Rede D’Or (RDOR3) e SulAmérica (SULA11) sobem na Bolsa após fusão avançar

Finalmente o que o mercado esperava aconteceu. Após a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) aprovar na segunda-feira (19) a compra da SulAmérica (SULA11) pela Rede D’Or (RDOR3), com algumas restrições, as duas empresas publicaram na noite de ontem um fato relevante que informa que ambas autorizaram a consumação da operação, o que inclui a emissão de novas ações da Rede D’Or.

No pregão desta quarta-feira (21), as ações das duas empresas reagem positivamente. Por volta de 11h40, os papéis da SulAmérica e da Rede D’Or estavam entre as maiores altas do Ibovespa, subindo 4,53% e 2,91%, respectivamente. A Qualicorp, por sua vez, de quem a Rede D’Or é acionista, tinha baixa de 1,94%.

Para aprovar a transação, a ANS impôs restrições relacionadas à Qualicorp (QUAL3), tanto que os papéis da empresa que vende planos de saúde coletivos estão em baixa de quase 2%. Segundo a agência, a operadora de planos por adesão não poderá comercializar exclusivamente planos da SulAmérica e o representante da Rede D’Or no conselho de administração da operadora deve abster-se de pautas que envolvam a empresa.

Na visão da XP, o resultado da operação foi positivo, dado que as restrições impostas pela ANS foram menores do que o mercado esperava, já que a Rede D’Or tem 28,98% da Qualicorp.

“Consideramos as condições colocadas pela ANS como marginalmente positivas, uma vez que o órgão regulador não exigiu que a Rede D’Or vendesse sua participação na Qualicorp nem impôs restrições quanto à troca de informações entre a seguradora e a prestadora de saúde, as quais eram duas das principais preocupações dos investidores em relação à fusão”, explicam os analistas Rafael Barros e Raphael Elage, em relatório.

A fusão já foi aprovada pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e ANS, faltando apenas a aprovação do Banco Central, já que a SulAmérica tem uma área de gestão de ativos financeiros.

No entanto, isso não será impeditivo para o fechamento, uma vez que, no acordo da fusão, ficou definido que a Rede D’Or dará aos acionistas da SulAmérica 51% dos direitos de voto da entidade em questão, os quais serão transferidos para a Rede D’Or assim que o BC aprovar o negócio.

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Preocupação da concorrência

No final de novembro, logo após a aprovação do Cade, Bradesco Saúde, Supermed e Benevix, além de vários hospitais, entre eles A.C Camargo, Beneficência Portuguesa, Albert Einstein e HCor entraram com recurso no órgão antitruste alegando que poderiam perder clientes, principalmente na cidade de São Paulo, devido à concentração.

O receio era que grande parte do volume de beneficiários da SulAmérica passe a ser direcionado aos hospitais da Rede D’Or. Ou seja, os concorrentes temem perder clientes e a capacidade de rivalizar com a gigante dos hospitais.

Apesar do Cade reconhecer a existência de argumentos dos terceiros, concluiu que, embora a Rede D’Or detenha participação superior a 30% em vários mercados pesquisados, a participação da SulAmérica no mercado de planos de saúde não atingia esse patamar e há outras operadoras de planos de saúde concorrentes nas regiões analisadas.

Além disso, o Cade afirmou que, mesmo sem haver indícios de que Rede D’Or e SulAmérica teriam capacidade para dominar os mercados analisados, também não teriam incentivos econômicos para isso – o que derrubou uma das teses contrárias à operação, apresentada por hospitais e administradoras de planos que se opuseram ao acordo entre as duas empresas.

Operação

No fato relevante de ontem, os conselhos de administração das empresas autorizaram a imediata consumação da operação, mediante a emissão de 308,3 milhões de novas ações ordinárias pela Rede D’Or, na proporção de 0,255078 para 1 (uma).

Com isso, as novas ações passarão a ser negociadas na B3 no dia 26 de dezembro, sendo que os acionistas da SulAmérica receberão seus respectivos papéis com base na posição do dia 23 de dezembro. Feito isso, as ações da SulAmérica e as units serão canceladas.

Aqueles acionistas da operadora do plano de saúde que optarem pela retirada, receberão o reembolso até o dia 23 de dezembro, no valor de R$ 6,77 por ação, independente da espécie, ou R$ 20,31 por unit.