sendo assim, é bastante prudente o mercado acompanhar o desempenho da companhia em termos de sua alavancagem.

No entanto, segundo os executivos, a BRF detém uma confortável liquidez de R$ 7 bilhões em caixa e um prazo médio de vencimento das dívidas de mais de 9 anos. 

O que recomendam os analistas

As recomendações para a BRF, segundo a Refinitv, contam com quatro recomendações de compra, oito de manutenção e uma de venda. O preço-alvo, segundo a mediana das projeções, é de R$ 29,50, com potencial de alta de 44,32% em relação ao fechamento de 7 de dezembro de 2021.

Nesta quarta-feira, dia 8, a ação da BRF (BRFS3) caía 1,32%, por volta das 17h45, cotada a R$ 20,17. No ano os papéis da empresa acumulam baixa de 6,10%.