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Vale (VALE3) e CSN (CSNA3) devem valorizar menos que o esperado, diz BofA – veja por quê

Lockdowns, instabilidade geopolítica e mercado de energia justificam a postura cautelosa do banco

Foto: Shutterstock

Com o aumento nos temores sobre uma recessão global, em meio a lockdowns na China, instabilidade geopolítica e níveis de oferta muito próximos da demanda no mercado de energia, o time de analistas do Bank of America (BofA) cortou as expectativas para os preços do minério de ferro e do aço nos próximos anos – com efeito negativo sobre os preços-alvo das ações de empresas do setor.

Depois da forte valorização das commodities no período pós-pandemia, em meio a um aumento acelerado da demanda por matérias-primas, o banco enxerga uma “confluência de ventos contrários” que tem invertido esta tendência.

Em primeiro lugar vêm os lockdowns, que causaram gargalos logísticos e de cadeias de suprimentos e deixaram lenta a recuperação econômica da China. Como consequência da interrupção na oferta de alguns produtos, as pressões inflacionárias aumentaram, levando os bancos centrais a elevarem os juros de forma mais agressiva e aumentando as apostas de recessão, particularmente nos Estados Unidos.

Outro fator que tem pesado é a instabilidade geopolítica exacerbada pela guerra na Ucrânia, que afeta o sentimento dos mercados, além de impactar as cadeias de suprimentos e elevar os preços do petróleo e do gás natural. Há ainda as dinâmicas do mercado de energia, com a Europa correndo riscos de desabastecimento durante o inverno.

Finalmente, os analistas citam também problemas estruturais, como a falta de investimento em aumentos de capacidade e a concentração da oferta de commodities em alguns poucos países – a China, por exemplo, fabrica 55% de todo o aço produzido no mundo, segundo dados da World Steel, e consequentemente é a maior consumidora de minério de ferro, a matéria-prima usada pelas siderúrgicas.

Isso significa que, com o ritmo de crescimento mais lento na economia chinesa, o mercado de minério de ferro deve sair de um período persistente de escassez e entrar num período de excedente de oferta, diz o BofA. O banco espera que o preço da commodity seja de, em média, US$ 127 por tonelada neste ano, ou 0,4% menor do que a projeção anterior, e de US$ 95 por tonelada em 2023.

Para o aço, a expectativa é que os preços na China fiquem em uma média de US$ 761 por tonelada neste ano e US$ 677 por tonelada no ano que vem – sem alteração em relação às projeções anteriores.

Ações

Em resposta, o banco revisou suas estimativas para a Vale (VALE3) e cortou seu preço-alvo em 7%, de R$ 106 para R$ 99. A recomendação é neutra. A Vale também pode ser impactada pela expansão da capacidade de produção de níquel das empresas chinesas, o que pode resultar em uma elevação de oferta para os próximos anos.

Outra empresa que deve ser afetada pelas mudanças no mercado do minério é a CSN Mineração (CMIN3). O BofA revisou sua projeção de Ebitda da companhia em 2022 para R$ 8 bilhões, e fixou seu novo preço-alvo em R$ 4,70 por ação, de R$ 5 anteriormente.

Pela dinâmica de preços e por temores sobre alocação de capital, o banco classifica a ação como underperfom (isto é, deve ter um desempenho abaixo da média do mercado) – o que equivale a uma recomendação de venda do papel.

Os analistas também revisaram suas expectativas para a CSN (CSNA3), que controla a CSN Mineração, e agora esperam Ebitda de R$ 16 bilhões em 2022. O preço-alvo é de R$ 23 (ante R$ 25 anteriormente) e a recomendação para a ação é neutra – ou seja, nem compra, nem venda.

As novas premissas de preço do alumínio, seguindo uma piora nos fundamentos do mercado no curto prazo, também fizeram com que os analistas revisassem suas projeções para a CBA (CBAV3). A expectativa passou para Ebitda de R$ 2,3 bilhões em 2022, e o preço-alvo de R$ 20 para R$ 18. A recomendação segue de compra, considerando os baixos preços do papel e o cenário positivo para o alumínio nos próximos anos.

As preferidas do banco, no entanto, são Gerdau (GGBR4) e CBA, ainda que o cenário macroeconômico desafiador possa continuar a pesar sobre as ações no curto prazo. Para a Gerdau, o preço-alvo foi mantido em R$ 45.

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