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Veja como é a remuneração de um assessor de investimento

Comissão ou taxa fixa: qual é o melhor modelo para o investidor?

Foto: Shutterstock/AlvaroMP

O Brasil conta com quase 21 mil assessores de investimento e a maior parte presta consultoria “gratuita” para auxiliar o investidor na escolha das melhores opções. Mas você já pensou em como esses profissionais são remunerados?

O modelo mais disseminado no Brasil é o “fee based“, em que os assessores indicam produtos disponíveis na corretora ou na plataforma de investimentos a que estão associados. Eles são remunerados por uma comissão (também conhecida como “rebate” nos casos dos fundos de investimento), que varia de acordo com o tipo de produto e do volume da operação.

Por exemplo, um fundo de investimento possui uma taxa de administração que remunerar os custos envolvidos na gestão e na distribuição do produto. O rebate é a parte dessa taxa que volta para quem participa dessa distribuição.

O outro modelo que é existe é o fiduciário, mais comum nos Estados Unidos, em que o assessor ou o consultor de investimento recebe como remuneração um percentual da carteira que o cliente quer ajuda para fazer a gestão, independentemente do produto no qual o recurso será investido.

E qual desses modelos é o melhor para o investidor? A resposta vai depender do objetivo do investimento, da diversificação dos recursos e do tamanho do patrimônio. E para tomar uma decisão, é fundamental que o assessor de investimento dê todas as informações necessários sobre os dois tipos de remuneração.

Diego Ramiro, presidente da Abai (Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos), defende maior transparência nos custos de distribuição dos produtos financeiros e que nessa abertura dos dados estejam disponíveis os valores cobrados por todos os intermediários do processo, e não apenas dos assessores.

A associação, que reúne os escritórios de agentes autônomos, não tem dados sobre qual o modelo de remuneração dos associados, mas Ramiro afirma que o comissionamento é o predominante.

“Estamos esperamos para o primeiro trimestre do próximo ano as novas regras para os assessores de investimento e isso ficará mais claro a todos”, conta.

Nova regra da CVM

A remuneração dos assessores de investimentos faz parte da agenda regulatória da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para o ano de 2023. A norma a ser publicada é oriunda da audiência pública SDM 05/21, que trata da transparência da remuneração na cadeia de distribuição de valores mobiliários.

“A norma para assessores de investimento tende a ser a primeira regra editada pela CVM em 2023. Sabemos da sua importância para o mercado de capitais”, afirmou, em nota, o presidente da CVM, João Pedro Nascimento.

A nova regra deve trazer a obrigatoriedade de dar transparência à remuneração nessa cadeia de distribuição de produtos e também o fim da exclusividade dos agentes autônomos – desde 2011, o assessor de investimento só pode distribuir produtos de uma única corretora.

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Michael Viriato, assessor de investimento e sócio fundador da Casa do Investidor, escritório de agentes autônomos ligados à XP (XPBR31), avalia que a transparência é importante para que o investidor defina o que é melhor para ele em sua relação com o assessor.

Ele explica que na distribuição de produtos financeiros há muitos custos explícitos e implícitos.

Como explícito, cita a taxa de administração, que o investidor sabe que paga na hora de escolher um fundo. Mas há também taxas implícitas dentro de um CDB, que servem para remunerar a cadeia de distribuição.

“O valor da comissão flutua bastante, de acordo com o tipo de produto. Quanto mais simples e fácil de vender, menor é remuneração do assessor”, explica.

Perfil da carteira

Para Viriato, o cliente que tem uma carteira de produtos mais simples em geral se beneficia do modelo de remuneração por comissão. Já os que demandam produtos mais sofisticados, e que possuem custos mais elevados, tendem a ter um gasto menor no modelo fiduciário – com custos que costumam a começar em 0,5% sobre o patrimônio líquido ao ano.

O sócio fundador da Casa do Investidor vê potenciais problemas nos dois modelos. No modelo por comissão, o assessor pode indicar aqueles produtos com uma remuneração maior. No fiduciário, o consultor ou o assessor pode deixar de buscar boas opções ao cliente por já ter a remuneração garantida.

“Hoje já existe algum nível de transparência, mas nem sempre o cliente se atenta a isso. Com a nova regulação, da CVM, isso ficará mais claro”, conta.

Eduardo Siqueira, responsável pela área de formação de assessores de investimentos da Acqua Vero, escritório ligado ao BTG (BPAC11), acredita que é mais fácil criticar o modelo de comissionamento, mas que também há falhas no de taxa fixa.

“Um assessor que é remunerado com base no tamanho da carteira pode ser extremamente conservador, fazendo com que o cliente perca oportunidades”, diz.

Para melhorar essa relação, a Acqua desenvolveu um programa de formação de assessores. Para Siqueira, esse é um profissional que estará em falta nos próximos anos e por isso é preciso esse trabalho de formação.

Em setembro, eram 20.589 assessores de investimentos registrados no Brasil, um crescimento de 28,3% em 12 meses, ou de 4.549 novos profissionais em um ano, segundo dados da Ancord (Associação Nacional das Corretoras de Valores).

O escritório conta atualmente com 220 profissionais, dos quais 150 são assessores. Para o ano que vem, a expectativa é contratar mais 150 em todo o país.

“Esse mercado ainda tem espapaço para crescer muito nos próximos anos e chegar a perto de 200 mil assessores”, espera.

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