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TradeMap Discovery: ‘inflação vai ficar acima da meta por bom tempo’, diz gestor da Squadra

Em painel do TradeMap Discovery, gestor disse que mercado terá de conviver com juros reais mais altos

Guilherme Aché, Zeina Latif e Gustavo Cerbasi no segundo dia do TradeMap Discovery. Foto: Camila Ávila

Os eventos geopolíticos, o aumento do protecionismo no comércio global e os estímulos fiscais e monetários realizados pelos governos durante a pandemia do Covid-19 devem resultar em um ambiente mais inflacionário e de crescimento mais baixo nos próximos anos.

“Novo normal é uma inflação que vai ficar acima da meta durante bom tempo e vamos ter que conviver com juros reais mais altos”, disse Guilherme Aché, sócio da Squadra Investimentos, na noite desta terça-feira (17).

Aché participou do painel “Como o cenário econômico impacta os investimentos?”,  com a economista Zeina Latif  e o professor Gustavo Cerbasi, especialista em educação financeira, durante evento do TradeMap Discovery.

Zeina, que tem experiência tanto no mercado financeiro, sendo ex-economista-chefe da XP Investimentos, como no setor público, nomeada secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo em abril, afirmou que o ambiente pós-pandemia é de crescimento modesto, dadas as mudanças na nova ordem mundial que devem aumentar as medidas protecionistas no comércio mundial.

Assista os dois painéis do segundo dia do TradeMap Discovery clicando na imagem a seguir.

Infraestrutura e educação são gargalos no Brasil

No caso do Brasil, os gargalos em infraestrutura, baixo estoque de capital e a baixa produtividade da mão de obra reduzem ainda mais o potencial de crescimento do Brasil sem gerar inflação. “Talvez a gente não tenha potencial de crescimento acima de 1% do PIB”, disse Zeina.

A economista vê um ambiente inflacionário produzido não só pelos gargalos gerados pela disrupção na cadeia de fornecimento e adoção de uma agenda verde — que traz mais pressão inflacionária com a redução de investimentos em setores como o de petróleo –, mas também pelo aumento excessivo de estímulos fiscais e monetários adotados durante a pandemia.

“O ambiente de negócios é muito hostil e difícil, a taxa de investimento é baixa, tem muita insegurança jurídica e no topo da dor de cabeça está a questão tributária e baixa qualidade do capital humano”, afirmou Zeina.

Para Cerbasi e Aché, a educação é um dos principais gargalos no Brasil e isso deveria constar na agenda do próximo governo, a ser definido na eleição deste ano, que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) como líderes das pesquisas.

“Precisamos ver qual o ambiente do novo governo. Não vejo nem Lula e nem Bolsonaro com uma agenda disruptiva para a economia, mas sim a continuidade da nossa mediocridade”, disse Aché.

Zeina destaca que o que faria diferença seria o próximo governo retomar o compromisso fiscal. “A grande questão é a sinalização da política fiscal e do que fazer com as empresas estatais. Não vai ter teto de gastos, então, o que vai ter no lugar?”, disse Zeina, que faz parte da equipe econômica da pré-campanha à presidência da República do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Como fica a Petrobras?

A performance da Petrobras vai depender da diretriz a ser adotada pelo novo governo. “Se Bolsonaro for eleito, a Petrobras [PETR3] é um ação que vai performar muito bem”, diz Aché.

A Squadra tem uma posição em PetroRio (PRIO3), que, segundo Aché, deve se beneficiar do programa de desinvestimento da Petrobras, que possibilitará a companhia montar seus ativos em petróleo.

Para Aché, em momento de crise é importante o investidor ter uma carteira diversificada de ações, e evitar ter posições muito grandes nos ativos. “Nós temos Hapvida (HAPV3) na carteira que caiu 18% em um dia. Mas achamos que é uma empresa dominante no setor dela, que vai continuar crescendo no longo prazo”, diz.

O gestor mantém a visão negativa em relação à empresa de resseguros IRB (IRBR3), na qual a gestora tem uma posição vendida (apostando na queda) há alguns anos. “Não é para comprar IRB”, disse Aché.

Lembrando a experiência de quando perdeu dinheiro ao apostar nas ações do Banco Nacional e Telebrás, Aché recomendou aos investidores que evitem operar com opções. “Na Telebras eu perdi dinheiro operando alavancado com opções. Evitem opções e evitem especular”, diz.

O gestor, que segue a filosofia de value investing — a mesma adotada pelo megainvestidor Warren Buffett, que procura identificar empresas que estão com preços descontados com bom potencial de crescimento e vantagens competitivas no longo prazo — também não é a favor das opções de day trade.

“Essa história de day trade, você vai perder dinheiro”, disse o gestor, recomendando aos investidores a lerem as cartas da empresa de Buffett, Berkshire Hathaway (BERK34), e assistir às assembleias de acionistas no YouTube.

Para Cerbasi, o investidor tem que montar uma carteira de acordo com seus objetivos, garantindo primeiro a reserva de liquidez para as necessidades e depois pensar em montar um portfólio de longo prazo em ações e para a previdência, além de buscar proteção com hedge cambial.

“Não podemos desprezar o histórico de muita perda [no mercado de ações] porque pode ter uma oportunidade nos fundamentos, não pode conduzir sua carteira com base no nervosismo”, disse.

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