Rede D’Or (RDOR3): hospitais contestam no Cade compra da SulAmérica (SULA11); ações sobem

Quem esperava um casamento tranquilo entre a Rede D’Or (RDOR3) e a SulAmérica (SULA3) após a aprovação preliminar da operação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai ter que rever as projeções.

Em comunicados publicados nesta quinta-feira (24), as duas companhias informaram que várias empresas reclamaram da decisão do órgão.
A lista dos insatisfeitos com o Cade tem nomes como Bradesco Saúde, Supermed e Benevix, além de vários hospitais, entre eles A.C Camargo, Beneficência Portuguesa, Albert Einstein e HCor.

O mercado, porém, não pareceu se preocupar. Em dia marcado por alívio na curva de juros, que tende a beneficiar o setor de saúde, as ações da Rede D’Or subiam 7,13% por volta de 12h24, enquanto os papéis da SulAmérica tinham alta de 6,47%. Ambas estavam entre as maiores altas do Ibovespa, que opera em alta de quase 3%, aos 111.994 pontos.

Para entender por que a concorrência reclamou, é preciso lembrar que a Superintendência do Cade aprovou a união da Rede D’Or com a SulAmérica sem impor restrições à operação.

Em comunicado divulgado no dia 7 de novembro, quando foi tomada a decisão, o órgão afirmou que a junção das duas companhias criaria “um novo grupo de saúde verticalizado que pode gerar grandes benefícios ao consumidor de saúde complementar”.

Relembre:
Rede D’Or (RDOR3) recebe sinal verde do Cade para comprar SulAmérica (SULA11)

A avaliação do Cade foi de que, embora os negócios das duas empresas se sobreponham em algumas regiões – o que em tese diminui a concorrência e pode prejudicar o consumidor -, estas “não geram preocupações concorrenciais”.

O Cade analisou se a combinação das companhias poderia diminuir a concorrência em planos de saúde, de previdência, hospitais e clínicas e vacinas e tratamentos.

O órgão concluiu que, embora a Rede D’Or detenha participação superior a 30% em vários mercados pesquisados, a participação da SulAmérica no mercado de planos de saúde não atingia esse patamar e há outras operadoras de planos de saúde concorrentes nas regiões analisadas.

Além disso, o Cade concluiu que, mesmo sem haver indícios de que Rede D’Or e SulAmérica teriam capacidade para dominar os mercados analisados, também não teriam incentivos econômicos para isso – o que derrubou uma das teses contrárias à operação, apresentada por hospitais e administradoras de planos que se opuseram ao acordo entre as duas empresas.

O que dizem os concorrentes da Rede D’Or

A principal preocupação dos hospitais, que concorrem com a Rede D’Or principalmente na cidade de São Paulo, é acabar perdendo clientes caso não haja imposição de restrições à operação.

O receio é que grande parte do volume de beneficiários da SulAmérica passe a ser direcionado aos hospitais da Rede D’Or uma vez concluída a operação. Ou seja: os concorrentes temem perder clientes e a capacidade de rivalizar com a gigante dos hospitais.

A Beneficência Portuguesa, por exemplo, argumenta que a operação pode gerar perda de receita nos hospitais sem uma proporcional redução de custos, o que “resultará em desincentivos à realização de investimentos” e, em última instância, prejudicará os consumidores.

“A operação proposta também resultará em um aumento significativo das barreiras à entrada no segmento de prestação de serviços de saúde, já que reduz significativamente o número de vidas atendidas por prestadoras de planos de saúde sem cadeia verticalizada de prestação de serviços de saúde”, acrescentou.

No caso dos planos de saúde que contestam a operação, a preocupação é que a Rede D’Or ofereça condições de negócio e custo assistencial mais favoráveis à SulAmérica em relação aos demais planos de saúde.