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Tesouro Direto: prefixado para 2025 passa de 14%; é hora de comprar?

Negociações são suspensas pela segunda vez nesta quarta com volatilidade gerada por PEC da Transição e pedido de invalidação de urnas eletrônicas

Foto: Shutterstock/Brenda Rocha - Blossom

Em mais uma sessão de forte estresse no mercado financeiro, as taxas do Tesouro Direto voltaram a disparar para patamares inéditos nesta quarta-feira (23). Em opções prefixadas, a taxa exigida pelos investidores passou de 14%.

O humor dos investidores é pressionado pelas incertezas dos gastos previstos na PEC de Transição, além dos desdobramentos do pedido de invalidação de urnas eletrônicas pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

A turbulência na alta dos juros interrompeu as operações dos papéis prefixados e vinculados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) duas vezes nesta manhã e tarde.

Na volta das negociações, por volta das 14h30, todos os títulos disponíveis para compra no Tesouro Direto apresentavam alta em comparação ao fechamento da véspera. Quanto maior o nível da taxa, mais baixo fica o preço dos papéis.

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O título prefixado com vencimento em 2025 estava sendo negociado com taxa de 14,01% ao ano, a mais alta da série iniciada em fevereiro de 2018. Ontem, a taxa fechou em 13,66% ao ano.

As outras opções prefixadas também subiam às máximas históricas. O papel com vencimento em 2029 oferecia taxa de 13,80%, contra 13,49% na véspera. Já a opção com juro semestral e encerramento em 2033 estava em 13,70%, ante 13,40% nesta terça-feira (22).

Papéis de inflação passam de 6,3%

Os papéis atrelados à inflação também sobem majoritariamente ao maior histórico. O retorno dos títulos do Tesouro IPCA+ é formado por uma taxa prefixada mais a variação da inflação.

Quando a taxa do papel sobe, os preços dos títulos emitidos no mercado com um rendimento menor caem, mas o investidor só vai ter perda se vender nesses momentos de queda, antes do vencimento.

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A opção com vencimento em 2026 pagava taxa de 6,32%, ante 6,13% na véspera, enquanto o com fim em 2035 estava com a parte prefixada em 6,25%, contra 6,15% ontem.

O aumento também é visto nas opções mais longas, que embutem ainda mais volatilidade nas taxas. O papel com juros semestrais e vencimento em 2040 está com tava de 6,18%, ante 6,10% na véspera, enquanto o título que expira em 2055 é negociado com taxa de 6,24%, contra 6,18% no dia anterior.

Como investir?

A forte volatilidade acompanhada nas últimas semanas tira a atratividade dos papéis prefixados, a despeito das taxas estarem em níveis recordes. Para analistas do mercado, o clima de tensão deve permanecer nas próximas semanas, o que deve fazer com os preços fiquem ainda mais baixos.

Rodrigo Knudsen, gestor de renda fixa da Empiricus Gestão, destaca que a falta de clareza com o futuro fiscal do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o principal ponto de pressão que faz os investidores exigirem mais juros.

A ausência de nomes da equipe econômica, principalmente quem será o próximo ministro da Fazenda, deve manter os ânimos pressionados por mais tempo.

“Eu não tomaria risco no prefixado agora. Cada vez que o Lula não fala em responsabilidade fiscal, a luz de alerta pisca mais forte e mais rápido”, pontua.

Em uma visão mais otimista, Rodrigo Octavio Marques, sócio e gestor da área de macroeconomia da Nest Asset, afirma que o pior para o risco fiscal já passou. A tendência, afirma, é a situação melhorar a partir do momento que o texto entrar em debate.

“O que tem de pior nas notícias fiscais já estão nesse preço, não tem como piorar”, diz.

IPCA+ é o mais recomendado

Apesar de afirmar que as taxas devem ir para baixo, o que tenderia a beneficiar quem entrar nos papéis prefixados agora, Marques ressalta que as melhores oportunidades estão nos títulos de inflação, com preferência aos prazos mais curto, como o IPCA+ 2026.

“O IPCA+ já está precificando toda essa angústia. Ele tem bastante prêmio e vale para aplicar no portfólio. Gosto mais de olhar o 2026 porque pega o [prazo de duração] do próximo governo inteiro”, diz.

Para o investidor, opções prefixadas devem voltar ao radar somente depois que o Banco Central sinalizar que os juros não vão subir mais. Apesar de a autoridade monetária ter estacionado a Selic em 13,75% ao ano nos últimos dois encontros, as comunicações deixam claro que a taxa pode voltar a subir caso haja necessidade.

“O prefixado ainda traz um desconforto porque talvez o Banco Central ainda precise subir os juros. Eu esperaria a sinalização de que as taxas não vão mais subir”, diz Marques.

Em linha semelhante, Knudsen diz que tem preferência por opções de inflação já que elas devem trazer retorno em casos de melhora ou piora das expectativas.

Caso as coisas caminhem pelo campo positivo, o atual patamar acima de 6,3% já é bastante atrativo. Já se o quadro degradar, o investimento vai estar protegido pelo aumento da parcela atrelada ao IPCA, de preferência em prazos mais longos, como 2030 e 2035.

“Em um cenário de caos, o investidor vai continuar ganhando com a inflação alta”, explica.

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