A ação da Minerva (BEEF3) liderava as quedas do pregão da Bolsa nesta sexta-feira (24) após ter apresentado um balanço para o quarto trimestre que surpreendeu negativamente os investidores.
Por volta das 13h10, a ação do frigorífico se desvalorizava 4,41%, e ia na mesma direção do Ibovespa, que recuava 1,57%, aos 105.908 pontos, em linha com seus pares internacionais.
A Minerva surpreendeu negativamente as expectativas ao reportar um prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro de R$ 150,3 milhões no mesmo período de 2021. O valor ficou muito abaixo das previsões do mercado.
O BTG Pactual estimava um lucro líquido de R$ 237 milhões, enquanto o Santander, que tinha a opinião mais modesta, projetava resultado positivo em R$ 83 milhões.
Na avaliação da XP, em relatório publicado após o balanço, a Minerva apresentou um balanço frustrante com receitas e lucros abaixo do previsto. Na visão da corretora, a receita foi impactada pelas operações na Argentina, que tiveram um recuo de 42,7% na arrecadação quando comparado com o último trimestre de 2021.
Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap, já projetava uma queda nas ações no pregão desta sexta, e avaliou que o resultado demonstra que o cenário para o setor não é tão mais benigno no que tange à China. “O país representou 43% das exportações da empresa no período, mesmo com o fim da estocagem para o ano novo lunar chinês tendo prejudicado o balanço”, afirmou.
Também em relatório, a Genial Investimentos pontuou que já esperava resultados fracos para a Minerva, porém os números finais vieram mesmo assim abaixo do esperado. “Esses números podem ser explicados pelos menores volume e preço médio de venda no mercado externo, e pela piora no resultado financeiro da companhia, impactado por maiores despesas financeiras”, comentou a corretora.
Ibovespa cai mais de 1% e segue exterior
O principal índice da Bolsa recua e opera em linha com seus pares internacionais, que também caem. Na avaliação de Rafael Schmidt, operador de renda variável da One Investimentos, o sentimento negativo dos mercados é causado por dados de inflação acima do esperado tanto aqui no Brasil quanto nos EUA.
Por aqui, foi divulgado mais cedo o IPCA-15 (Índica Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que apresentou alta de 0,76%, acelerando em relação ao 0,55% registrado em janeiro. O número veio acima das expectativas.
Já nos EUA, foi divulgado o PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal), que avançou 0,6% nos Estados Unidos em janeiro. O Indicador é um dos mais acompanhado pelo Federal Reserve, o Fed.
“Esses dados mostram uma inflação ainda forte, o que pode corroborar para uma manutenção de juros altos por aqui e lá fora. Nos EUA, o dado reforça o discurso do Fed de manutenção de juros altos até o final do ano, e até mesmo uma possível alta maior na próxima reunião”, comenta Schmidt.
Frigoríficos em baixa
Dentre os papéis do índice, a ação da CSN (CSNA3) recuava 4,71%, a Totvs (TOTS3) caía 3,27%, e a BRF (BRFS3) acompanha o movimento do setor e recuava 2%. Além dela e da Minerva, o papel da JBS (JBSS3) apontava em 1,18% para baixo.
Para Schmidt, para além de acompanhar o movimento da Minerva, o setor de frigoríficos segue pressionado com o caso descoberto da doença da “vaca louca” em um boi no Pará, revelado na última quarta. “O resultado fraco de Minerva acende um alerta que outras empresas do setor podem apresentar resultados similares”, finaliza.
No caso específico da JBS, a expectativa de lucros menores da empresa para o último trimestre de 2022 levou o Goldman Sachs a cortar o preço-alvo para a companhia, apesar de ainda recomendar a compra dos papéis, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira (24).
O banco reduziu o valor esperado para os próximos 12 meses de R$ 39,40 para R$ 34,90, um potencial de valorização de 82% ante o preço de fechamento na véspera (R$ 18,90).
Ainda entre as baixas, o papel da BB Seguridade (BBSE3) recuava 2,39% após o Santander deixar de recomendar a compra da ação ao avaliar que, após subir muito em 2022, o potencial de valorização do papel é pequeno em 2023.
Em relatório enviado a clientes nesta sexta (24), os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios trocaram a recomendação de outperform, o equivalente à “compra”, para uma posição marketperform, ou seja, neutra em relação à ação.
Magalu (MGLU3) em alta
Na ponta positiva, Magalu (MGLU3) subia 3,65% após o Citi elevar a recomendação do papel de “neutra” para “compra”. Em relatório, o banco também elevou o preço-alvo do papel de R$ 4,80 para R$ 5 ao final do ano, o que traria uma valorização de 40,5% frente o fechamento de quinta-feira (24).
Para o banco, a competição está mais branda para a varejista, e, sem citar o nome da Americanas (AMER3), afirmaram que “a crise de crédito de um dos seus maiores competidores” pode fazer com que as vendas totais online do Magalu cresçam até 20% conforme o Magalu for ganhando participação no mercado.
Além da varejista, a Azul (AZUL4) ganhava 3,44% e a SLC Agrícola (SLCE3) subia 0,36%. A empresa do agronegócio informou ao mercado na véspera que adquiriu 12,4 mil hectares de terras no município de São Desidério, na Bahia, por R$ 470 milhões. A SLC disse que as terras adquiridas eram até o momento arrendadas pela subsidiária da empresa, a Fazenda Paysandu.
Em relatório enviado a clientes nesta manhã, o BTG Pactual pontuou que a SLC executou uma boa oportunidade comercial, mesmo considerando que o valor médio das terras agrícolas está caro no país por conta de um avanço no preço das commodities desde 2020.