O atual cenário de taxa básica de juros de volta aos dois dígitos tem atraído cada vez mais investidores para a renda fixa, mas os brasileiros não devem se fixar apenas na classe: é necessário recorrer a múltiplas alternativas.
No mercado financeiro, diversificação é a palavra de ordem, e a decisão de investimento deve estar sempre atrelada ao planejamento, aos objetivos e ao perfil de cada pessoa.
A melhor forma de alocar os recursos foi tema de debate entre os participantes do painel “Onde investir com rendimentos de dois dígitos”, que fechou o primeiro dia do TradeMap Discovery, nesta segunda-feira (16).
Promovido pelo TradeMap, o evento gratuito segue nesta terça e quarta-feira, sempre a partir das 19h, com transmissão ao vivo do YouTube, direto da Arena B3. Inscreva-se aqui!
Como opções na renda fixa em meio a um quadro de inflação de dois dígitos – e sem muita perspectiva de trégua -, Dan Kawa, Chief Investment Officer (CIO) e sócio da TAG Investimentos, destacou as vantagens de investir no Tesouro IPCA+, título público também conhecido pela sigla NTN-B, como opção de curto e médio prazo.
“São títulos que pagam uma taxa mais a inflação daquele período. A taxa já é alta o suficiente para compensar o risco de estar nesse papel”, afirmou.
Ao ser questionado sobre como se proteger da alta da inflação, Kawa destacou que os ativos brasileiros oferecem uma boa margem de segurança em meio às expectativas de piora do quadro macroeconômico.
“O Brasil já tem margem de segurança o suficiente para se ter um portfólio alocado, diversificado e que vai conseguir ter bons retornos ao longo do tempo”, afirmou o CIO da TAG, destacando que as oportunidades são para o médio e longo prazo e estão espalhadas pelas rendas fixa e variável, além dos FIIs.
LIGs no radar
Para Ellen Steter, economista, especialista em investimentos e responsável pela área de estratégia da Ágora Investimentos, uma boa alternativa na renda fixa no médio e longo prazo recai sobre as LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas).
Lançado em 2018, o produto lembra ativos como LCI (Letra de Crédito Imobiliários) e CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários). Emitida por instituições financeiras, a LIG tem lastro em créditos imobiliários e isenção de Imposto de Renda para investidores locais e estrangeiros.
O ativo não é coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), porém oferece proteção garantida pelo emissor e de todos os papéis atrelados ao título.
“Há diversos formatos de rentabilidade, inclusive com rendimentos mensais”, afirmou Steter, ressaltando que o prazo de vencimento dos contratos costuma começar em três anos e que a aplicação não é indicada para quem busca reserva de emergência.
Como ponto de partida para quem quer buscar as melhores oportunidades, a economista destacou a importância de fazer a “lição de casa”, buscando deixar claro quais os objetivos previstos para cada tipo de investimento e como essas necessidades estão de acordo com o perfil do investidor e na sua propensão de se expor ao risco.
“A renda fixa também tem riscos. Ela oscila, tem riscos de crédito, de liquidez, de mercado, então é preciso fazer essa lição de casa antes”, disse Steter.
Renda variável não pode ser esquecida
Eduardo Mira, especialista em renda variável da plataforma de conteúdo Me Poupe! e mentor da influenciadora Nathalia Arcuri, defendeu ainda que o contexto de instabilidade econômica e geopolítica que levou a Selic a retornar para a casa de 12,75% ao ano também abre uma janela de oportunidades para ativos que perderam momentaneamente o seu valor na Bolsa.
“Tem muita coisa barata que consegue garantir retorno de dois dígitos no futuro”, afirmou o Professor Mira, como é conhecido, em referência aos mercados de ações e fundos imobiliários (FIIs).
Inadimplência não é risco para títulos privados
A despeito da recente preocupação de bancos com o aumento da inadimplência, os especialistas foram unânimes em afirmar que não há risco de crédito no sistema financeiro.
A questão é importante para decisões de aportes em títulos públicos, emitidos pelo governo, e privados, como os de bancos e empresas.
“É preciso olhar a classificação de risco do papel e se ele é condizente com o apetite do investidor”, afirmou Steter, complementando que é sempre necessário fazer uma averiguação da instituição que está emitindo o papel.
Mira disse esperar que as instituições inclusive diminuam as provisões contra os calotes dos correntistas. “Os bancos tendem a reduzir um pouco as suas provisões e melhorar os seus resultados ao longo do ano, à medida que essa inadimplência não acontecer assim tão grande”, disse.
Assista os dois painéis do primeiro dia do TradeMap Discovery clicando na imagem a seguir.
