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Americanas (AMER3) a menos de R$ 1: compensa comprar um papel mico?

Papel fica mais suscetível a movimentos especulativos e situação da empresa prejudica análise dos fundamentos

Foto: Shutterstock/thiago bacelar

As ações da Americanas (AMER3) saíram de todos os índices da B3 e ainda assim fecharam em alta na segunda-feira (23). A volatilidade dos papéis nos últimos pregões reflete as inconsistências contábeis na empresa e o pedido de recuperação judicial que se seguiu. Alguns investidores questionam, contudo, se não é hora de comprar após a derrocada das ações, mas, na opinião de especialistas, o melhor é ficar (bem) longe.

Essa é uma ação que pode ser classificada como “mico”, ou seja, de baixo valor, alta volatilidade diante das incertezas sobre os rumos da companhia emissora e que pode até vivenciar pregões de baixo volume de negócios. E para usar uma gíria em inglês, também pode ser classificada como “penny stock“, que simboliza os papéis cotados abaixo de R$ 1.

Quando a ação tem preço inferior a esse valor, poucos centavos permitem que ela dispare, ao mesmo tempo que fica mais fácil a esse papel despencar.

Nesta terça-feira (24), por volta das 15h, os papéis da Americanas eram negociados a R$ 0,80, em estabilidade. No ano, recuam 91,5%.

Recuperação judicial

O pedido de recuperação judicial só agrava esse quadro, já que a Americanas foi excluída automaticamente de todos os índices dos quais fazia parte, entre eles o Ibovespa, o Icon (consumo) e o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial). Essa exclusão foi feita na sexta-feira, após a Justiça aceitar o pedido.

Na prática, os fundos que seguem esses índices tiveram que vender os papéis da varejista. Com menos gestores com as ações nas carteiras, fica mais fácil acontecer movimentos especulativos, já que a liquidez tende a ficar menor.

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Para Lucas Lima, analista da VG Research, há muitas incertezas em relação ao papel AMER3 e, por isso, a recomendação é ficar longe.

“A RJ não muda a expectativa para a empresa, que ainda é de muita incerteza. Na verdade, fica pior. A ação sai dos índices, então vai perder liquidez e visibilidade”, diz.

Futuro incerto

Quando uma empresa está em processo de recuperação judicial, a cobrança de dívidas fica suspensa por 180 dias, prazo que pode ser prorrogado.

A companhia tem ainda 60 dias para apresentar um plano de pagamento aos credores, que pode incluir venda de ativos, oferta de ações (follow on) para levantar mais recursos junto aos acionistas e pedidos de desconto e mais prazo para realizar os pagamentos.

“Isso pode dar um fôlego para a companhia, para conseguir gerar caixa e pagar os credores. Mas ainda não está claro se os sócios majoritários vão injetar capital. Preferimos ficar de fora. Há opções melhores no varejo”, conta Lima.

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O analista acrescenta ainda que o foco da Americanas será pagar os credores. O benefício para os acionistas poderia vir depois, com as dívidas sanadas e a retomada de um resultado positivo. “Prefiro ficar de fora. Há empresas boas, saudáveis e que pagam dividendos.”

Na avaliação de Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, ao escolher um papel, o investidor tem que levar em conta a tese de investimento para a companhia.

“É preciso buscar empresas que tenham fundamentos sólidos de longo prazo. [Americanas] É um papel que não faz mais sentido ter”, diz.

A varejista, no entanto, não conta hoje com fundamentos que sustentem o investimento, devido às incertezas e à falta de clareza sobre os números, o que a deixa suscetível a movimentos especulativos.

“Pode ter alguma notícia positiva para a empresa, como uma aquisição, e isso seria um gatilho positivo para o papel. Mas é algo delicado dado o tamanho da dívida e o momento ruim para o mercado, em especial para o varejo, devido aos juros elevados. Para quem pretende comprar, essa é uma tese de investimento que não se sustenta”, avalia Alves.

Para quem já tem o papel na carteira, apesar da perda de mais de 90% só neste ano, a recomendação é segurar mais um pouco. No entanto, o investidor deve saber que uma solução para a americana irá demorar, já que um processo de recuperação judicial não se conclui do dia para a noite.

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