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Risco fiscal e dados de emprego pressionam e Ibovespa fecha em baixa de 0,83%

Queda do principal índice da B3 contrariou as Bolsas do exterior, que subiram com notícias da China

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Enquanto as Bolsas do exterior subiram seguindo notícias positivas da China, o Ibovespa fechou em baixa de 0,83%, aos 110.185 pontos, com R$ 12,8 bilhões em volume negociado, derrubado por preocupações crescentes com o cenário fiscal e por dados positivos de emprego, que indicam juros altos por mais tempo.

Com a performance desta segunda-feira (6), o saldo do índice no mês passou para queda de 1,05%, enquanto a valorização desde o início do ano soma 5,12%.

O movimento foi o oposto nas Bolsas do exterior. Em Nova York, o Nasdaq teve alta de 0,4%, o S&P 500 subiu 0,31% e o Dow Jones avançou 0,05%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 1,14%.

Risco fiscal e Caged pesam

O grande responsável por segurar o Ibovespa no negativo foi o temor em torno da situação fiscal brasileira, com notícias de que o governo vem estudando uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para utilizar dividendos que a Petrobras paga à União para oferecer subsídios e conter a escalada do preço dos combustíveis. A medida, porém, furaria o teto de gastos.

Nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro colocou pressão sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo esperar que o ministro resolva a questão da alta dos combustíveis nos próximos dias.

De acordo com apuração do jornal Valor Econômico, o TCU (Tribunal de Contas da União) não deve se opor às tentativas do governo para conter os preços dos combustíveis, e possíveis irregularidades deverão ser analisadas apenas depois do pleito eleitoral.

Outro fator que pesou sobre o mercado foram os dados positivos sobre a criação de emprego no Brasil, o que indica que a economia terá de conviver com juros mais altos por mais tempo.

Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos, avalia que o movimento do dia é marcado por uma pressão na curva de juros, causada pelo resultado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que mostrou que o Brasil criou 196,9 mil novos postos de trabalho com carteira assinada em abril, acima das expectativas dos analistas.

A leitura feita pelo mercado é que, com mais pessoas empregadas, o consumo pode aumentar e manter a inflação em níveis altos, o que justificaria a manutenção dos juros também em níveis elevados. Juros mais altos, por sua vez, inibem o consumo ao encarecer o crédito e ao aumentar a remuneração de quem poupa. Contudo, nesse processo, empresas que dependem de consumo da população, ou de dinheiro para crescer, acabam se prejudicando.

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Em Brasília, depois de mais de um mês sem publicar os dados por causa da greve dos servidores, que pedem reajustes salariais, o Banco Central divulgou o Boletim Focus. Segundo o relatório, analistas de mercado esperam uma Selic de 9,75% no final de 2023. As apostas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do ano que vem estão em 4,39%, próximo do teto da meta para o ano, de 3,25%.

Desde a última publicação, em abril, o cenário para 2022 mudou bastante. Se na última pesquisa os analistas esperavam uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,70%, agora acreditam em um salto de 1,20%, cenário foi estimulado pelo bom comportamento do setor de serviços no primeiro trimestre.

As expectativas para o IPCA também subiram com força entre o final de abril e agora: antes, as projeções eram de 7,89%, e agora já alcançam 8,89%. As apostas para a Selic no final do ano se mantiveram em 13,25%, já que o BC já passou a mirar 2023.

China anima exterior

A alta das Bolsas do exterior foi reflexo de notícias de relaxamento das restrições impostas pelo governo chinês para conter a disseminação da Covid-19. Além disso, há expectativas que o país comece a reduzir a pressão sobre empresas de tecnologia, para evitar uma maior desaceleração econômica.

Nessa seara, o PMI Caixin de serviços ficou abaixo do esperado pelo mercado, mas deu indícios de que a economia chinesa está em recuperação. O índice ficou em 41,4 em maio, acima dos 36,2 de abril, mas ainda em território de contração.

O cenário não é tão positivo no leste europeu. Durante o fim de semana, a Rússia voltou a atacar Kiev, a capital ucraniana, em retaliação à concessão de mísseis de longo alcance americanos e britânicos ao exército da Ucrânia. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirma que os ataques irão aumentar nos próximos dias.

O aumento da demanda chinesa, com o fim dos lockdowns, e a guerra na Ucrânia seguem pressionando os preços das commodities. O minério de ferro, por exemplo, fechou em alta de 0,65% na Bolsa de Dalian, a US$ 139,21, impulsionando os papéis de mineradoras e siderúrgicas.

Eletrobras é destaque do pregão

A Eletrobras conseguiu dar mais um passo para seguir com a sua oferta de ações, cuja precificação está marcada para a próxima quinta-feira (9) e deve movimentar até R$ 35 bilhões.

Detentores de uma das classes de debêntures da subsidiária Furnas aprovaram um waiver (perdão) para a empresa seguir com o aumento de capital da empresa na Madeira Energia (Mesa). A medida era uma condição necessária, segundo o prospecto da oferta da Eletrobras, para a companhia de energia seguir em frente com sua oferta de ações, que vai permitir a privatização da empresa.

A Asef (Associação dos Empregados de Furnas), contudo, pretende recorrer e deve pedir a anulação da Assembleia Geral de Debenturistas de Furnas, conforme apurou à Agência Trademap.

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Debenturistas de Furnas liberam Eletrobras para seguir com oferta de ações; entenda

As ações ordinárias da estatal (ELET3) fecharam em baixa de 0,14%, enquanto as preferenciais (ELET6) caíram 0,6%.

As maiores quedas do pregão, no entanto, foram de Hapvida (HAPV3), Positivo (POSI3) e Méliuz (CASH3), com perdas de 6,15%, 6,13% e 6,11%, respectivamente. Na direção oposta, Raia Drogasil (RADL3), Locaweb (LWSA3) e CSN Mineração (CMIN3) tiveram os maiores ganhos, de 2,68%, 1,94% e 1,69%, nesta ordem.

Fora do Ibovespa, a Tenda (TEND3) despencou 9,52% depois de convocar assembleias de credores com o objetivo de negociar uma licença para manter seu endividamento em um nível mais alto do que o prometido quando pegou dinheiro emprestado.

Segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo, a alta dos custos de construção levou a um estouro dos orçamentos da ordem de R$ 500 milhões, fazendo com que a construtora tirasse o pé do acelerador em lançamentos, aumentasse o prazo de pagamento a fornecedores, cortasse funcionários e aumentasse preços dos imóveis.

Bitcoin

O mercado de criptoativos abriu a semana no campo positivo em linha com os mercados globais e com investidores à espera da divulgação de dados de juros na Europa e inflação nos Estados Unidos.

O Bitcoin (BTC) expandiu os ganhos registrados no fim de semana e se manteve acima dos US$ 31 mil durante esta segunda-feira, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

Por volta de 16h40, o BTC registrava avanço de 4,12% em 24 horas, cotado a US$ 31.388. O clima positivo nos últimos dias fez o Bitcoin encerrar a primeira semana no campo positivo após nove períodos seguidos de queda.

A expectativa do mercado é sobre a capacidade de a maior cripto em capitalização se manter nessa linha, para então almejar novas altas nas próximas semanas.

O clima positivo também puxava para cima as altcoins, como são chamadas as criptos além do Bitcoin.

O Ethereum (ETH) subia 2,3%, a US$ 1.859, enquanto a Solana (SOL) tinha alta de 5,8%, cotada a US$ 41,64, conforme a CoinGecko.

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