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Renda fixa para o curto prazo e alta de 30% do Ibovespa em 2023 – veja as indicações do BofA

Banco tem um cenário de corte da Selic a partir de junho do ano que vem, com a taxa devendo terminar 2023 em 10,5%

Foto: Shutterstock/Thapana_Studio

Com a taxa de básica de juros devendo permanecer em patamar elevado até pelo menos o fim do primeiro semestre de 2023, as alocações em renda fixa devem continuar liderando o fluxo de investimento, afirma David Beker, chefe de Economia no Brasil e Estratégia para América Latina do Bank of America.

O banco tem um cenário de corte da Selic a partir de junho do ano que vem, com a taxa devendo terminar 2023 em 10,5%.

“Mas o risco para redução ou postergação dos cortes aumentou”, diz Beker.

O BofA está com recomendação de posição aplicada, isto é, apostando na queda das taxs de juros, uma vez que os prêmios na curva de juros já estão muito altos, mas destaca que há riscos nos investimentos em juros prefixados por conta da incerteza no cenário fiscal.

“Achamos que a curva de juros já tem prêmios, mas a convicção para a aplicação em juros é baixa e vai depender do cenário fiscal”, diz Beker.

Com a Selic em 13,75%, Beker afirma que a taxa de juros real, descontada a inflação já está alta, prevendo uma elevação de 4,8% para o IPCA em 2023. “Se tiver a reversão do corte de impostos, a projeção deve subir um ponto percentual, para 5,8%”, diz.

Contudo, uma piora do quadro fiscal ou a volta do crédito subsidiado do BNDES podem exigir uma taxa de juros maior.

Nas projeções para a Selic, o banco considera a aprovação da PEC de Transição, que deve ter um impacto fiscal de quase R$ 200 bilhões, e também a adoção de um nova âncora fiscal.

Déficit fiscal de 1,6% do PIB em 2023

O BofA estima um déficit fiscal de 1,6% do PIB para o ano que vem, com a dívida pública devendo subir para 83,7% em relação ao PIB.

“O déficit fiscal em um cenário de crescimento econômico mais baixo fica complicado”, diz Beker.

O aumento da incerteza fiscal tem preocupado os estrangeiros, segundo o executivo. “O investidor estrangeiro quer a percepção de que o quadro macroeconômico é estável e isso passa pela perspectiva de estabilização da dívida/PIB.”

Contudo, se o Brasil conseguir mostrar uma política fiscal crível, ele poderá se beneficiar, uma vez que outros países emergentes estão em uma situação mais complicada. O fluxo positivo poderia ajudar o real se fortalecer frente ao dólar.

Para isso, o Brasil precisa avançar nas reformas, como a tributária, e apresentar uma âncora fiscal crível.

“O fato de o governo ter colocado o Bernard Appy na Fazenda, que é autor da PEC 45 [a proposta de reforma tributária], é uma boa notícia”, diz Beker.

Ele destaca ainda que será preciso monitorar a relação entre os poderes Executivo e Legislativo, o que será fundamental para a aprovação das reformas.

BofA prevê Ibovespa a 135 mil pontos em 2023

O BofA prevê uma alta do Ibovespa para 135 mil pontos em 2023, o que implica um potencial de alta de 21% em relação ao último fechamento.

Para a Bolsa melhorar, vai depender do espaço para o Banco Central poder cortar a taxa básica de juros, diz Beker.

O banco aumentou a alocação em commodities devido ao cenário mais otimista com a China, prevendo crescimento de 5,5% do país asiático em 2023 diante da flexibilização das medidas de restrição por conta da Covid-19.

O banco também vê oportunidade no setor de consumo, principalmente voltado para alta renda, e em grandes bancos.

“Os grandes bancos são vistos como mais sólidos e conseguem navegar melhor no cenário de volatilidade”, afirma Beker.

No caso das ações das empresas estatais, ele assinala que os investidores estão em compasso de espera para ver quem vão ser os presidentes das empresas. “Quando olhamos o valuation dessas empresas, elas estão baratas.”

Segundo Beker, o Brasil pode se beneficiar da continuidade do movimento global de busca por empresas de valor, como do setor de commodities, que tem um grande peso no Ibovespa.

Primeiro semestre deve ser de recessão

No cenário externo, o BofA espera um mundo em desaceleração econômica em 2023, com Estados Unidos e Europa devendo entrar em recessão no primeiro semestre.

Para os EUA, O BofA prevê crescimento de 1,8%, em 2022, e queda de 0,4%, no ano que vem, enquanto, para a Europa, espera alta do PIB de 3,3% em 2022 e estabilidade em 2023.

A desaceleração do crescimento deve contribuir para o processo de queda da inflação, com os bancos centrais já se aproximando do fim do ciclo de aperto monetário.

“O Fed já sinalizou uma desacleração da alta de juros, mas talvez seja cedo para dizer que acabou, porque o mercado de trabalho nos EUA ainda está forte”, diz Beker.

O BofA prevê alta da taxa de juros para 5,25% no fim do ciclo de aperto monetário, com o banco central americano devendo promover mais uma elevação de 0,50 ponto e outra de 0,25 ponto.

“A discussão no segundo semestre será sobre o afrouxamento das condições financeiras, e de que o pior, em termos de atividade, tenha ficado para trás”, diz.

Nesse ambiente, o BofA vê mais oportunidade no investimento em renda fixa, já que as taxas dos títulos de dívida (bônus) já refletem esse cenário de aumento de juros.

O banco espera uma possível oportunidade no mercado de ações global no segundo semestre, quando começar a discussão sobre corte da taxa de juros nos EUA.

No caso do Brasil, o banco projeta uma desaceleração do crescimento de 3,9%, em 2022, para 0,9%, em 2023.

“O crescimento mais alto neste ano gera um ponto de partida melhor, mas há forças que apontam para desaceleração”, observa Beker. Entre essas forças, o estrategista destaca o grande ciclo de aperto monetário, o cenário externo menos favorável e um aumento do endividamento dos consumidores, que aumenta o risco de alta da inadimplência.

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