A demanda por títulos do Tesouro Direto voltou a cair em setembro, com destaque negativo para os papéis atrelados à inflação, segundo dados do Ministério da Economia divulgados nesta terça-feira (25).
No total, as emissões ficaram positivas em R$ 1,19 bilhão, com as vendas de títulos pelo Tesouro Nacional superando os resgates. Mesmo assim, o volume representou uma queda de 14,7% em relação a agosto.
Este foi o segundo mês seguido de queda no desempenho. O montante também foi o pior para o ano desde janeiro, quando a venda líquida somou pouco mais de R$ 1 bilhão.
Grande parte deste resultado negativo foi liderado pela aversão dos investidores de títulos atrelados à inflação. Em setembro, os papéis de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) (NTN-B Principal) registraram entrada líquida – quando há mais aportes do que saída – de somente R$ 86,7 milhões.
Apesar do resultado positivo, o saldo representa menos da metade do registrado no mês anterior (R$ 189,8 milhões), e o pior registro para este tipo de papel desde dezembro de 2020, quando foram retirados R$ 75,9 milhões.
Já os títulos de IPCA com Juros Semestrais (NTN-B) reverteram o prejuízo e R$ 84,9 milhões em agosto para saldo positivo de R$ 60,1 milhões em setembro.
A nova queda da opção de título atrelado à inflação ocorre após a manutenção do processo deflacionário iniciado em julho. Em setembro, a variação de preços ficou negativa em 0,29%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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Como parte da remuneração destes títulos está vinculada à variação do índice, isso quer dizer que a deflação corrói parte do rendimento proporcionado pelos papéis.
A queda do índice, causada principalmente pelo arrefecimento do preço dos combustíveis após a intervenção do governo na taxação dos produtos e o recuo do valor do barril de petróleo no mercado internacional, já mostra perda de fôlego em outubro.
Nesta terça, o IBGE informou que o IPCA-15 de outubro subiu 0,16%. Apesar disso, a avaliação de economistas é que uma inflação mais comportada vem se consolidando, com a ajuda das quedas nos preços de combustíveis, aumento dos juros e redução da cotação das commodities no mercado internacional.
Selic e prefixados também recuam
Também em ritmo de desaceleração, os títulos do Tesouro Direto ligados à Selic (LFT) registraram entrada líquida de R$ 909,4 milhões, queda de 35,7% em relação ao mês anterior.
A opção perdeu parte do apelo após o Banco Central reforçar o fim do ciclo de alta de juros. No dia 21 de setembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a Selic em 13,75% ao ano, conforme o esperado pela maior parte do mercado.
Os papéis do Tesouro Direto indexados à taxa básica de juros são os mais indicados em momentos de forte incerteza e de expectativa de alta de juros, pois a remuneração que oferecem aumenta na mesma proporção.
O alto grau de liquidez e o acompanhamento da taxa de juros também fazem com que os papéis indexados à Selic sejam os mais recomendados para investidores mais conservadores e para a construção de uma reserva de emergência.
As opções prefixadas também registraram menos aportes em setembro na comparação com agosto, apesar de ainda fecharem no campo positivo. O papel prefixado (LTN) ficou praticamente estável, com a entrada líquida de R$ 102,8 milhões, pouco abaixo dos R$ 112,5 milhões registrados no mês anterior.
Comportamento semelhante foi registrado na opção prefixada com juros semestrais (NTN-F), com a entrada R$ 35,4 milhões, ante R$ 42,2 milhões em agosto.