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Sem grandes surpresas do Fed, mercados mostram alívio após divulgação da ata do Fomc

Documento mostrou que mais participantes sugerem uma alta da taxa básica de juros em um ritmo mais rápido que o realizado em 2015

A ata da última reunião do banco central americano, realizada nos dias 25 e 26 de janeiro, não trouxe novas sinalizações sobre o ritmo de alta da taxa de juros nos Estados  Unidos, com o mercado ainda dividido sobre a intensidade da primeira elevação.

Sem grandes surpresas com o Fed, o dólar mostrou um alívio frente às principais divisas e as bolsas americanas reduziram as perdas. No mercado brasileiro, a moeda americana acelerou a queda e fechou em R$ 5,1279, o menor patamar desde 29 de julho de 2021, enquanto o Ibovespa fechou em alta de 0,31% a 115.181.

“A ata não trouxe novidades e ficou velha, pois os números que saíram depois da reunião foram muito fortes”, diz Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Novus Capital.

Os dados de varejo nos Estados Unidos mostraram  uma recuperação forte em janeiro, com crescimento de 3,8%, informou o Departamento de Comércio nesta quarta-feira (16). Já os dados de emprego têm mostrado um mercado de trabalho apertado nos EUA, com a taxa de desemprego em 4%, enquanto a inflação continua pressionada.

O CPI (índice de preços ao consumidor) dos Estados Unidos avançou 0,6% em janeiro, uma aceleração em relação aos 0,5% registrados em dezembro. Em 12 meses, a alta chega a 7,5%, muito acima da meta do Fed, de 2%, para o núcleo da inflação.

“Com a inflação bem acima de 2% e o mercado de trabalho forte, os membros [ do Fomc] esperam que seria apropriado subir a taxa de juros em breve”, apontaram os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc) na ata divulgada nesta quarta.

O documento do Fomc mostrou que mais participantes sugerem uma elevação da taxa básica de juros em um ritmo mais rápido que o realizado em 2015, quando o Fed suviu os juros em 0,25 ponto por trimestre.

Os títulos do Tesouro nos Estados Unidos refletem 55,7% de chance de um avanço de 0,25 ponto dos juros atualmente, ante 44,3% de elevação de 0,50 ponto, segundo dados da CME Fed Fedwatch Tool. “Até a próxima reunião de março, tem mais números para sair e mais gente do Fed para falar até lá”, diz Portella.

Para Leonardo Jaguaribe, fundador da Cripto Holder, escola de educação financeira, o Fed está numa saia justa. “Aumentar drasticamente os juros em 0,5 ponto ou até mais para tentar conter a maior inflação em quase 40 anos, 7,5%, ou ir paulatinamente subindo de 0,25 ponto a 0,25 ponto por reunião, de acordo com a resposta do mercado”, aponta.

Alguns membros do Fed mencionaram o fato de que o mercado já colocou bastante alta nos preços. O presidente do Fed, Jerome Powell, chegou a mencionar, no discurso após a última reunião, a possibilidade de a autoridade monetária elevar a taxa básica de juros em todas as reuniões.

Um outro ponto a ser definido diz respeito a como será a redução do balanço de ativos do Fed, que hoje está próximo de US$ 9 trilhões. “A ata sinalizou que o quantitative tightening [redução do balanço de ativos] seria via a venda de papel de mortgages [hipotecas]”, assinala Portella.

O programa de compra títulos, que está sendo agora reduzido, injetou liquidez nos mercados, o que ajudou a sustentar os recordes de alta das bolsas americanas no ano passado.

Com a liquidez menor e a expectativa da alta de juros nos EUA, os investidores têm migrado os investimentos de ações de empresas de crescimento, principalmente de tecnologia, para papéis de companhias de valor como commodities e bancos, o que tem beneficiado a bolsa brasileira.

No mercado de juros, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em ligeira alta, refletindo o movimento de subida das taxas dos Treasuries com prazos mais curtos e as discussões sobre as propostas para reduzir os preços dos combustíveis no Congresso e possíveis impactos fiscais.

No fim do pregão regular, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2023 subiu de 12,39%, no ajuste anterior, para 12,395%; a do DI para janeiro de 2024 avançou de 11,92% para 11,96% e a do contrato para janeiro de 2027 subiu de 11,22% para 11,23%.

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