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Tesouro Direto: taxas sobem com PEC da Transição e alerta do Copom sobre risco fiscal

Taxa dos títulos públicos sobem após Copom manter Selic em 13,75% e alertar que pode voltar a subir a taxa básica de juros

Foto: Shutterstock/Brenda Rocha - Blossom

As taxas dos títulos do Tesouro Direto subiam nesta quinta-feira (8), após o Copom (Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizar que está mais preocupado com o cenário fiscal e reforçar que deve manter a taxa básica em patamar elevado por mais tempo, não descartando um novo aumento de juros. As taxas dos papéis prefixados superavam o patamar de 13% ao ano antes do leilão do Tesouro Nacional.

Investidores também repercutem a aprovação da chamada PEC da Transição ontem pelo Senado. A Proposta de Emenda à Constituição prevê aumento de R$ 145 milhões no limite do teto de gastos por dois anos para financiar o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 mensais em 2023 e 2024. A proposta segue agora para votação na Câmara.

O impacto fiscal da PEC, porém, vai além disso, visto que ela também remove cerca de R$ 24 bilhões em despesas do teto de gastos.

“Uma trajetória explosiva das contas públicas certamente afetará as expectativas, o que faria o Banco Central prolongar o atual patamar de juro ou até retomar o ciclo de altas”, destaca a Ativa Investimentos em relatório.

O aumento da preocupação com a expansão de gastos públicos e com a trajetória da dívida pública brasileira tem levado os investidores a exigirem um prêmio maior para financiar o governo.

Isso porque um cenário de expansão fiscal aumenta o risco de o Banco Central ter que apertar novamente a política monetária, uma vez que eleva a pressão de alta sobre o dólar e, consequentemente sobre a inflação.

Às 11h22, o dólar comercial subia 0,17% para R$ 5,21.

Ontem, o Copom manteve a taxa Selic em 13,75%, mas ressaltou no comunicado após a decisão que terá “especial atenção” com a política fiscal, destacando que acompanhará os efeitos dela nos preços de ativos e nas expectativas de inflação.

“A decisão e a comunicação do BC estiveram em linha com nossa expectativa de que o Copom manterá a Selic em 13,75% por um período mais longo, mantendo sua dependência de dados e atenção aos efeitos defasados do ciclo de aperto”, afirmou o Bank of America em relatório. O banco espera que o ciclo de corte de juros comece no primeiro semestre de 2023, levando a taxa Selic a 10,50% no fim do ano que vem.

O mercado futuro de juros prevê a manutenção da taxa em 13,75% ao ano pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2023.

A média das projeções dos analistas no último Boletim Focus, divulgado em 5 de dezembro, aponta para uma alta de 5,92% do IPCA no fim de 2022 e de 5,08% em 2023.

Com a taxa Selic devendo permanecer em patamar elevado por mais tempo e o juro real (Selic menos a inflação) devendo ficar na casa de 8% nos próximos 12 meses, o banco Julius Baer vê no curto prazo os títulos do Tesouro pós-fixados como mais atrativos que os prefixados ou atrelados à inflação.

As taxas dos títulos do Tesouro Direto subiam nesta quinta-feira. Às 9h24, a taxa do título do Tesouro prefixado para 2025 avançava de 12,98% para 13,21%. Já a taxa do papel prefixado para 2029 subia de 12,77% para 13,01%.

Já entre os papéis Tesouro IPCA+, cujo retorno é composto por uma taxa prefixada mais a variação do IPCA, a taxa do título para 2026 subia de 6,02% para 6,16%. Já a taxa do título para 2045 avançava de 6,20% para 6,29%.

É importante lembrar quando as taxas sobem, os preços dos títulos emitidos com taxas mais baixas caem e os papéis se desvalorizam. Mas a perda só será concretizada se o investidor vender os papéis antes do prazo de vencimento.

O Tesouro Nacional realizará o seu leilão tradicional de títulos prefixados, o que também tem ajudado a puxar para cima as taxas desses papéis.

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