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Tesouro Direto: procura por títulos de IPCA despenca em agosto com deflação na economia

Variação negativa dos preços afastou investidores, enquanto expectativa de alta dos juros beneficiou papéis de Selic

A demanda por títulos do Tesouro Direto vinculados à inflação despencou em agosto, ao passo que investidores aumentaram a procura por papéis atrelados à taxa básica de juros, a Selic, segundo dados do Ministério da Economia divulgados nesta terça-feira (27).

No total, as vendas de títulos do Tesouro Direto superaram em R$ 1,4 bilhão o resgate destes papéis em agosto, o que representa um volume 19,5% menor em comparação a julho. O desempenho também foi o pior para o ano desde janeiro, quando a venda líquida somou pouco mais de R$ 1 bilhão.

Boa parte disso é resultado de uma aparente fuga dos investidores dos títulos vinculados à inflação.

Em agosto, os papéis de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) com juros semestrais (NTN-B) registraram saída líquida – quando há mais resgates do que aportes – de R$ 84,9 bilhões. Já os títulos de IPCA (NTN-B Principal) somaram R$ 189,8 bilhões em investimentos, queda de 70% em comparação ao mês anterior.

A queda na procura pelos títulos atrelados ao IPCA ocorreu após dados divulgados no início de agosto mostrarem que, em julho, o Brasil teve deflação de 0,68%.

Na prática, isso quer dizer que os preços da economia caíram naquele período e que o IPCA teve um desempenho negativo. Como parte da remuneração destes títulos está vinculada à variação do índice, isso quer dizer que a deflação corrói parte do rendimento proporcionado pelos papéis.

A queda do IPCA, no entanto, foi motivada mais por decisões do governo que por fatores estruturais. Em julho, foram adotadas medidas que reduziram impostos sobre combustíveis e outros itens essenciais – como eletricidade.

Além disso, a Petrobras, empresa controlada pelo governo federal, começou a baixar o preço da gasolina, o que também contribuiu para o ambiente deflacionário.

Papéis de Selic aumentam

Na direção oposta, os títulos do Tesouro Direto ligados à Selic (LFT) registraram investimento líquido de R$ 1,14 bilhão, aumento de 39,5% em comparação ao saldo de julho.

O apelo dos títulos cresceu pela união dos dados que mostraram deflação à perspectiva de que a taxa básica de juros, a Selic, poderia estacionar num nível alto ou continuar subindo.

No dia 2 de agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros para 13,75% ao ano e deixou a porta aberta para novo aumento para o encontro realizado na semana passada. A nova alta, porém, acabou não ocorrendo neste mês.

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Os papéis do Tesouro Direto indexados à taxa básica de juros são os mais indicados em momentos de forte incerteza e de expectativa de alta de juros, pois a remuneração que oferecem aumenta na mesma proporção.

O alto grau de liquidez e o acompanhamento da taxa de juros também fazem com que os papéis indexados à Selic sejam os mais recomendados para investidores mais conservadores e para a construção de uma reserva de emergência.

Prefixados têm comportamento misto

As opções de títulos prefixados, considerados os mais arriscados do Tesouro Direto, tiveram desempenho ambíguo em agosto. A opção prefixada com juros semestrais (NTN-F) reverteu a saída líquida de R$ 76 milhões em julho para saldo positivo de R$ 42,2 milhões em agosto.

Já a opção prefixada (LTN) ficou praticamente estável, com a entrada líquida de R$ 112,5 milhões, pouco abaixo dos R$ 123 milhões registrados no mês anterior.

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