Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Poupança tem saque recorde de R$ 22 bi em agosto; no ano, saída é de R$ 85 bi

Estoque da caderneta caiu para R$ 991,8 bi; é a primeira vez que o saldo fica abaixo de R$ 1 tri desde agosto de 2020

Foto: Shutterstock

Os brasileiros retiraram R$ 85,2 bilhões da caderneta de poupança no acumulado de 2022 até agosto. Esse valor é recorde para o período, segundo dados do Banco Central. Juros e inflação em patamares elevados e o retorno às atividades presenciais são os fatores que ajudam a explicar essa sangria.

Com esse saque recorde, o estoque da poupança está em R$ 991,8 bilhões. É a primeira vez que o saldo total fica abaixo de R$ 1 trilhão desde agosto de 2020, no auge da pandemia.

Esses resgates têm sido a tônica do ano. Apenas em maio os aportes foram maiores que os saques. E agosto de 2022 também ficou com o recorde de maior saque em um único mês: R$ 22 bilhões.

Um dos motivos dessa fuga da poupança está na taxa básica de juros, que está subindo desde março de 2021.

Leia mais:
Boletim Focus: analistas elevam projeção para a Selic para 11,25% em 2023

Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, o que equivale a 1,08% ao mês. Já a caderneta está pagando 0,5% ao mês mais a TR, o que totaliza 0,74%.

Enquanto a poupança perdeu R$ 85,1 bilhões no ano, os fundos de renda fixa registraram captação líquida positiva de R$ 112,9 bilhões, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Inflação e retomada das atividades

Outro fator que contribui para os resgates é a inflação. Isso porque as famílias de menor renda precisam recorrer às economias para lidar com o aumento dos preços.

A inflação calculada pelo IPCA está em 10,07% no acumulado dos 12 meses encerrados em julho, mas está ainda maior em determinados grupos, como alimentos, que subiram 14,72% em igual período.

Um terceiro fator é a volta das atividades presenciais. Em 2020, com o início da pandemia da Covid-19, as famílias deixaram de gastar com serviços presenciais, como viagens.

Essa é uma das razões que faz com que o comportamento desse ano seja contrastante com 2020. Naquele ano, a captação foi de R$ 166,3 bilhões. Ao considerar-se o período de janeiro a agosto de 2020, os aportes superavam os saques em R$ 124 bilhões.

Remuneração

O brasileiro que tem recursos aplicados na caderneta de poupança recebe uma remuneração de 6,17% ao ano mais a variação da TR (taxa referencial, que está em 0,2409%). Ao mês, a rentabilidade da poupança está em 0,74%.

A aplicação, mesmo com rendimentos isentos do Imposto de Renda, tem um retorno abaixo de outras alternativas também consideradas seguras, como o Tesouro Selic 2024, que está pagando a taxa básica (13,75% ao ano) mais 0,0721%.

Se o investidor tiver R$ 1 mil na poupança, receberá R$ 7,40 em rendimentos após um mês. Já em um título do Tesouro Selic, após 30 dias o investidor irá receber R$ 8,37, já descontando o IR do período.

Quando o resgate é feito em até 180 dias, a alíquota do IR é de 22,5%. Para o prazo entre 181 e 360 dias, cai para 20%. Ainda há duas faixas, 17,5% (361 a 720 dias) e 15% (acima de 721 dias).

Outras opções

Outra alternativa mais vantajosa ao investidor na comparação com a poupança é a oferta de papéis de bancos. É possível encontrar CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) com remuneração de 110% do CDI, taxa que acompanha a Selic de perto.

Os CDBs possuem a mesma regra de tributação que o Tesouro Direto.

Há ainda outros produtos bancários, como letras de crédito agrícola e imobiliária, conhecidas como LCIs e LCAs), mas essas são isentas de IR.

A poupança, CDBs, LCIs e LCAs possuem a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que é a cobertura que o investidor recebe caso a instituição venha a quebrar ou sofrer intervenção do BC. Essa proteção é limitada a R$ 250 mil por investidor e instituição financeira.

Mas caso o investidor queira fazer a migração para opções de renda fixa mais rentáveis, é bom ficar atento aos prazos ofertados pelos demais instrumentos financeiros, já que nem todos possuem liquidez diária como a poupança, aplicação na qual o recurso pode ser resgatado a qualquer momento.

Vale ressaltar, porém, que o rendimento incide só na data de aniversário da aplicação. Se a aplicação foi feita em 1º de setembro, por exemplo, o investidor só terá acesso ao rendimento dela se fizer o saque dos recursos da poupança em 1º de outubro. Se o valor for sacado antes, o rendimento do período será perdido.

 

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.